domingo, 31 de janeiro de 2010

Eis que.

Surgiu a noite de um novo dia
Surgiu o desespero na falsa alegria
Surgiu o medo na tranqüilidade
E aquela frieza que se confunde com maldade

Nasceu a nova dúvida que antes já atormentava
Pois antes a resposta era clara e já machucava

E se a mentira era eu e você fingindo sermos nós
O que fazer agora que nem isso nós fingimos?
E se pra tentar falar contigo sempre me faltava a voz
Como posso querer concertar o que nem construímos?

É...acho que acabou o que eu nem sei se começou.

sábado, 30 de janeiro de 2010

O Verso Que Sobrou

Nosso Mundo desabou
E agora baby
Só o que restou
É um verso

Por isso agora amor
Venho lhe contar em verso
Sobre o mundo inverso
Que a gente criou

Não, não é culpa nossa
Foi só escolha nossa
Viver um amor de bossa
Fingir que era certo
E a gente, tão perto
Mas era tudo prosa

Por isso venho amor
Tentar falar em verso
Que você é meu inverso
E eu sou o que lhe restou

É amor, a dor é minha também
Mas não quero só seu bem
É amor, a vida escolheu a gente
e é engraçado como a gente mente

Nosso mundo amor, já desabou
E agora o que nos restou
É dançar sobre o que sobrou
Do sonho louco que a gente sonhou

Por isso amor
Venho lhe dizer o inverso
Eu te amo e te confesso
Esse é o verso que sobrou.

Mil Vezes ( Ou As Duas )

Dias e dias, agora
Por mil caminhos afora
E mesmo que eu queira ir embora
Você me acompanhará

Eu meço os meus movimentos
Conto todos os momentos
Me escondo dos seus lamentos
Mas você não me deixará

Nem mesmo guio os meus passos
Evito todos os abraços
Fujo dos vários encontros

Minto sobre meus sonhos
Ensaio toda a despedida
E nunca saio do "nossa vida"

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Insônia Existencialista

Eu aqui, escrevendo minhas divagações pré-sono...
Enfim, eu estava feliz e tranquilo em minha cama, lendo Entrevista Com O Vampiro (Ótimo livro, recomendo), pra ser mais especifico acabando o livro...aí paro pra pensar no destino que a escritora deixa implicito pra um dos personagens do livro.
Cara, ser imortal deve ser absurdamente frustrante e pior do que isso tedioso ¬¬
Imagina, ver tudo acontecer no mesmo ciclo vicioso centenas de vezes...tudo se repetindo em sua essencia.
Mas eis que me bate a angústia da madrugada: Imortalidade é chata, as vezes até se vive por rotina (se é que isso é possível), mas a vida mortal é tão vã!
Pensar que tudo que você demorou anos pra alcançar, tudo o que você construiu e todo seu esforço fica pra tras em questão de segundos dói um pouquinho, pelo menos em mim.
E eu, chato que sou com minha doença de interligar as coisas que já estão interligadas de uma forma sutil e de certa forma imperceptivel ao senso comum humano (ridiculo limitado que só usa dez por cento de sua cabeça animal), acabo sentindo de tabela que eu sou um ser efêmero, vazio, vago, passageiro e que no fundo não passo de fumaça que está só demorando um pouquinho a mais, ou não, pra subir pra algum lugar que talvez me pertença...
Enfim, pensar que eu também vou acabar me dói, mas me conforta também, pois eu sei que invariavelmente eu faço parte desse mesmo ciclo vicioso e que vou acabar voltando pra essa mesma cadeira e escrever essa mesma divagação imbecil em algum outro paralelo, nem que seja só minha imaginação ou talvez o sonho que eu, se os deuses me permitirem, terei daqui a algum tempinho :D

Meio Certo ou Errado ( Ou Aquele Tempo )

Eu que sempre quis o certo
Agora não sei mais como me enganar
Sempre me julguei esperto
Até demais pra nunca errar

E que nunca me arrependo
Sem medo de machucar
Sempre comecei sabendo
Aonde iria chegar

