segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

A Arte de Reparar Estragos

São muitos anos para trás, tantos quanto os que vão vir
Eu sei que te fiz chorar, mas sei que te fiz sorrir
São muitos anos de nós dois que se estendem a tantos outros
E tudo que eu quis te dizer em meio aos pensamentos soltos

O tempo se prolonga de maneiras misteriosas
A gente ainda vai passar por muita coisa nessa vida
Em meio a tanto mar, enxergando apenas rosas
Haveremos de encontrar alguma coisa que divida

O que somos para nós, o que é eu e você
Há tantos anos se apoiando na incerteza do futuro
Tudo no mundo é muito pouco para a gente se perder
Tudo aquilo que vier é tudo aquilo que eu aturo

Vamos manter como está por mais uns anos complicados
A arte de reparar estragos com a leveza da tormenta
Um dia a gente acerta a mão, um dia a gente larga os fardos
Um dia a gente encontra o meio que nos complementa

Retrospectiva

Deixa tudo como está por mais um tempo
Para que o tempo possa ficar

domingo, 20 de dezembro de 2015

Ano Velho

Devo não pensar nisso, devo não pensar em nada
Devo resguardar-me em meio aos travesseiros 
Devo acalmar a minha alma apavorada 
Devo desfazer a essência destes devaneios

Devo aceitar meu peso, devo ser mais leve
Devo entender que causo atrito em vários meios
Devo te olhar com calma, te poupar do estresse
Devo realizar sozinho todos meus anseios

E deixar que a noite passe, que o dia mude
E que a solidão se vá mais naturalmente
Aceitar meus dias ruins, tentar ser menos rude
Acalmar os nervos, seguir meus pés pra frente
Devo entender enfim que o meu papel no mundo
Aceitar que o fim chegará pra tudo

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Final Feliz

O que se passa na cabeça de quem põe tudo a perder?
E o que motiva a continuidade do que já não faz sentido?
São tantas almas, tantas bocas, pra que mesmo se prender?
É tanto apreço, tanto afeto, estará o amor perdido?

Confunde-se presença e companhia, entregar-se e estar aqui
Erra-se ao dizer que és o único ou especial
Não há nada de novo em mim, nada sólido em ti
Chegarás tudo ao fim, como em qualquer outro casal

Se os retornos vêm em frente, tomarás outro caminho?
Se te cedem a mão boa, agarrarás com planos vis?
Se te abrem os braços, acerta em cheio o coração?
Não é surpresa estar aqui e acabar de vez sozinho
Já que iludes e se ilude na ilusão do que tu quis
Amarga outro desengano, recolhe-se na solidão.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Delírio

Outra noite para mais outros olhares
E tantos braços que me acolhem em silêncio
Os lábios cerram, não há tempo pra pesares
Toma meu corpo, une ao teu, causa o incêndio

São vários nomes que atravessam esses tempos
São várias sombras que reclinam-se à minha
São vários donos que ocupam estes assentos
São várias vozes pra essa noite tão sozinha

Ocupo-me para você não se ocupar
Espalho-me pra você não se prender
Estranho-me para você não se anular
Disfarço-me para você não se perder

Que vale a ti mais outro corpo ou outro nome?
Sou só outro qualquer que a noite traz
E quando a noite acaba a gente some
O dia nasce pra você e outro rapaz

Todos os nomes durariam pouco tempo
Todas as sombras te deixaram aqui sozinha
Não terás dono, nem carinho, nem alento
A última mão que lhe sobrou é só a minha

Ocupando-se pra você não se ocupar
Espalhando-se pra você não se prender
Estranhando-me, isso é se anular?
Disfarçando-me pra você não me perder

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Outros

Duas doses, um cigarro, três cadeiras, solidão
Resume essa passagem conturbada pela vida
Sei que é cedo pra encerrar, muitas doses chegarão
Cadeiras irão faltar, cigarros se apagarão

Troco olhares, troco as pernas, troco tudo por trocar
É só um jogo meu amigo, não interessa o vencedor
Lanço os dados e abro as cartas, o que vale é apostar
Ganhei todos os dias, invariável perdedor

Venham doses, venham pernas, que venha outro lugar
Venham tintas diferentes pra pintar outro cenário
É só um jogo meu amigo, se distrair, não se lembrar
Das derrotas de outro ano que estão fazendo aniversário

Duas doses, um cigarro, três cadeiras, solidão
Passagem conturbada nessa vida resumida
Sei que é cedo pra dosar as tristezas que virão
Outras irão passar, outros se apagarão

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Contas

No final das contas quem é que paga as contas?

Eu vivo nessa espera do que vem logo a seguir
O eterno desespero, sem saber o quanto vale
O quanto custa a minha ausência, o quanto ganho estando aqui
Será mesmo indiferença esperar que o mundo pare?

Será que é mesmo necessária a minha palavra no final?
Se é muito igual ou diferente, o que muda nisso tudo?
Eu mudo as coisas de lugar mas é tudo tão banal
As coisas mudam de lugar e o que muda nesse mundo?

Eu rasgo o véu e mostro a face para um mundo que é doente
E a gente peca novamente esperando não pecar
A gente corre atrás de tudo, agarra o mundo pelo dente
Eu faço as coisas certas sabendo que irei errar

No final das contas quanto eu devo de consumo?
Vale mais o que eu não tenho do que o empenho em conquistar
Sigo a sina, assino o cheque, será que isso mostra rumo?
Sigo a ordem misteriosa: sempre ser, nunca estar

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Mapa Astral

As linhas que circulam a sombras de tua composição 
Me ligaram esta tarde: 
Eu ainda sei muito pouco sobre ti.

Agora eu preciso de um mapa
Pra te encontrar em mim
Para chegar aqui.


quarta-feira, 7 de outubro de 2015

O Mundo é Muito Maior Que Eu

Porque o mundo ainda é muito maior que eu.

Eu olho bem além da janela do meu quarto nessas tardes de todos os domingos que são todos os dias que parecem ser domingo. Os anos tem passado enquanto essa casa permanece aqui no mesmo lugar. Os anos passam pra mim, não passam pra casa, nem pra praça em frente, nem pra quadra onde as mesmas crianças jogam o mesmo futebol por tantos anos. O tempo passa pra mim, enquanto isso, eu não passo de uma contagem regressiva que cedo ou tarde irá zerar. O mundo continua muito maior do que eu.

Mas existe mais em mim do que todas as coisas do mundo. Existe em mim a mudança. Existe em mim o que há por trás da casa, da praça, da quadra, das crianças, dos domingos. O que eu tenho em minhas mãos é muito maior do que eu.

Então por que eu me preocupo? Por que eu me rejeito? Por que mesmo que eu não consigo mais dormir bem? Porque o mundo continuar maior. Só eu me preocupo com isso

Por isso o mundo ainda é muito maior do que eu.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Tabuleiro

_A gente vai se falando, um dia eu vou aí te ver.

Naturalmente eu fui e naturalmente tenho ido.

É engraçado esse jogo de destinatário e remetente, sempre se repetindo de tempos em tempos na nossa vida. Você ainda pensa em me amar, esquecendo que será amada. Isso e tantas outras coisas que eu te disse e nunca fiz, tantas promessas que eu deixei guardadas com as lembranças mais estranhas do tempo que nós gastamos juntos. A gente se gastou juntos, porque nosso tempo tá sempre aí, um dia vem.

Naturalmente eu voltei ao conforto dos seus lábios, talvez porque a vida me apresente muito desgosto, talvez porque eu realmente goste do seu gosto, talvez seja só porque eu tenho saudade de me divertir com suas leviandades. Tolamente eu garanto aos meus dedos que cada toque em ti já não significa nada além de acaso, mas convenhamos seus casos sempre terminam em mim.

Até quando eu te deixei pra trás e quando te deixei de lado, você não me deixou em paz, não é mesmo? Ótimo, me rapte mais uma vez, seja por força ou força de vontade ou só vontade de perder tempo comigo. A gente se encontra, mas eu continuo procurando novidades nessas suas palavras novas, afinal já não tinha nada de mim na sua vida, só tudo o que a gente guarda pra nós mesmos.

Vamos fazer o seguinte? Traçar os caminhos que cruzam os nossos passos. Vai ser divertido, sempre é... Mesmo que a gente ainda teme ao chamar o certo de destino e o laço de acaso. Fatos: somos parte do outro. Fatos: somos entregues. Fatos: somos importantes pro outro. Fatos: ainda corremos disso. Por que que a gente é assim? Sem mais doses, sem mais drogas, sem mais "só por essa noite", mas por favor, vamos ter tudo isso juntos. Meu objetivo é: vários anos com nós dois em vários territórios, que tal?

Vou lançar os dados, só falta você escolher o resultado.

Quatro

Por um momento eu te amei de novo

Por um momento eu te amei muito e quis te carregar comigo, pegar a sua mão e puxar você pra consciência que você esqueceu há tanto tempo. Quis abrir teus olhos e te explicar que você é linda, mas não precisa se afirmar nos elogios que as pessoas vomitam em você. Quis ver você tropeçar nos próprios pés só pra suspirar aliviado e pensar sozinho "eu amo esse desastre". 

Nesse momento eu quis muito ter você aqui comigo, tirar sua roupa e morrer de calor com você grudada em mim, quis morrer várias vezes e depois abrir os olhos pra te ver aqui de novo. Por um momento eu senti saudade de sentir raiva da sua boca enorme que só fala bobagens e quis te calar com a minha, que há tanto só te desmerece. 

Tive certeza de que era com você e que era você e que eu só poderia ser feliz se fossemos nós. Quis gritar isso tão alto que você escutaria, mesmo estando em outro estado de espírito, porque a distância entre nós é muito pouca sempre e essas fronteiras estaduais não são mais do que casas nos jogos de tabuleiro, é só contar com a sorte e fazer a jogada certa. Que tal cumprir esse objetivo? Divirta-me.

