segunda-feira, 2 de março de 2015

Em Nome De Ninguém

Alimenta a minha alma fraca
Toca meu rosto, limpa minhas lágrimas e me tira dessa cruz
Não sou aquele que pode salvar o meu irmão
Apenas o que já não aguenta mais o julgamento
Me dá a chance de recomeçar bem longe
Em outra terra onde não serei ninguém
Não quero o nome do senhor, nem sua missão
Apenas me deitar com aquela que escolhi
Não carrego no meu peito toda a força do divino
Sou só humano e não nasci pra liderar
Se não há mais ninguém que tome esse lugar
Ao menos acaba com a dor do sacrifício
Pode usar meu nome nessa sua igreja
Faz dos seus filhos apenas sombras do que fui
Usa o suposto amor que tenho pelo mundo
Como a poesia que alegra o seu exército 
Mas me garanta a paz que dura a eternidade
Pois morrer sofrendo é o último martírio 
Já não suporto o peso dessa existência
Que a inexistência seja ao menos silenciosa
Sem mais mulheres que lamentem a minha ida
Sem mais devotos que esperem a minha luz
Sem mais vilão que senta e espera a minha morte
Sem mais ninguém que espere o que eu não posso dar
Sou só um louco que parece abençoado
Que teve o azar de proferir as frases certas
Por piedade ou crueldade acaba enfim
Com minha passagem já tão longa por aqui

Me tira da cruz de ser eterno, de ser maior
Eu só quero ser mais um se for possível
Nem que pra isso eu pague com todas as vidas
Nem que o preço seja a minha própria vida

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