Anything I try, anything I do
Pretend to be cool, I’ll do this for you
I can see the end but not the Begin
I’ll try to be Nice and never be me

E eu que sempre fui incerto
Sempre tentei me enganar
Nunca fui um cara esperto
Acostumado a só errar

E eu sempre me arrependo
Sei que vou me machucar
O passado vai me remoendo
E o futuro nunca vai chegar

We are just a lie, we were never right
But I always wanted you here by my side
This is just the end, we are better alone
Those were my last words, or maybe is just one

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Precipitação

Preze por palavras bem ditas
Não só, mas tambem bem colocadas.
Uma onda de sentimentos precipita
Quando uma palavra, mal é interpretada.
Pois dizem meus pais
Sobre o mal, o errado e a vida
Porém mal sabem aos poucos se conter
Quando o assunto é como chuva que tardia.

P
r
e
c
i
p
i
t aos montes ...

E logo aos poucos
alivia.

Vitor Hugo Morales

Sou

Nem sempre o que se pensa é o que se é
Nem sempre o que se faz é o que se quer
Nem sempre a Thelema está correta
Nem sempre a verdade me liberta

Nem sempre o amor só dói
Nem sempre só a dor corrói
Nem sempre a beleza é o que seduz
Nem sempre o oposto é o que reduz

Nem sempre vivo somente de alegria
Nem sempre sinto que vá terminar um dia
Nem sempre vivo dias nublados
Nem digo que todos são ensolarados

Nem sempre convivo com a tristeza
Não me sinto bem com a pureza
Nem sempre quero só ternura
Nem sempre me convém a amargura

Nem sempre provo o meu lado
Nem sempre quero um caso bem contado
Nem sempre me vejo no espelho
Nem te darei algum conselho


Só o que digo enfim pra vós
É que nem sempre deves confiar em nós
Somos apenas uma mentira bem contada
Ou quem sabe até a verdade inalterada

Uma face atrás de quatro
Um rosto a menos no retrato
Um sorriso de relance
Uma palavra que te alcance

Sou a história de vocês
Mudo tudo em um só mês
Sou um conto inacabado
Um gesto do outro lado

Só o que deves saber
E jamais então esquecer
É que a verdade é só uma
E não há verdade alguma

Lembre então agora
Do verso que deixastes ir embora
Sou um conto inacabado
Mas meu palco está sempre bem montado

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Sobre Uma Praça e Um Bar

Não era apenas uma praça
Era o paraíso mundano pra mim
Mas como sabes, o tempo passa
E até essa praça teve seu “fim”

Sim, era apenas um bar
Feito de pedra e gesso
Mas as pessoas faziam o lugar
Minha casa, meu começo

A praça de pé continua
Encravada no meio da rua
Mas já não é mais a mesma pra mim

O Bar foi-se cedo demais
As pessoas ficaram pra trás
Longe, bem longe de mim

domingo, 24 de janeiro de 2010

Preciso Conversar

Preciso dizer a verdade
Tudo claro e sem maldade
Não tenho mais decisões a tomar
Só preciso conversar

Preciso de bons amigos
E que eles sejam sempre como abrigos
E que não venha a acabar
Talvez precise conversar

Preciso de menos confiança
Nada baseado somente em esperança
Já estou farto de tentar
Mas preciso conversar

Preciso controlar a minha vida
Enquanto ainda há alguma saída
Quem sabe até precise mudar?
Com vocês, preciso conversar

Preciso viver o que eu sinto
Cansei de ouvir que minto
Vou por amor me entregar
Antes preciso conversar

Logo começa outra vez
Jogo assim com vocês
Não há mais como desabar
Depois só preciso conversar

sábado, 23 de janeiro de 2010

O Auto do Novo Olimpo Mundano Pt. 7

Sétimo Capítulo: O Elo do Tormento


Os anos passaram bem apressados
E Merlin famoso se tornou
Seja lá por onde viajou
Reuniu muitos pecados

Principalmente a vaidade
Que não sumiu com a idade
Pois era um bardo conhecido
E por todos bem querido

Um dia enfim veio o retorno
Pra todo o excessivo conforto
Alguém encolerizado
As Erínias havia chamado