Aí eu quis te chacoalhar bem forte, porque nós dois sabemos que eu sou a pessoa que te quis bem o tempo todo, mesmo quando você perdeu sua juventude e saúde com esses rapazes que ainda te roubam o sono. Eu grito muito forte e estapeio a tua realidade, mas é pra ver se você se apega à grosseria em mim como um caminho para a real mudança. Eu também erro, mas com você eu admito ter acertado mais vezes.

E por esse momento eu te amei pra sempre, por esse momento eu fui mais seu do que eu já tinha sido de qualquer outra pessoa, por esse momento eu conclui que queria todos os outros momentos com você, por esse momento eu senti as suas palavras bem fundo na minha pele, por esse momento meu esforço foi compensado e a falsa sinceridade se desfez no outono que eu me entreguei a você. 

Nesse momento, quatro anos após o momento que eu já não era mais seu, eu fui apenas seu.
Nesse momento eu te amei
e amo e grito isso pra você
gravo minhas palavras

Mas então você passou direto pela minha poesia escancarada em tua janela
Mas então você passou por mim e disse que eras de outros
Mas então você passou por tudo e me deixou guardado em outros anos
E passou

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Charme

Desenlace: Outro qualquer
Tal qual sou pra ti. Parte dessa situação interessante em que me encontro.
Veja bem, é só jogo, não? Eu te falo um tanto e escuto um tanto mais, enquanto a gente imagina as coisas que pode fazer com o outro. É como a sorte, eu dependo de você pra objetivos que você detesta objetificar.

E vamos assim, sendo bons em tantas coisas, muito melhores nas que somos péssimos. Vou rir da sua cantada, você vai rir da minha, no final das contas estamos aqui, na mesma plataforma, compartilhando coisas impessoais, frases impessoais, momentos impessoais. Pessoalmente eu acho bom, prefiro que você mantenha seu controle.

Os astros disseram que: eles não dizem nada essa noite. O sol e a lua transcreveram um caminho para a minha casa, talvez assim eu seja mais que leviano. O zodíaco vai continuar me favorecendo, porque eu domino o que sou e isso é encanto, minha cara. Sedução é pros tolos, eu gosto é de feitiçaria. Pouse os olhos em mim e nunca mais irá movê-los.

Avisei

Dito isso, continuo aqui. Será que tenho sua atenção? Veja a qualidade nas entrelinhas dessa prosa, enquanto isso tudo é sussurrado calmamento na tua alma e quando você cair em si, já estará caindo aqui, de joelhos para mim. Ou não, é melhor que mantenha o controle, não vá me dar trabalho.

Rola os dados outra vez, joga a sorte, tente me ter, só porque o divertido é o domínio.

Permaneço.

Lanço o verso certo na hora exata, esse é o charme que você procura em todos eles, mas aos poucos notará que só existe em mim. Enquanto isso armo a ilusão final para o show:

A entrega.


quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Ao Acaso

As vezes eu sinto sua falta, devo admitir
As vezes na cama procuro teus braços, pra me cobrir
As vezes encontro vestígios desse carinho que havia
E da necessidade de ti que em mim persistia

As vezes eu desejo sua volta, não posso negar
As vezes sufoco meu grito e até penso em te ligar
Você foi embora e deixou um espaço que já era seu
Foi embora, não volta, eu entendo: já deu

Mas eu ainda vejo teus olhos, eu ainda lembro teu nome
Eu ainda sinto saudade da dificuldade em nós dois
Eu ainda espero que um dia meu destino te enlace outra vez
Eu sei que meus passos são duros, logo meu rosto some
E a gente não passa de sombra, algo que o tempo propôs
O que o acaso criou, o próprio acaso desfez

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Assim

Eu sei que eu sou assim

Mas não quero mais
Não quero mais o amargo sem o doce ou só o doce toda hora
Não quero mais o claro e escuro que é o jogo da razão
Não quero mais a tempestade

Eu destruo as coisas muito mais do que venho construindo

Eu sei que sou assim, mas será que é só o que resta de mim?

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Senhorita

Essas coisas não tem remédio, senhorita.
Certos conhecimentos vem com o passar das fases e a vivência de várias outras. Sei que hoje pouco deveria importar do que passou ontem, entretanto todas as coisas dizem demais sobre mim, não é mesmo? A gente se aproximou quando tudo estava muito complicado, sim. A princípio nada disso significava muito pra mim, é verdade. Eu não sentia nada e estava muito confortável com essa postura. Eu não queria sentir. Mas isso mudou. Veja bem, é difícil definir exatamente o momento que todas as coisas mudam, não é? Tudo vai correndo sincronizadamente para uma única explosão no final. Eu fui me abrindo e consequentemente me entregando, mas já não fazia mais sentido. 

Já não faz mais sentido.

Mas essas coisas não tem remédio, senhorita. A gente é assim mesmo. Eu quis pouco mais que nada, parecia divertido. Agora quero um pouco mais, não pretendo te enganar com falsas promessas. Eu não quero nada demais. Não posso querer nada demais, não me entrego a dois amores, não me vejo em duas vidas. Olha, eu sou assim: Tenho isso, aquilo e pertenço a tantas outras coisas, que nem sei por onde começar. Isso não tem remédio, é quem eu sou. A sua incerteza também não precisa ter, é interessante não tomar decisões, porque hora ou outra as decisões são tomadas por outras pessoas. Entrar no barco que já se movimenta é garantia de sucesso ao cruzar as expectativas. 

Pois bem

Eu não esperava nada de você, não.
Eu não esperava nada dessa descompostura. Eu não aceito o que tenho lhe proposto. Eu não entendo o porquê dessas atitudes. 
Mas se é pra ser assim e conviver com essa angústia, eu só vou embora, que é muito mais cômodo e agradável. É pra ser divertido? Legal. É pra ser pesado? Você nem imagina do que eu sou capaz.

Se é pra me ter ao seu lado, faça por onde.
Ou não.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Turvo

Aqui estou, o mesmo homem no mesmo rio pela segunda vez, contrariando a lógica. 
Não sou racional e simples, embora os cálculos sejam óbvios, não é mesmo? 

Veja bem, é difícil explicar, eu sinto que posso conseguir, sinto que pode ser fácil, sinto que vale o meu esforço, sinto que sou maior do que isso, mas desabo nas primeiras evidências. Estou confuso, como qualquer pessoa que enfrenta dois caminhos ao mesmo tempo. Devo ser incisivo, porque é o que espero de mim, manter o pulso forte e gritar o não quando necessário, mas devo ser compreensivo, entender que esse quadro não me enquadra e que enfrento a tormenta pelo bem de quem eu amo. Devo me manter ilegível e não esboçar nenhum traço de desconforto, porque é o que eu assumi como postura, mas devo desaguar as mágoas da forma mais sincera que existe, porque não consigo dar um passo enquanto estou preso à pegada que deixei. Como conciliar o que eu não sou e o que aprendi a ser? Eu busco o equilíbrio por você, que vê o equilíbrio natural na falta de vaidade. 

Entenda, eu não quero menos do que tudo o que alguém pode me dar, eu não quero escapismos, eu não quero inverdades, eu não quero omissão. Eu quero a mais sincera entrega, aquela que todo ser humano é capaz. Quero acordar do lado de alguém que se sente da forma como eu me sinto: satisfeito por ser a parte íntima da vida de alguém. Não sou dado a outras intimidades, se sinto isso é só isso e é só por uma pessoa. Tenho minhas vaidades e meus orgulhos também. Sou arrogante demais para aceitar ser só mais um e não aceito ser deixado de lado nem por um instante. Sou preso demais aos meus sentimentos, que por sua vez são intensos demais, e necessariamente espero o mesmo do outro. Ao menor sinal de fraqueza espero companhia e NUNCA aceitaria me sentir invisível ou dispensável.

Ao mesmo tempo não sei lidar com minha necessidade de atenção. Quero ser parte indissociável da vida de alguém, quero ser parte de tudo. Quero estar lá e quero ser desejado naquele lugar. Não sei lidar com mais do que uma pessoa, então é isso que quero para mim, uma única pessoa. 

Eu não sei porque me explico tanto, apenas sinto necessidade de ser o mais claro possível... de turvo já basta a minha mente.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Dançando no Escuro

Perdido em tantas cordas que uso pra me amarrar
E te encontrar mais fácil, amor, sua silhueta
Usar desta faceta de quem sofre por amar
E te buscar em hipóteses que nem você aceita

Canto para nós uma canção que se repete
Enquanto você se diverte com o que passa lá fora
Eu já não vejo a hora de mudar o intérprete
Já não tento alterar as canções que canto agora

A gente vem dançando a mesma valsa pelos anos
Dois pra lá e dois pra cá, mas caímos sempre aqui
Nesse ponto em comum onde descrevemos planos
Dois a mais, são só nós dois, mesmo quando eu te perdi
A coreografia que nós dois elaboramos
Que já não vê a hora de se repetir

A gente dança no escuro pra se guiar até o fim
Do mundo.

sábado, 8 de agosto de 2015

Consideração

CONSIDERAÇÃO

s.f. Ação ou efeito de considerar.
Conclusão, análise observativa ou ponto de vista (acerca de alguma coisa) realizados após um profundo estudo e/ou reflexão.Reverência, apreço ou estima que se expressa por uma pessoa ou por alguma coisa; deferência.(Etm. do latim: consideratio.onis)

Esperar coisas diferentes de pessoas iguais devia ser considerado crime.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Dorme, Criança

Me entrego aos mais diversos braços nas mais incríveis noites
Sonho com o sono que não vem
Enquanto respiro o ar que falta ao meu redor
Enquanto cravo os olhos na luz que corta o escuro
Enquanto teço as confissões do amanhã
Enquanto perco a sanidade devagar

Os braços só estão aqui porque eu preciso de conforto
As vezes a mão que atormenta é a única mão que existe
Toma meu corpo outra vez, querido estranho
Desfaz minha consciência fraca com seu sopro
A gente só acha que significa alguma coisa
Mas nada disso nos importa nessa noite

A festa segue barulhenta no salão
Aqui as luzes não me alcançam nunca mais
Eu me enterrei nesse quarto atrás da porta
E fiz da porta a divisão de céu e inferno
Me entregarei a outros braços dessa vez
Tudo isso se desfaz, estou dormindo

Acordo e rimo:
Venho me entregando aos mais diversos braços no escuro
Sonhando sonhos onde o ar é rarefeito
Cravei meus olhos nessa luz, que não aturo
Tecendo as confissões, disso eu sou feito
Enquanto perco a sanidade devagar
Procurando outros braços para me entregar

Dorme, Criança

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Bobagem

Ao que vai e volta e torna a me deixar
Deixe ao menos um apoio, um chão pra estar
O desejo de não ser é menor do que o de ser
O que eu quero é apenas pertencer

Tranquilidade nova pros meus dias claros
É o meu apreço frio nos momentos raros
Eu sou tão pouco aqui a sós nesse lençol
Cada vez menor ao raiar de um novo sol

Talvez eu queira permanecer na sede
E me prender no quadro preso na parede
E me riscar da foto que eu mesmo fiz
E arriscar de novo outra semana feliz

Mas o que vai e volta e torna a me ocupar
Deixa o chão tão longe, chance de voar
Olhar pra baixo agora é apenas temer
O que eu quero é apenas me entender

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Agora

Não há nada de novo lá fora
Eu me guardo na leitura
Enquanto o mundo se tortura
Eu vivo minha aventura agora

Aguentar um novo dia
Só mais vinte e quatro horas
Enquanto o mundo se devora
Pergunto-me sobre o que queria

Quero tudo sem demora
Mas nem sei bem certo o que
Se ao teu lado vou viver
Se a vida assim melhora

Se não melhorar o que faremos?
Não nada de novo lá fora
Outro motivo pra ir embora
Apenas certo que sofreremos

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Valores e Capacidades

_sou, dadas as devidas proporções, um cara muito inútil
só crio dívidas e me arrependo
Risos

_tambem me sinto inutil

_é muito vago existir, isso me incomoda
no final das contas é isso que me torna irremediavelmente idiota
saber que se tudo estiver ruim não tenho tanto medo de morrer
nada justifica minha permanência

_desculpa ser uma resposta tao simples

_amar é ruim, trabalhar é pior ainda. Nunca conquistei nada tão louvável. Escrevo coisas bonitinhas que não servem de porra nenhuma. Sou muito preso às ideologias que mais de uma vez já se provaram estúpidas. Ainda acredito que um dia a sorte vai me escolher e me sinto estúpido, porque se isso não vier a única certeza é que eu vou ser sempre um peso
então que que eu to fazendo aqui?
ser feliz é uma questão química, não psicológica. Já sei que a minha não tá funcionando bem, então é isso mesmo: Ou me drogo ou me dopo?
por que que eu to falando isso?


foi tao idiota quanto eu vivendo isso

_amanhã nada disso vai significar alguma coisa

Autorretrato

Da base ao topo de meu ser notam-se as marcas dos tempos que acabaram
Do pouco cabelo cada vez mais bagunçado surge a vida, invadindo o espaço que tende a diminuir
Nos olhos vazam desesperos cotidianos
Cala-se a boca diante da plateia dando de ombros.
O pescoço preso à dor de sustentar planos desfeitos
Ombros que lembram que passei dos meus limites
Os braços pendem exauridos de existir
O peito arqueja procurando por alívio
As mãos são apenas ferramentas do trabalho
Minhas costas pedem por um fim
Pernas que seguem qualquer fantasma convidativo
Joelhos rachados que não suportam a má carga
Pés que estão longe demais do chão

Um coração que procura colegas de trabalho
Sangue correndo por caminhos obscuros
Minha mente se rende ao desafio de outro dia
Liberto minha alma em troca de conforto pleno

Insanidade

A insanidade reside nos momentos mais corriqueiros:
Acordar esperando que o dia comece, sabendo que o dia já começou enquanto repousavas;
Levantar-se para um dia melhor do que o anterior, preservando a consciência de que os dias são iguais;
Retornar abatido e buscar descanso no lazer, gastando a saúde que lhe faz manter o ciclo;
Acender outro cigarro em busca de prazer
Esvaziar o copo em busca de esquecimento
Procurar resposta no que te gera mais perguntas.

Ser normal é ser comum
Nada além de enganação

terça-feira, 28 de julho de 2015

Guia Básico

Pelas linhas mal traçadas de meus passos displicentes, eu proponho aqui o plano de meu futuro em sutilezas. Eu sei que sou capaz. Ergo-me como senhor de minha inconstância, gravando assim no mais proeminente ofício que me coube o desfecho da mais antiga novela: Nunca haverá o felizes para sempre.

Amanhã eu desperto e me sinto renovado. Me atrevo mais um pouco e me faço de guerreiro na guerra diária de ser alguém. Luto por coisas que desconheço, assim como tenho lutado ao lado de pessoas que talvez não estejam realmente ali. Levanto e inicio a epopeia do demiurgo dos ciclos sociais. Hei de criar outro universo para que a união seja efetiva, afinal de contas nesse aqui já começamos derrotados.

Satisfaço-me de minha obra e deixo encher-me de vaidades vãs. O monumento de minha vida é só o que é imensamente inútil. Leio o que só eu entendo e acho graça de minha vida. Já não sofro por passado e aceito o desafio de não ter desafios. Consegui o que queria!

Lentamente a monotonia me corrói. Sinto falta de pensar demais nas soluções para os mais diversos pormenores que a princípio são quimeras. Parto-me. Já não aguento mais a vazies dos meus dias sem torturas. Preciso voltar a me queixar, afinal a poesia tem sua essência no infortúnio e o meu deve ser o maior. Isso deve bastar para um domingo.

Assumo que já não tenho controle do monstro que criei. Disfarço o desespero em um riso seco e sem porquê. Teatralmente entrei em cena, mas parece que o público não captou. Desço as cortinas e me guardo no mais profundo vitimismo, aqui do alto desse pedestal de martírio nada pode me atingir. Olha o que eu faço por vocês.

Canso-me e as coisas perdem graça. Ficam as dívidas, minimizadas por um toque de descaso. Volto-me ao mais antigo passatempo: suicídios controlados. Rejeito primeiramente o corpo, posteriormente a alma, de repente nem sei mais quem sou. Matei-me novamente.

Tal qual clichê do ser humano reergo-me para o retorno. A continuação dessa película terá de certo o mesmo fim.

Afogo as inverdades nas palavras. Percebo que sou inútil e sempre serei mais. Afinal que diferença faz a poesia ou a prosa? Serei sempre aquele que escreve para ninguém, canta para ninguém, atua para ninguém e trabalha para os outros. Aceito a condição de ser humilhado diariamente, apenas recheie minhas possibilidades com os horizontes que me cercam. Sei onde vou me matar aos poucos em qualquer outro amanhã.

Pelas linhas mal traçadas  de meus passos displicentes, eu proponho aqui o plano de meu futuro em sutilezas. Eu sei que sou capaz. Ergo-me como senhor de minha inconstância, gravando assim no mais proeminente ofício que me coube o desfecho da mais antiga novela: Nunca haverá o felizes para sempre.

Natureza

O que completa o que nunca pode ser completo?

Cada madrugada evidencia a necessidade de algo mais. É nas horas que eu não sei o que fazer que eu quero fazer muito mais do que eu costumo. O hábito de pousar meus olhos no teclado me fez um recipiente de coisas que eu não consigo explicar, mas eu me esforço mais um pouco em busca de compreensão. O que significa tudo isso?

Há muito me fugiu a capacidade de tecer os mais complexos pensamentos. Eu preciso disso, eu preciso de transbordar um tanto de mim pra outro lugar, porque não aguento mais a sensação de carregar o mundo e minha alma... veja bem, eu já nem sei bem qual deles pesa mais. Eu sinto falta de outrora, quando as coisas escapavam ao meu controle e simplesmente morriam na mais despretensiosa confissão do dia findo. Hoje as coisas que me fogem são as coisas que me dominam. Cadê a minha própria fuga? Escapou.

Eu sinto a falta de um pedaço que nem mesmo sei se já esteve aqui. O que completa o que nunca pode ser completo? Eu não sei o que me acontece, já não sofro das dores do passado e não me lanço à desventura do penar. Sofrer não é mais a minha sina. Eu conquistei muito do que queria, de formas que eu nunca imaginei que poderia. Eu vivi as mais diversas situações e atravessei tudo isso. Hoje sou muito mais e maior do que projetei para mim mesmo. Por que nada disso basta?

E mais uma vez eu vou correr os olhos por estas palavras e sentir que nada disso me comporta, nada disso me traduz. Eu sou outro, ainda não tirei o tempo necessário para conhecer minha natureza. Mais uma vez eu vou entender que sou majoritariamente aquilo o que eu não entendo e perceber que me rejeito. Eu não me identifico com minha face ou silhueta e traço imagens de alguém que é mero engano. Cadê eu nesse destino?

O que completa o que nunca pode ser completo?

Silêncio

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Essências Roubadas

É meu ofício carregar nos ombros a dor dessa existência
Saber contar em meio aos versos o que ninguém nunca entendeu
Que o que é belo e o mero drama são o mesmo na essência
E o que eu sinto nunca passará pra vós de mais outro apelo meu

É meu corpo que estás lendo, é meu sangue que dá a cor
É a minha própria vida que se mistura nessas frases 
É o meu coração que sofre pra garantir o bom sabor
Meus dedos trêmulos outra vez não saberão se são capazes

Mas no fim o belo vence e eu lacrimejo em minha obra
Estrangulo novamente a sensação de silenciar
Desafogo a mágoa e o vício em belas frases sem pudor
Me dobro aos vossos elogios, a mim é o que sobra
O poeta finge tanto que nunca para de encenar
O amante ama tanto que nem se lembra o que é amor


terça-feira, 7 de julho de 2015

Paz

não se importar não se abalar não se machucar não se envolver não se entregar não se anular não se complicar não se confundir só paz.