A primeira era a implacável
Alecto, dona do interminável
Amaldiçoou a Merlin com prazer
A seu lado ele pra sempre deveria viver

A segunda era a Megera
E fazia jus ao nome de fera
Pela eternidade em seus ouvidos gritaria
E do seu rancor o lembraria
Tisífone era a terceira
E de todas a mais rasteira
Mil açoites eram pouco
Até que ele ficasse louco

E por tempos continuaram
As Erínias o castigavam
Até que ele entendeu
Os erros que cometeu

Ele já havia as conhecido
E por elas foi querido
Mas ele as havia trocado
E por isso era castigado

Ele enfim foi perdoado
E toda a dor deixou de lado
As três deusas foram embora
E não haviam pecados agora

Merlin continuou a andança
Fingiu que nada aconteceu
E que ele nunca conheceu
As deusas da vingança

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O Auto do Novo Olimpo Mundano Pt. 6

Sexto Capítulo: A Mãe do Universo

E o mundo inteiro Merlin percorreu
Passou por lugares onde o homem nunca viveu
Conheceu florestas sombrias e densas
Conheceu pessoas frias e tensas

E foi em um lugar bem distante
Em um palácio exuberante
Todo feito em diamante
Que ele a conheceu

Kali era seu nome, Deusa da Morte
A representação da mulher forte
A divina mãe de todo o universo
E a destruidora de tudo aquilo que é perverso

Kali então tomou o bardo como filho
Ele estava fraco, machucado e faminto
A própria Deusa cuidou dele com carinho
E lhe serviu de boa comida e vinho

Mostrou-lhe a magia do universo
Como distinguir o errado do certo
Teve alguns momentos de raiva
E outros da mais bela calma

E com o tempo a relação mudou
Merlin, de Kali, pai se tornou
Pois ela era senhora dos impulsos
E precisava de alguém pra segurar seus pulsos

Mas a laço de preocupações perdurou
E o amor entre os dois se firmou
Hoje continuam juntos em amizade
Algo que pros dois era novidade

E a Deusa da morte implacável
Era também uma mulher adorável
E que a Merlin ajudou
E também o cativou

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O Auto do Novo Olimpo Mundano Pt. 5

Quinto Capítulo: O Abismo

Merlin sentou na ponta do precipício
E pensou no que fez desde o início
Chorou pelos erros acumulados
Pensou que seu tempo enfim tinha chegado

“Quantos abismos eu atravessei?
E quantas pessoas eu magoei?
Quantos caminhos escuros tomei?
Quantos amigos eu machuquei?”

A tristeza tomou o seu corpo
Merlin quis que estivesse morto
O abismo mais alto ele achou
E aliviado então se jogou

Chegou num lugar em chamas
Composto por várias almas mundanas
Havia uma árvore no centro de tudo
No centro de todo esse estranho mundo

O caminho até a árvore ele seguiu
E a porta do palácio pra ele se abriu
Merlin se viu diante de uma Deusa
Que era meia doença e meia pureza

Ela então se apresentou
Como Hel se nomeou
E ela para Merlin falou
“O seu tempo ainda não chegou”

“Pois você errou, magoou, machucou
Mas a muitos você amou
Somente o bem lhes desejou
E assim a sua vida equilibrou”

Hel lhe protegeu do fogo
E lhe pôs de volta no jogo
À sua vida ele voltaria
E a sua viagem continuaria

E hoje Merlin ainda reza
Pra nunca mais se abalar
E a Deusa que ele tanto preza
O espera pra novamente o julgar

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O Auto do Novo Olimpo Mundano Pt.4

Quarto Capítulo: A Lua Negra


Sob a Lua Negra Merlin vagava
Só e sem destino viajava
O céu escuro o velava
E o cruzeiro o guiava

E olhando o céu escuro
Viu a dama do obscuro
Lilith, a mulher das luas
De fases raras e puras

A mulher de homem nenhum
E de domínio algum
Mas de presença incomum
E de raríssimos encontros

Todos eles marcantes
Sorrisos cativantes
Palavras fascinantes
E que a Merlin conquistou

Mas ela era feita de mudanças
Pra ele haviam poucas esperanças
Os encontros eram raros
Mas ao mesmo tempo caros
E essa lembrança é pequena
Pois se resume a uma cena
Merlin a viu nas estrelas
E partiu dali atordoado
Pois ainda não havia chegado
O tempo de Lua Negra

E de tempos em tempos
Cada vez mais e mais lentos
Eles se procuram por acaso
E esse momento raro
Fica na memória como um caso
Que jamais parece começar
E muito menos terminar...