Pra continuar

Olá você, que é a novidade do milênio.

Como vai? A gente nem se conhece e eu já te espero com medo do tempo se estender. Eu ainda não sei a profundidade dessa ligação, então vou apenas te tratar como destinatário de mais uma das cartas que aqui arquivo. Você sabia que eu escrevo textos inúteis? Pois é. Isso aqui é uma alternativa à abertura que as pessoas desejam de mim, aqui eu posso escrever verdades incompreensíveis e dizer sem culpa que estou tentando. Risos.

Então que assim seja, prossigo na confissão. Você me encanta, sabia? Talvez seja a força do novo na minha vida, talvez seja a esperança de um enlace que não se abra mais, talvez seja apenas atração desproporcional. Mas o que será que você quer? Tem tanta gente que não quer nada e eu to lotado de desejos pra concretizar, só me falta alguém pra assumir a companhia. Sabe como é?

Opa, acho que isso é assustador pra muita gente, talvez você nem continue nessa linha, mas é assim que eu sou, intensidade demais, palavras demais, jeito de menos. Vou tratar as coisas com leveza, te cobrar nada e esperar que se entregue, mas e se não se entregar? Onde eu fico nessa história?

Apenas como remetente

Continua nas internas

Sensibilidade

E eu fico constantemente me perguntando a que ponto chegamos e se valia a pena chegar aqui.

Tem tanta coisa no mundo que eu não vi, tanta gente que eu não conheci. Quando é que eu vou poder me abrir pra isso? Eu me fecho tanto por motivos que eu nem entendo. Eu nem entendo você. Fechar as portas para as portas que a gente nem abriu... dar cinco passos para trás por puro medo de dar um passo pra frente... a gente é pouco demais por não se permitir ir além disso aqui... e quando é que eu vou dar o passo seguinte?

Se é pra ser o obstáculo é melhor que eu atravesse essa fase como você tem atravessado as anteriores, com a cabeça erguida e o orgulho intacto. O fato é que eu não sei mais como atingir a sua sensibilidade.


quinta-feira, 25 de junho de 2015

Mais um pouco

Não vai
Fica, espera mais um pouco, me dá a chance de te falar as coisas que guardei pra te falar ao pé do ouvido, me dá a chance de gastar o carinho que guardei pra ti.

Não vai
Espera e deixa que eu te explique o que você não entende agora, que não vai ser fácil por hoje, mas a gente pode tentar mais uma vez, na segunda é tão mais fácil

Não vai não, fica.
Ou então me fala pra onde tá indo, porque é difícil te alcançar onde você já está, sem saber de nada vai ser bem pior.
Só fica, só me escuta. Sua pouca idade não detém essa sabedoria que você julga, escuta o que eu te falo, eu sou quem tu és amanhã.

Me escuta dizendo as palavras que queria ouvir
Mas fica
nem que seja pra ouvir pela última vez

terça-feira, 9 de junho de 2015

Azul

Há muito mais de mim no meu silêncio do que eu arrisco te dizer. Eu talvez queira muito mais do que ouso lhe explicar, porque por mais que seus olhos permaneçam atentos, eles são muito mais do que eu posso cativar. Por que eu arriscaria tanto por tão pouco? Por mais que a imensidão das coisas que não aconteceram me intrigue, eu não sou aquele que se desprende de qualquer porto seguro (por mais insegura que pareça a próxima tempestade) por uma promessa de tesouro. Eu sei que contigo as coisas seriam intensas, eu sei que contigo os termos seriam diferentes, mas será que contigo seria alguma coisa?

É muito azul pra mim, sabe? É muito sem fim, é muito sem fundo. Não dá pra arriscar o próximo passo, você sempre deixou claro que os seus passos são sempre pra trás. Seria eu capaz de te levar ao ponto em frente? Seria eu diferente de qualquer outro rapaz? Não rimo assim por desespero e nem por qualquer reflexo de dor. Não, muito pelo contrário, nada disso me machuca, nada disso me faz mal. Só acho graça que as coisas tenham se encaminhado para o ponto em que eu sinta falta das piadas estúpidas e da sua companhia que por vezes me parecia exagerada. Agora falta azul no meu cotidiano.

Eu to aqui, em meio aos amores do seu passado (risos). Quer saber? Foda-se, eu só queria te dizer que as coisas mudaram mesmo, as coisas são diferentes, a gente já não conversa mais tanto quanto antes e eu talvez não seja mais tão disposto quanto antes, mas desde o nosso encontro (mais risos) as coisas caminharam pra um novo patamar, arriscado demais pra mim e impensável para você. 

Você já falou algumas vezes que era pra eu escrever sobre seus olhos. Bom, estou pensando neles agora.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Infinita História

Os olhos correm no vazio. Você não está aqui...

Pergunto-me se algum dia você esteve. Vou além, pergunto-me se algum dia houve algo além do vazio. A solidão se torna sólita, sinestesia do dia mais triste que a gente pode se lembrar quando o dia parece triste demais. Eu me aperto, como se no desespero pudesse tocar minha própria alma, como se meu lado brusco e ríspido pudesse prover conforto. Nos dias mais cinzas, o alento é não olhar pro céu, sentir o vento como sinal do que é passageiro.

Não buscar resposta é assumir que o capítulo se completou. Te faço a personagem de um arco inacabável, se assim quiser de mim. Te faço título até mesmo de minha lápide, se assim quiser de mim. Te gravo na caverna mais profunda da minha consciência e sonho mais uma noite com seu nome em minha vida, tudo pra te trazer pra perto. Mas os olhos correm no vazio e você não está aqui, mais uma vez recorro à ilusão fria das lembranças póstumas. Que triste é a vida de quem não vive mais.

Eu fiz o que me foi pedido, fiz até mais por puro gosto. Será que agora me concedes o prazer da nova dança? A gente roda em torno do par que somos pra eternidade e gira essa roleta que é a incerteza do ferimento próximo. Vou te machucar com que palavras? Vais me machucar com quantos gestos? Certo apenas é o novo desafio que o dia traz: viver outro momento sem tua silhueta forte em meu entorno, traz seu toque pro meu mundo, renova minha vontade de mim mesmo, pois em ti reside minha essência e dela eu tiro o que eu posso criar: todo o futuro que comporta os sonhos da infinita história.

Mas retoma o caminho com urgência, o vazio é cinza demais pra colorir meus horizontes.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Ele & Ela

Ele de tantas certezas
Ela de tantas verdades
Ele era ansiedade
Ela era só sutilezas

Ela mal se importava
Ele mal se entendia
Mas ela se aceitava
Mas ele só a queria

Ele sem jeito pra nada
Ela esperava paciente
Ele não estava ciente
Ela continuava calada

Pois o que nela havia em excesso
Nos outros costuma faltar
As correntes que prendem ao charme
No olhar

Nele o que havia em excesso
Nela costumava faltar
Os amores largados ao ventor
Para contar

Ela não era comum
Ele era só outro cara
Ela, de beleza rara
Ele sem jeito nenhum

Ele estava disposto
Ela só estava esperando
Ele aproximou o rosto
Ela já estava o beijando

Ela seis anos atrás
Ele contando os segundos
Ela vivia em um mundo
Que ele não era capaz

E o que ela queria pra vida
Ele queria viver
Não importava como seria
Sofrer

E o que ele queria pra sempre
Era apenas o que ela falasse
Se não fosse o suficiente
Que mudasse

Eles se reinventaram
Eles se adaptaram
Eles sofreram distantes
Eles sorriram colados
Eles foram perfeitos
Com tudo o que é defeito
Eles foram ideais
E nada mais

O que eles tiveram foi sorte
De conseguirem se enrolar
Estendendo o que não devia nunca
Acabar

E o que eles tiveram em excesso
Aos outros costuma faltar
Foi tempo o suficiente
Pra se amar

Não Precisa Pedir

Aqui acabam os mistérios
Pra recomeçar nossa verdade
Você não precisar pedir pra estar em minha vida
Só invade

60 caminhos diferentes
Pra lembrar o que importa pra mim
Você não precisa decorar nenhum deles
É só dizer sim

Espero que arranque o seu sorriso
Pois me alegraria saber que o fiz
Você não precisa nem me amar de volta
Te quero feliz

Agora me guarda e me abre outro dia
E nunca se esqueça que eu sempre te amei
Você nem precisa pedir meu coração de volta
Eu já te dei

A História Das Bobagens Que Eu Te Disse

Por tantas vezes se queimou o rascunho da história da vida que eu quis viver com você. Tantas palavras narraram o que eu sofri por ti, todas elas enfileiradas para agradar teus olhos, mas ouse rearranjá-las e verá que me fiz de mártir por sua alegria. A história das bobagens que eu te disse é isso aqui, nada mais do que a retratação de minha vida e das inúmeras peripécias que elaborei para arrancar o teu sorriso. Por isso queimo meu rascunho, essa dor morre comigo.

Não dá pra esperar nada de ninguém, essa é a grande verdade que a vida socou na minha cara. Mas por que não? Eu estive aqui o tempo todo, tão disposto a me fazer de ponte, sorrindo ao ser pisoteado, alegrei-me pela singela serventia em sua vida. Enfim a participação que pedi durante os anos. Será que só você não vê que eu sou a exceção? Espere o que quiser de mim, eu não vim pra te decepcionar. Por isso queimo meu rascunho, essa dor morre comigo.

Mas a história de nós dois é mais bonita do que os versos. A obra mais intensa e vasta que eu pude compor pra ti foi o amor de cada dia, o amor que ofereci sem restrições. Eu nunca quis que isso fosse diversão, nunca quis entretenimento. O que sou eu agora? O pecador condenado à cruz para satisfazer o desejo das multidões? Não é possível que a minha dor tem serventia pra alguém. Ela só deveria existir. Por isso queimo meu rascunho, essa dor morre comigo.

As pessoas me perguntam o que eu ganhei com isso
Tive sua mão junto com a minha por tantos anos, não é necessário nada mais.

Eu não quero me casar, não. Quero ser feliz. Eu não quero seu amor, não. Quero ser feliz. Eu não quero sua presença, não! Eu só quero ser feliz com quem quer que seja, da forma que for possível. Mas eu posso ser feliz com você. Meu amor por ti é desproporcional, tal qual o número de chances que dei ao nosso romance. Você quer ser a pessoa que vai compartilhar essa felicidade? Você tem lugar em minha vida, mesmo sem pedir por isso, porque eu acredito que sempre é possível ir além. Sempre foi possível tirar um tanto de alegria dos nossos desacertos. As épocas mais tristes nos brindaram com diversos recomeços e quem ousaria dizer que eu não fui feliz? Eu fui. Eu te proponho a minha felicidade somada a tua.

Sem mais rascunhos, sem mais histórias, sem mais poemas, sem mais desabafos. Eu reergo o que está desmoronado e me protejo sozinho de tudo. Não quero idolatria, não quero servidão, não quero fanatismo. Quero companhia bem disposta, quero aquela conversa que a gente não terminou, mas que podia render muito mais. Quero acordar cedo domingo e nem tentar te acordar, porque eu sei que você quer dormir mais, mas tudo bem, eu tenho coisas pra fazer no meio tempo, a gente se diverte juntos quando você se levantar. Quero escolher um filme novo, que a gente nem fazia ideia, que vai me deixar triste pensando nas desilusões, mas tudo bem, porque já passou.

A minha meta era espantar os fantasmas da necessidade. Fugir do que é essencial me abriu os olhos pra uma nova forma de te amar: simplesmente amar.

Quanto ao show de horrores desse sofrimento do passado, talvez a melancolia daqueles dias ainda exista, é possível. Mas eu tenho oportunidade de escolher o diferente. Eu já te disse tanta coisa pra chamar a atenção do seu coração. Agora que a tenho, vou dizer as palavras mais bonitas que me ocorreram nesses anos: você é a minha melhor companhia. É cabível dizer: amor da minha vida, mulher que escolhi pra mim, razão da minha felicidade... Mas eu acho que isso tudo já passou também. O que restou foi a certeza de que se eu puder começar aqui a minha próxima história, gostaria muito que você estivesse ao meu lado.

O que passou passou. Quer começar de novo?

É essa a moral da História Das Bobagens Que Eu Te Disse. Eu já disse, já passou, dá pra existir muito mais daqui pra frente. Talvez você queira fazer parte de outra história ou talvez você prefira procurar outro autor, mas tudo bem. Eu fui feliz com o destino da tua personagem. Por isso queimo esse rascunho, essa dor morreu, quando eu morrer ela vai comigo.

Eu não sofro mais. Não dói. Nunca deveria ter doído. Eu fui imensamente feliz, porque fui seu. Agora não sou, mas posso ser sua companhia nas noites que te ofereço, quantas noites você aguentar.

Tenho mais um monte de bobagens pra te dizer.

terça-feira, 5 de maio de 2015

Novidades

Amanheceu tão frio e cinza aquele dia
Os pés descalços lutaram por algum calor
Já sinto seu cheiro e o seu sabor
E sei que o dia vai ser proveitoso

Muita coisa vai mudar, eu disse que iria
Eu quero tentar da forma que lhe alegra mais
Eu quero provar pra mim que sou capaz
Quero fazer o futuro ser maravilhoso

Mas nessa manhã o cinza em tudo está igual
E é bom que esteja, embala minha partida
Eu amo isso, mas chegou a despedida
Vou pra onde o dia tem mais cores

Não vou levar nada além do trivial
O necessário eu vou construir de novo
E assim edificar, talvez, um homem novo
Pra novas chances com os mesmos amores

sábado, 25 de abril de 2015

Teus Olhos

Essa beleza dos teus olhos, que se entristece todo dia

todos os dias que não estão aqui

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Até Mais

Não te procuro, contanto que não me encontre
Você sabe que eu vou estar muito a frente disso aqui
O grau de importância das coisas é baixo
As decepções que vivi foram altas demais
Haviam mil caminhos diferentes desse de hoje
Mil modos de ser feliz, mas você só quer o pior
Mil meios pra acertas as distâncias que existem
Mas eu não me movo por quem fica pra trás

Não existe mais nada, além dessa folha
Não existe mais nada, além desse som
Não existe mais nada, além dessa escolha
Sei que o seu jeito está longe de bom

Mas pra mim tanto faz, você faz o que quer
Cansei de esperar o melhor de você
Já vi que gastei muitas horas com nada
Tudo que tinha vocês pôs a perder
Não desejo nem a sua felicidade
Eu quis fazer muito mais do que desejar
Só espero que acerte esses erros de agora
E que algum dia pare de chorar

Não é o tanto que sofres que define o amor
Não é o tanto que tentas que define a conquista
Eu já perdi o respeito e agora o pudor
Então que assim seja, até a próxima vista

sábado, 18 de abril de 2015

Reticências

Preciso falar sobre o que o acaso fez
A discrepância que acabou com o que nós construímos
Se nosso destino não foi muito cortês
É melhor manter o amor, pois do resto desistimos

É muito rara essa vontade que a nós veio em excesso
A gente sabe que foi muito mais do que devia
E agora que lembro tudo deitado nessa cama fria
Guardo a escrita na gaveta e me privo desse resto

A ruína era certeza, já haviam previsões
A gente luta sem firmeza criando mil decepções
Apagando da memória que haveriam consequências
E seguimos a proeza só pra ver onde ia dar
No fundo o único caminho era só se machucar
Deixando mais uma vez esse passado em reticências

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Fim

Perdi mais uma vez as frases certas
E o gosto de qualquer lembrança sua
Apago a companhia de sua silhueta nua
Da minha cama em qualquer das noites eternas

Haverão mil outros nomes que virão pelo acaso
Eu e você não sofreremos o pesar da solidão
Há mais valor no que está morto do que no que padece em vão
E a nós não resta mais o benefício desse caso

Mas é assim que as coisas são planejadas no destino
Começam apenas pra acabar, se o esforço é passageiro
O nosso tempo se atrasou e foi bem melhor assim
Pensando pelo que vivemos o final foi corriqueiro
Continuar essa batalha seria apenas desatino
Quem sabe o que não te mostrei você enxerga nesse fim

domingo, 29 de março de 2015

Retomada

Retomar os passos do passado
pode ser um bom caminho...
A gente é tão sozinho
que ter o outro ao lado
tem que ser nosso futuro
Esses tiros no escuro
certamente irão te ferir,
mas você ainda vai rir
de tudo isso
Foi difícil
chegar até aqui,
mas te fazer sorrir
compensa tudo

sexta-feira, 20 de março de 2015

Correria

Estou cansado.

Minhas mãos já não tem o mesmo vigor de antigamente. Já não há mais antigamente no pouco espaço da memória. Já não há tanta memória no peso de minha cabeça. Já não restam ideias de mil cores. Já não vejo muita cor em meus cabelos. Já não sobra muito dos cabelos que se descabelavam em mil noites. Já não há mais noites extensas por mil amores. Já não há mais mil amores pra poesia. Já não há mais poesia em minha vida

Podia ser a idade, 
Mas é a correria.

terça-feira, 17 de março de 2015

Heterônimo

Quantos homens existem no olhar que eu te destino?
Quantas dessas palavras descrevem o que sabes de mim?
Quando escrevo para ti, por qual nome assino?
Qual dos mil amantes há de ser seu no nosso fim?

Quantos dias usastes para organizar as minhas tralhas?
Quanto vale o amor que sentes, se podes só sentir?
Quanto espaço a mim reservas, para abrigar as falhas?
Qual é o próximo passo se não podes me seguir?

Qual desses homens é o certo, o pior e o ideal?
Quantos versos descrevem a dor que escolhestes usar?
Qual será a saída quando o sonho se tornar real?
Quem, no final de tudo, você conseguirá amar?

Quantas rimas são suas e quais serão verdadeiras?
Quem te protegeria de tantos rostos familiares?
Qual resposta se esconde nas inúmeras besteiras?
Quantos homens existem por trás de tantos olhares?

Direção Contrária

O que se esconde além do que eu percebo?
Algo que no fim me mata, mas que eu adoro
Além do que imagino, além de tudo o que concebo
Qual será essa verdade que no fundo eu ignoro?

Há mais felicidade plena no que eu deixo escapar
Mas como posso me privar do desafio mais humano?
Saber do que eu já sei é fácil, não preciso me esforçar
Mas eu quero muito mais, quero refazer o plano

Jogando fora o que não é meu, mas que tomo por conforto
Me arrisco ao próximo passo, como quem do sonho acorda
E assim percebe que a realidade é só uma fila involuntária
Eu quero muito mais do que sempre me é proposto
Como quem segue a marcha mesmo ao se balançar na corda
E sabe que a verdadeira queda é ir na direção contrária

domingo, 8 de março de 2015

Mulher

Na clareza da sua pele reside algum segredo
Algo que meus dedos teimam em descobrir
A memória não vacila sussurrando calmamente
Os pontos que marquei em seu corpo, meu amor

Na beleza dos teus olhos reside um tal mistério
Algo novo e intocado, destinado a uns e outros
Dizem sempre muito mais do que seus lábios temerários
Mas quem compreende os teus olhos, escolhe sempre o desafio

Na loucura da sua mente há um espaço reservado
Os incansáveis desbravam suas veias procurando coração
Eu toco suas mãos e já leio os teus caminhos
Deixo minha assinatura, tomo por propriedade

No calor da tua boca é muito fácil enlouquecer
Arrisco até um vão palpite de que há algum veneno
O vício é certo, várias doses são letais
Mas não há mais nada que possa impedir o beijo

Me prendi aos teus cabelos, minha doce senhorita
Aqui estou tão confortável que nem planejo a fuga
Sou detento do seu corpo, então jogue a chave fora
Não há mais nada que interesse em qualquer mundo inexplorado