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O Auto do Novo Olimpo Mundano Pt. 3

Terceiro Capítulo: A Rainha

Merlin viajava pra longe
Pra longe, através do mar
Buscava o alto de um monte
Para que com os Deuses pudesse falar

E assim andando sem rumo
Chegou na cidade de ouro
Um paraíso no mundo
Um Oasis feito de tesouro

E num trono bem alto no céu
Ísis lhe observava
Envolta por fel e por mel
Disse que só o esperava

Disse-lhe que ouvira suas preces
E que por ele havia velado
O protegido de todas as pestes
E o seu caminho guiado

Mostrou-lhe sua própria magia
Pois lhe garantia o sucesso
Contou sobre sua alegria
De conhecer seu bardo de perto

Merlin contou sobre dias passados
Quando havia orado por alguém
E ela disse sobre como o tinha amado
E garantira todo o seu bem

Pois Ísis era Deusa dos pobres
Dos fracos e dos oprimidos
E Merlin que nunca fora nobre
Precisava ser então protegido

Ísis lhe amava sem razão
Pois ele acabara de lhe conhecer
Mas sentia no seu coração
Que o amor não tardava a nascer

E o amor entre os dois permanece
A protetora e o protegido
E quando Ísis escuta sua prece
Sempre protege o seu escolhido

Reflexo

Nós somos reflexos
De tudo o que falamos
Tudo o que pensamos
Um pro outro por querer
Somos como amantes
Em segredo, vacilantes

Reflexos, quase espelhos
Das atitudes tomadas em conjunto
Da sincronia nos assuntos
Somos frutos do acaso
Dois ideais compartilhados
E dos tempos assombrados

Estamos distantes e bem juntos
Sentimentos obscuros
A busca por portos seguros
A união de dois mundos

Somos reflexo um do outro
E a timidez de um só encontro
As palavras ainda não ditas
Unidos pelas mesmas feridas

Soneto da Inconsciência

Eu sou a dor do novo encontro
A agonia da poesia
A tristeza e a Alegria
Eu sou a decepção

Eu sou Deus e o Diabo
Misturado em um só
Sou o nó e sou o pó
Sou apenas ilusão

Eu sou o escrúpulo que lhe falta
Sou a queda mais alta
Sou incômoda emoção

Sou a reunião de inimizades
Sou a trégua de maldades
Sou a pura necessidade de Perdão

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O Auto do Novo Olimpo Mundano Pt.2

Segundo Capítulo: Kallisti

Merlin havia a pouco se tornado um bardo
Sua fama aos poucos se espalhava
E suas histórias ele contava
E sempre era aclamado

“Lembro-me de uma história agora
Sobre uma deusa distante
E um julgamento vacilante
Que realizei em uma hora

Éris, assim foi chamada
De uma beleza infinita
Mas sempre muito aflita
Pois sempre era desprezada

Eis que um dia ela cansou
Resolveu a todos enfrentar
E sem outra vez pensar
Seu pomo à terra lançou

Discórdia, sua maçã dourada
Com a inscrição severa
“De todas, a mais bela”
Havia de ser consagrada

Ofereceram-me a mais bela
Força e sábias sentenças
Mas eu mantinha a crença
De que escolheria ela

Pois por seu pomo dourado
Eu havia me perdido
Fui a guerra submetido
Pois dele eu havia provado

E entre nós houveram guerras
Palavras dolorosas e belas
Atitudes fracas e severas
Mas todas as coisas eram sinceras

E a Discórdia, minha Deusa
Escolhida pela beleza
Pela luta e a franqueza
Tinha-me com toda certeza”

domingo, 17 de janeiro de 2010

O Auto do Novo Olimpo Mundano Pt. 1

Esse é um conto dividido em sete capítulos que contará sobre os encontros de Merlin.