Devo confessar, me apaixonei pelos teus ombros
Sustentam realidades que eu sonho em me adequar
Teu pescoço que eleva a tua face à divindade
Pedestal imensurável da beleza de mulher

No teu corpo há mil maneiras de viver durante a noite
Não lhe falta tamanho, idealizo-te, pequena
Em teus braços e pernas eu edifiquei meu lar
Não busco outro lugar, já me basta ter seu colo

Mas teu jeito assim difícil é com certeza o principal
Charme feito pro destino brincar com minha vida
Complicar-se é sua arte, meu papel é resolvê-la
Encontrar em tanto encanto a minha realidade


quarta-feira, 4 de março de 2015

Sem Saideira

Não vai embora dessa vez
Fica pra um café
Pro resto dos nossos dias
Vai ficando enquanto der

Não vai, deita aqui comigo
Dorme e sonha com a gente
Mas só sonha do meu lado
Pra estar sempre sorridente

Ao abrir os olhos, me encontre
Conte outra vez sobre os nossos planos
Não precisa resolver nada
Fica aqui, por mais uns anos

Depois dá-se um jeito
A gente sempre arranja uma maneira
A gente vai prolongando a conversa
Nunca pede a saideira

Então fica, por favor
Segura a tua ansiedade
Nunca mais você me deixa
Nunca mais sente saudade

Desconforto

O mundo é puro desconforto
Eterno não lugar comum
Tudo se desfaz aos poucos
Seguindo sem motivo algum

O mundo é puro desconforto
Não cabe a gente por aqui
Se encaixar no compasso torto
Aprender a se dividir

O mundo é puro desconforto
Pra que tentar mudar alguém?
No fim você também vai estar morto
Não tente mais fazer o bem

O mundo é puro desconforto
A tua resposta é só azar
Trazido ao mundo por aborto
Em buscar de se encontrar

O mundo é puro desconforto
De quem é a culpa todos sabem
Eu só espero pelo acordo
Concordem apenas e se calem

O mundo é puro desconforto
Tudo é só desconfortável
Não há razão pra nada novo
Nesse mundo inexplicável

terça-feira, 3 de março de 2015

Tormento

Me escreve assim de longe por não ter escolha
Deposita nessa folha o que não quer sentir
Não há porque mentir, não há mais conjunto
A gente junto é só história, não dá pra fingir

Não tem nada em comum no que a gente vive
Não digo onde estive e não escuto onde vai estar
Não vai mais mudar, a gente não tem mas caminho
Daqui sigo sozinho pra qualquer outro lugar

Não há sinceridade que pague o preço da saudade
Não há amor demais que valha o eterno sofrimento
Não há qualquer afeto que justifique essa tensão
Só há necessidade de manter a comodidade
Só há um grito interno que me livra do tormento
Só há mais um discreto pesar neste coração

segunda-feira, 2 de março de 2015

Em Meio À Tempestade e Fúria

Quantos dias faltam pra completar a gente?
Eu já cansei de me contar
E ao me deitar com a cabeça ainda quente
Sei que é com você que vou sonhar

Contar os vários dias diferentes
Por mais amor, somar você
Mais dias longe e eu fico doente
Garanto que não vou mais te perder

Só resta o seu toque e o seu olhar
Minha mão sempre repousará na sua
Minha pele ainda é porto pro seu beijo
Na escuridão sei quem vai me guiar
E me acalmar na tempestade e fúria
E me lembrar do amor que é meu desejo

Em Nome De Ninguém

Alimenta a minha alma fraca
Toca meu rosto, limpa minhas lágrimas e me tira dessa cruz
Não sou aquele que pode salvar o meu irmão
Apenas o que já não aguenta mais o julgamento
Me dá a chance de recomeçar bem longe
Em outra terra onde não serei ninguém
Não quero o nome do senhor, nem sua missão
Apenas me deitar com aquela que escolhi
Não carrego no meu peito toda a força do divino
Sou só humano e não nasci pra liderar
Se não há mais ninguém que tome esse lugar
Ao menos acaba com a dor do sacrifício
Pode usar meu nome nessa sua igreja
Faz dos seus filhos apenas sombras do que fui
Usa o suposto amor que tenho pelo mundo
Como a poesia que alegra o seu exército 
Mas me garanta a paz que dura a eternidade
Pois morrer sofrendo é o último martírio 
Já não suporto o peso dessa existência
Que a inexistência seja ao menos silenciosa
Sem mais mulheres que lamentem a minha ida
Sem mais devotos que esperem a minha luz
Sem mais vilão que senta e espera a minha morte
Sem mais ninguém que espere o que eu não posso dar
Sou só um louco que parece abençoado
Que teve o azar de proferir as frases certas
Por piedade ou crueldade acaba enfim
Com minha passagem já tão longa por aqui

Me tira da cruz de ser eterno, de ser maior
Eu só quero ser mais um se for possível
Nem que pra isso eu pague com todas as vidas
Nem que o preço seja a minha própria vida

domingo, 1 de março de 2015

Fábula

Desmistifica-se a juventude sonhadora
Cresci bem mais nos versos tristes que na ode
Foi-se o tempo das histórias encantadas
Foi-se o tempo em que a inocência nos fazia acreditar
A fábula acabou, mas o amor não

Mas teço os contos mais fantásticos sobre nós
Faria inveja nos príncipes e princesas
Viver feliz eternamente é a ilusão
De quem espera à mesa a mão que ergue só
Qualquer castelo de romance inabalável

Pego os cacos dessas inúmeras tragédias
Lhe faço o domo que protege as tuas pétalas
Teus espinhos são como os demais
Tira meu sangue pra regar tuas raízes
Toma meus olhos pra observar tua beleza

É muito certo que acertamos algo bom
Em algum futuro irão contar essa história
"Como sofria de amores esse jovem
Mas teve o amparo de uma mão iluminada
Amor como esse é certamente de cinema"

Mas não há mística nisso tudo que vivemos
Sabemos que estamos lado a lado
Tens em mim o companheiro se quiseres
Amante e amigo, guiarei teus passos vagos
Pra que o caminho seja sempre bem traçado

Juntos daqui pra frente, sofreremos
Sofrer é parte de qualquer história boa
Não há verdade em um amor que não é triste
Não há amor se não houver verdade
Na realidade...
Não há nada se não for com você

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Reality Show

Começa outro episódio da novela do homo sapiens
Está à prova a sabedoria da espécie: estar sozinho no universo causa-lhes desconforto?
Olha ao lado e reconhece teu vizinho, lembra que ele não é de outro planeta
A verdade é que essa raça está sozinha em qualquer circunstância, buscamos apenas a solidão do outro planeta. Devemos mostrar o quão inconvenientes somos para todos os seres do universo.

Cadê teu criador? A prova final de sua solidão é nunca poder dividir o fardo de sua própria existência.
Ajoelha e confia naquele que está no patamar acima, mesmo que a distância seja apenas um degrau, é necessário ser inferior pra almejar o superior.
Não interessa quanta vida há espalhada pelo espaço, você mal tem espaço pra viver aqui na terra.
Sente e chora, meu amigo, é só o que te resta.

Não tem nenhuma mão amiga, desapega da sua infância
Só nela haviam contos de amizade e de amor
Não há final feliz pra quem evolui pra pior
A gente era muito mais quando não era nada

Não há filosofia e nem ciência que te explique porquê você é um peso morto pra si próprio
A tua espécie é destinada a só ser capa da revista das tragédias da semana, compra o folhetim que conta a sua passagem do céu ao purgatório.
É só o que você tem nesse mundo pra te distrair
Enquanto eles difundem a vida repetidamente no noticiário
Poderia ser você, mas é qualquer outra pessoa, ninguém mais nota a diferença

Quando notar já vai ser tarde.
Estará acorrentado ao sofá com instrumentos pré-históricos: o controle da tv e o guia da programação
Mas é normal se perguntar se há vida lá fora.
Afinal essa tua vida é um completo tédio.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Intransigente

Levanta o sol e bate a cara do sujeito

_Paciência, meu bom Deus, acorda a ovelha desgarrada do rebanho para que ela se aproxime cada vez mais do lobo. Responde a prece do pobre que bebeu demais pagando menos. Responde o grito do desesperado. Liberdade não me vale nada pra morrer de frio. Toma de volta o verbo, refaz a complexidade de minha alma. 

Tropeça

_Derruba o servo, aproxima-o do inferno. Serve o vinho de sangue de seu filho, mas esquece o filho cujo o sangue é puro álcool, não morrerei pelos pecados de ninguém, mas aceito descansar em paz caso os meus sejam perdoados. O chão é seu, Majestade, deixa-me viver na parte escura em teu jardim. Que venha a chuva, apaga o inferno que causamos.

Soluça

_Louvar a quem esquece a própria cria em sete dias. Não há menção a mim em nenhum dos evangelhos, quem ousaria dizer que faço parte do seu reino? Abre as portas pro povo, Deus misericordioso, mas continua lá de longe no seu trono reluzente. Assistir de longe ao ritual feito em seu favor, aproxima-se da realidade cotidiana dos teus servos.

Engole

_A seco. Cadê o pão de carne humana apodrecida lá na cruz? Devoro o irmão, mas o faço por amor ao pai. Me incumbe do serviço que nenhum outro filho quis tomar, Senhor, me incumbe do serviço de ser ninguém. Ignora-me como eles ignoram, esquece-me como eles esquecem, apaga-me como eles apagam, pois tu pode fazê-lo sem pesar nenhum, dá exemplo aos filhos que tem a tarefa de serem maiores, serem exemplos, serem quase você, só não deixa que eles pensem que são você

Cai

_Caído como seus anjos, seria eu superior? Declara-me o inimigo, para que eu enfim seja parte da história de sua santidade. Mas explica pro teu filho: São os santos outros deuses? São os santos o que além de pobres como eu. Abre o processo seletivo, Senhor, candidato-me a mártir se na canonização tiver banquete. O que não tive em vida, provenha-me na morte

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Mensagens

Desprezo qualquer alívio imediato que não traga paz de espírito. Basta a minha covardia que se transveste de sofismo, não me escondo em qualquer conveniência social.

Aceito a solidão do nosso povo como uma piada inoportuna. Gargalho por inconveniência, mas não evito o incômodo de ser parte dessa gente.

Assumo a culpa de ser livre no vazio da minha casa. Me sobra espaço, mas não abro a porta pro irmão que tomaria a minha arte como angústia.

Sirvo ao propósito máximo da existência. Ser o verso que liga a linha de cima e a linha de baixo, apenas isso.

Pontuo frases e relacionamentos com a mão fraca e desleixada. Sempre deixo no ar a sensação de que há continuações.

Divido tempo e espaço em: interessante e desnecessário. Me acerto com os obsessivos e incompreensíveis, ainda não decidi em qual parte eles estão.

Aguço as perturbações de sua existência, porque é só o que eu sei fazer. Escrever os provérbios do que está em seu corpo, mas não tem lugar em sua alma.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Murmúrio

Outro amor há de envenenar o peito de quem se abre
Pra mim sobra o anseio de que o dia termine bem
Me faço refém a cada ano de um novo mal-estar
Saber que trago dor a qualquer um que queira amar

Mais um amor pra coleção de amarguras do passado
Outro recado pra lembrar que não fui feito pra encaixar
Até ensaio uma mudança de visão pro meu futuro
Guardo essa dor como um murmúrio que me assombra ao me deitar

Quem se arrisca a ter afeto por alguém assim tão vil?
Irresponsável, abro as portas para a próxima vítima
Sei do mal que vou causar, será que busco distração?
Outro ombro que sustenta a minha imensa solidão

Já não suporto ser aquele que deve ser esquecido
Mas lá no fundo eu sei que só assim posso seguir
Assumo a culpa da insônia de cada um dos meus amores
E de todas as mulheres com as quais irei dormir

Sinceramente, me incomodo, mas o que posso fazer?
Há tanto amor no impossível que eu me entrego facilmente
Peço perdão por esse caos que causei em tua vida
E com a alma dividida deixo que sigas em frente

Não sou o homem que te fará feliz, querida
Mas não tema o amanhã e a dor que causa a minha ausência
Sofrer é a parte mais comum desse amor tão complicado
Mas sofrerias muito mais ficando do meu lado.

Agrado

Enquanto eu vejo outra madrugada clarear
Me perco no tempo que parece que não volta
Eu só queria poder dobrar o mundo com a vontade
Acabar com a distância que tortura a nossa alma

De quanto tempo o tempo é feito?
Esperar por outro dia que parece inalcançável
Essa é a única certeza que preservo pro amanhã
Sobreviver ao que nos mata cada vez mais devagar

Mantenho a sua presença pelo vício da memória
No mais apenas a ausência comparece à minha cama
Os restos da alegria que vivemos por aqui
Cuido pra que o ambiente permaneça lhe agradando
Pois não há nada que me mova mais do que te ver
E transbordar essa saudade que parece não ter fim

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Conforto

Encontra aqui o conforto que precisas:

Há mais palavras pra você 
Do que folhas brancas
Espaço onde extravaso 
O que jamais conseguirei dizer

Apenas

Enfeito as palavras que nunca descreverão essa verdade
És parte do que eu tenho pra viver
Qualquer que seja o tempo ou a cidade
A gente pode apenas se perder

Entregue-se ao sonho insano e inesperado
Ocupe o lugar que só a ti pertencerá
Tudo aqui parece pouco e inacabado
Mas é que espero seu palpite pro lugar

Será que é grande o suficiente o meu amor?
Não mais contenho a carga, me derramo
Há de bastar pra o eterno e encantador
Final feliz com o qual venho sonhando

Mas se não for o bastante para os sonhos de outrora
Me desdobro em outro ser que te convenha
A gente vive a esperar essa tal "hora"
Mas rogo a ti que esqueça tudo e apenas venha

Não há mais enfeite que segure seu olhar
Não há mais palavra que desperte a emoção
Já disse tudo o que podia te falar
Aprisionado no amor que é meu refrão

Foi pra você e por você que me ergui
E agora abro os braços pra lhe dar abrigo
Prometo te dar tudo aquilo que eu consegui
E sempre ir muito além do que consigo

Só vem ser parte da vida além poesia
E colocar o seu sorriso no meu dia
Que é só o que eu quero de manhã pra viver bem
Esquece tudo o que nós temos, apenas vem

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Capa Dura

Guardei em você todo o meu amor
Contei também de algum pesar
Agora leva junto ao peito aonde for
O melhor que eu posso te dar

domingo, 15 de fevereiro de 2015

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Comédia

O bater das asas da mariposa cria a sombra ideal. O reflexo da televisão na paisagem posta do lado de fora da janela cria o horizonte. A fumaça do cigarro em contraluz é minha prisão. O branco das paredes é infinito. Meus sonhos são só flashbacks. Aperto o play da comédia e como faço pra pausar daqui pra frente? Porque o roteiro é interessante, os personagens são até legais, mas eu não sirvo pra figuração.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Manhã e Madrugada

Manhã e madrugada se confundem novamente
E na minha mente o sentido das coisas se dissipa
Será loucura continuar tentando fazer diferente?
Qual resposta mudará quando a dor já me antecipa

"As coisas não irão mudar, meu jovem, pare de tentar
Se machucar todas as noites buscando a novidade
Se misture à cidade e busque o seu lugar
Alguém há de te amar pelo que és de verdade"

Eu sou só um cara que ainda vê alguns motivos
E me privo da paz que traria a indiferença
Me sento novamente à mesa para ouvir tantos avisos
Sei mais uma vez que a madrugada será intensa

Passo as mãos na minha obra. Será olá ou só adeus?
Deus, me dê sossego, pois eu só quero dormir
Mas relembrar que os meus sonhos todos são teus
É realizar com certa calma que essa noite vai sumir

E quando chega o sol de novo, quem sou eu na sua vida?
Sou nada além de um objeto que abraças repousando
Quando abrir os olhos minha imagem é esquecida
E existiremos outra vez, mais uma vez nos afastando

Já não me basta ter vontade de digitar tantas sentenças
Já não me basta ter vontade de te guardar em meio a prosa
No fim de tudo sei que a vida seguirá sem diferença
E que a vida faz da gente outra lembrança dolorosa

Mas continuo aqui no ofício do triste sonhador
Sonhando em claro com você e sua presença no colchão
São os cigarros que me faltam, o álcool não dissipa a dor
Saber de todas as coisas que não acontecerão

Mas minha manhã e madrugada se tornaram uma só
Hoje o dia será bom, haverá sua felicidade
Não entrarei em contato pra te dizer: "Me sinto só"
Deixa a sua alegria bem longe da minha saudade



terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Completude

É um lento despertar do sonho compartilhado
Abro os olhos e não vejo a outra metade
Que adianta dormir se a solidão persegue em sonho?
Mesmo estando acompanhado a ausência assombra
Cadê seu sorriso ao amanhecer?
A luz que guia os passos descuidados
Cadê seu ombro pra dividir o mundo?
Eu carrego o que precisar pra te ter aqui

Deixa pra lá o que não quer, mas não me esqueça
Me preserve em sincretismo inconsciente
E recorde o nosso tempo diferente
Mantendo a calma pra esperar a melhor hora
De atravessar aquelas pontes de outrora
Que separam a saudade da alegria

Você
&
Completude

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Sua Parte

É isso que eu quero!

Mais dias, mais palavras, mais pessoas, mais momentos. Eu já tenho todo o amor que preciso em mim e o de vocês só veio acrescentar. Agora eu vou incluir a felicidade nessa soma e o produto será a minha vida por completo. Eu estou do meu lado, eu estou comigo, eu serei feliz assim. Vai ser difícil, vai sim. Vai demorar, vai sim. Vai chegar um tempo em que eu vou querer desistir de tudo, talvez. Mas eu vou continuar e eu vou conseguir tudo o que eu quero, porque eu fiz por onde, porque eu trabalho duro, porque eu planejo bem, porque eu tenho amigos e eles estão do meu lado, porque o meu caminho é esse: vitória.

Sua Parte

É isso que eu quero mesmo, quero tentar o jeito mais complicado. Quero acordar do pesadelo e viver outro se for necessário, mas hora ou outra o sonho vem e nunca está sozinho. Vem com seu corpo, sua alma, sua pele, suas mãos, seus abraços, seus olhos e suas palavras, que me dizem mais uma vez sobre a nossa felicidade. Eu quero tentar o jeito mais difícil, porque é você quem me espera no final, não é?

É isso mesmo, eu vou sofrer, mas vou amar.
Vou perder muito, talvez nem chegue a ganhar
Talvez me perca, mas é pra te achar
Pois no final a gente é sempre o mesmo par

A gente sempre quis uma coisa diferente
Mas a gente sempre quis a gente.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A Poesia Não É Sua

Há muito lhe dei meus braços
E minhas mãos se fazem suas
Mas, querida, me entenda
Isso é tudo o que lhe dei

Talvez tenha cedido mais
Mais abraços vendo a lua
Mas querida me entenda
A poesia não é sua

Minhas palavras são presente
Não se fazem de passado
Não há dono, há remetente
Não me entrego como escravo
Então engulas o que sente
Pro bem de quem jaz ao seu lado

Há Muito lhe dei minha pele
E pedaços da minha alma
Mas sei que não te vale nada
Se foi só isso que te dei

Talvez tenha sofrido mais
Mais noites claras na rua
Mas querida, enfim entenda
Que a poesia não é sua

Meu coração é dos presentes
Não pode mais caber passado
Não há dono, há remetente
E já não és destinatário
Então, te apegas ao que sentes
Que é só fantasma do seu lado

domingo, 25 de janeiro de 2015

Castelos de Areia

Os sonhos que construo desmoronam devagar
A gente é feito de ilusões. A vida é feita de desencontros. A morte é feita de verdades
Talvez outras certezas me acolham em outro momento, em outro lugar, em outra noite
Mas devo seguir em frente, pois sou aquele que escreve da maneira que agrada os olhos e incomoda os sentidos. Devo seguir em frente pelo simples talento de me balançar na corda bamba. Devo seguir em frente porque os braços que me apoiam são reais e as mãos que me empurram dão o impulso que preciso, o impulso que pedi.

Mas os sonhos que construo desmoronam, sim, eles foram feitos com pouca areia
O que eu gastei durante esses anos? Talvez suor demais, talvez um pouco de sangue tenha se perdido.
Arrematei alguns sorrisos, sim. Conquistei alguns suspiros, certamente. Cativei alguém, talvez.
É parte do ofício do poeta ser coração demais e cérebro de menos. Eu devo manter a beleza em dia, mesmo que em forma de soneto.
As veias que carregam minha essência estão espalhadas por aí, não mais por aqui

Eu me pego aqui, sempre resolvendo problemas pessoais.
Meus sonhos são como castelos de areia nesse momento, duram o exato período da virada da maré.
Ciclos virão e irão, mas eu permaneço de pé, olhando minha odisseia desfeita nas ondas, porque eu tenho que continuar, tenho que ser o forte, tenho que ser o sábio, tenho que ser o centro, tenho que ser o que queria demais e fez, o que fez demais e cansou, o que se cansou e nunca recebeu o espólio, só o preço no final.

Mas tudo bem, meus sonhos se reconstroem outra hora
E as ondas só trazem mais material pra edificar o meu castelo
Esse castelo que só me prendeu aqui.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Amor e Felicidade

Passei muito tempo te esperando, agora vou passar muito tempo olhando nos seus olhos e mexendo em teus cabelos. Os traços do seu rosto vão se render aos meus sorrisos, sei que vão. Quanto aos teus sorrisos, cada um deles vai me dizer sobre a nossa alegria. Eu já até sei como encaixar os meus sonhos nos seus, assim mesmo, perfeitamente. O som das suas palavras vai inundar a minha casa. Já até posso sentir o suor em sua mão e os tremores em seus pés. Você já é a minha realidade, nossa maior distância agora será o tamanho de meus braços.

Já sabes que não é irreal. Já sabes que a dificuldade não é maior que nossa vontade. Sim, tudo isso está acontecendo. Se o amor era grande demais para o tamanho de seu corpo, agora teremos que suportá-lo na extensão dos nossos corpos juntos. O tempo foi quase nada, mas foi crucial pra te fazer o que és em minha vida, um sonho, um sonho que já vai se realizar. O primeiro olhar será puro choque, nem quero mais pensar no primeiro toque, pretendo continuar a escrever. Eu já sou teu há tantos dias, todos os dias que passamos juntos na distância. Distância que já nem existe mais, então segura essas palavras com tuas mãos e pode enfim sorrir para mim.

Doentes ou não, já não há mais tempo para outras receitas, já achei em ti qualquer remédio que preciso. A gente agora já precisa de novas linhas pra cruzar, porque você já está aqui, minha pequena. O ponto que a gente julga comum é talvez o mais bonito, vamos poder falar as mesmas coisas um pro outro, sem o receio da distância, bem juntos. Ou melhor, juntinhos.

Os movimentos da sua boca agora convergem para a minha e em minhas mãos se encaixa o seu pescoço. Já somos maiores e melhores, porque agora somos tudo isso juntos. Será que é realmente isso que desejas? Sem falar de mais futuros, agora só quero curtir o presente que é você, cada momento contigo. NADA me fará mais feliz.

E agora seus olhos são apenas meus, ainda me questiono de onde pode vir tanta beleza. Estou mais do que certo que nunca vi nada assim. Não é loucura. Não é ilusão. Não é burrice. Você existe em minha vida com dois nomes:
Amor e Felicidade

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Novo Tempo

Hoje você chega
Tá demorando tanto que eu confesso que fiquei horas assistindo a lua e vendo a terra girar. Sinceramente, nem sei dizer se realmente tem alguma coisa se movendo de tanto o que tempo tem passado devagar.

Hoje você chega
Parece que até o calor tá mais difícil de aguentar, será esse o prenúncio de outra vida para mim?
O verão tem se estendido interminavelmente, será que vou poder ficar contigo por toda essa eternidade?

Hoje você chega
Até as flores lá fora parecem mais coloridas, até as árvores lá fora parecem mais vivas, até as pessoas lá fora parecem mais simpáticas.
Até o céu parece que tá mais azul, só pra te agradar. O mundo conspira ao nosso favor, pelo menos uma vez

Hoje você chega
Eu nem consigo segurar minhas mãos e manter meu coração no lugar. O que é isso que você tem feito comigo?
De hoje em diante se inicia enfim um novo tempo de amar

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Felicidade

Passei muito tempo decorando a cor dos seus olhos, do seus cabelos. Os traços do seu rosto eu já até sei como quero acariciar. Já sou especialista nos seus sorrisos, sei exatamente o que cada um quer me dizer. Eu já decorei o tamanho dos seus sonhos e sei que me encaixo perfeitamente em cada um deles. O som das suas palavras já é uma realidade na minha vida. Já sei que vou segurar as mãos e já sei até onde guiar os seus pés. Você já é tangível, mesmo com toda a distância.

Pode parecer irreal, eu sei que pode. Pode parecer difícil, eu sei que é. Pode parecer que nada disso está acontecendo, mas está. Eu sei que esse amor é grande demais pro tamanho do seu corpo, mas é bom que ele transborde para mim. Eu sei que o tempo é curto demais pra parecer tão grande, mas acredite quando eu digo que compartilho da impaciência do primeiro encontro. O primeiro toque será puro choque, garanto que do encontro sairão as chamas que precisamos pra nos aquecer. Eu já quero você na minha vida há muitos anos. Sim. Anos. Eu queria você sem nem saber que você realmente existia, porque sonhar contigo é muito fácil, pequena.

Doentes ou não, estamos completamente curados um com o outro. A gente já cruzou todas as linhas, menos a dessa estrada que nos separa. Bom, o ponto comum entre a gente talvez seja meio complicado de se encontrar, mas a gente já se garante muito bem juntos. Ou melhor, juntinhos.

Enquanto isso, acompanho os movimentos da sua boca e o retesar de seu pescoço quando as coisas ficam tensas. Sei que apareci pra te tornar melhor e maior, você ainda vai ser muito mais do que apenas minha mulher. Sem falar de futuros. Quero o hoje, que contigo é muito melhor que qualquer amanhã que eu poderia imaginar. Eu já posso imaginar o leve desenrolar do seu sorriso quando leres estas palavras. Acredite, nada me fará mais feliz

Seus olhos estão se fixam em mim mais uma vez, de onde pode vir tanta beleza? Eu garanto nunca ter visto nada assim. Talvez seja loucura, talvez. Talvez seja ilusão, talvez. Talvez seja burrice, talvez. Mas só quero garantir que será tudo isso com você.

Felicidade

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Pura Insanidade

Eu sinto tanto pela gente
E essa distância que se estende
Pois a cada dia que te vejo
Estás sempre mais distante

Por você eu sinto demais
Talvez amor ou muito mais
És todo o desejo
Desse pobre e louco amante

E agora, minha amada
O que eu faço sem você?
Como seguro minha vontade?
Você, luz da madrugada
Eu, morrendo pra te ter
Somos pura insanidade

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Difícil É Aguentar O Fim da Noite

A primeira noite ao seu lado está pra acabar
Qual sentido o dia poderá ter?
A medida da distância te faz igualmente presente
E teu nome ecoa nas cordas do violão

A primeira noite ao seu lado está pra acabar
Peço apenas pra não se perder
Eu sei que é difícil me dizer o que sente
Mas nesse mundo partilhado se deu vazão

A primeira noite ao seu lado está pra acabar
Mas o que eu poderia fazer?
Deito outra vez, cabeça cheia, peito ardente
Mas com a certeza de que outras virão

A nossa vida pode enfim começar
Que comece certa com você
Apesar do tempo e idade, sei que sente
Que já há seu lugar no meu coração

sábado, 3 de janeiro de 2015

Sombras dos Amantes

Eu sou o rosto na capa do anuário passado
Aquele que você lembra com carinho quando está sozinha
Mas esquece quando vê os rostos novos
Eu sou o que não está lá
Eu sou o que você talvez queria ter
Mas deixou passar, deixou morrer
Deixou... e só

Eu sou aquele rosto que não foi decifrado tão cedo
Aquele que você tem medo, que nunca deixará de ter medo
Mas não para de olhar
Eu sou o que sorri de lado
Eu sou o que te devora com olhares
Mas que te causa males
Você amou e só

Sou o que queria a tabacaria, mas sou pouco
Sou o que queria ser o motivo, mas sou pouco
Sou o que enlouquece ouvindo ecos
Trago nos meus ombros o mundo, mas sou louco
Trago os provérbios do profeta, mas sou louco
Sou aquele que pedia, mas achou que dava
Aquele que ainda vê seus lobos, mas que os ama
Que tem sede de ti, tão longe, que te chama
Que mesmo distante te preserva em pensamento

Eu, Pessoa, Drummond e Whitman
Sentados à mesa posta
Cada um em seu lugar, tempo e imensidão
Cada um sentado à mesa puramente por paixão
Florbela tão sozinha, senta e chora por Cecília
Clarice finalmente escuta seu nome (Já É Sabido, Solitários Imaginam Coisas Além)
Baudelaire se embriagou
Gregório apenas ri
Você continua sentada tão longe, que de ti só vejo a sombra em todas as letras

Eu me entrego a todas as chagas
E males
E dores
E drogas
E torpores
Por ti sofri de amores, mas o amor é bem maior

Porque eu sou o rosto na capa dos teus discos
Aqueles discos que tem o nome de outras pessoas
Mas que você olha pra lembrar de mim
Eu sou o que você mais amou
Eu sou o que mais te amou também
Mas o que mais sofreu
Feliz, mas só