Primeiro Capítulo: A Encruzilhada


Merlin seguia seu caminho
E por ventura do destino trilhava-o sozinho
Seguia o passo a passo olhando pra frente, em paz
Pois tudo o que tinha deixado para trás

Passava distraído por uma encruzilhada
O caminho tomara de alma lavada
Quando de súbito surgiu a Deusa
Hécate escondia dele toda a sua beleza

Merlin fascinado com tal companhia
Ajoelhou-se na hora e conteve a alegria
Pois ela se escondia por medo do encontro
Por medo de Merlin, que estava pronto

Dias passaram nessa situação
E Merlin mantinha sua posição
Só se levantaria por vontade divina
Só se moveria por aquela menina

Mas ela era deusa dos caminhos cruzados
E os caminhos de ambos estavam traçados
Merlin não podia seu caminho mudar
Mas prometeu pra ela um dia voltar

Enquanto no submundo ela esperava
Por outra chance Merlin lutava
O encontro sonhado parecia impossível
Mal sabiam os dois do futuro terrível

E ainda hoje estão separados
A Deusa noite e o seu jovem bardo
Hécate tinha que cuidar do destino
E Merlin devia seguir seu caminho.

Les Pensées Qui Glacent La Raison

Tempo...
Tempo...
Tempo...
Pare.

Pare.
Pare e olhe o que você fez
Pare.
Pare e pense em tudo outra vez.
Tempo...
O relógio corre contra suas atitudes
Tempo...
Não há tempo pra rever conceitos e virtudes
Viva?
Não se abale com tudo o que lhe aconteceu
Mude?
O que importa é o que você fez em relação ao que viveu

Sinta.
Se perder as vezes é melhor do que se achar
Sofra!
As vezes uma mentira é melhor que uma verdade vulgar



Destino.
É tudo uma questão de peças dos Deuses?
Corra!
Saiba que só lhe restam alguns meses
Pense.
Os sentimentos as vezes congelam a razão
Sinta?
A razão as vezes é só um setor do seu coração

Viva...
Enfim, viva o tempo que lhe sobra sem se preocupar com danos
Morra.
E lembre-se de incluir uma morte leve em seus planos.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Tic tac.

Distanciar-se de sentimentos requer pratica e tempo.
Como tudo que segue conceitos há um lado bom e ruim.
Escrevo agora como se fosse velho. Sobre tempo que ainda não me atingiu.


Toca o tempo, corre sedento
No ponteiro do relógio.
Corre sozinho quem antes
Corria junto.
Hoje se cala quem falava
De palavra em palavra,
Pra falar ao relento
Da teoria do fim do mundo.
Antes não se reclamava
Da dor e da agonia
Se de amor era ou de folia
Só se cantava e escrevia.
Meu bem, me falam tanto
De tecnologia e evolução
Dizem que o meu tempo
O tempo já levou.
Que hoje correm novos pensamentos
E uma nova revolução industrial.
Mas eu ainda não entendo
Os mesmos são os sentimentos
E ninguem ainda os decifrou.
E nem sabem mais como transformar
Um triste fim em alegre canção.
Se embriagam tão menos quanto
No meu tempo era os sãos.
E dizem que o vento
Sopra diferente do meu tempo
Com menos conversa e poesia
E mais poluição.
Mais sintetismo, sem os sentidos.
E menos coração.

Vitor Hugo Morales

Ode a Lua Nova

O tempo passa, a lua muda
A vida passa, os anos vem
O mundo segue sem a sua ajuda
A vida não para quando lhe convém

A cada lua uma mudança
O tempo passa e nós nem notamos
A contínua insegurança
De tudo o que nós tentamos

A lua cheia fascinante
Sobre a crescente nada a dizer
Poucos reparam na minguante
Procurando algo pra se ver

A lua nova é o que me toca
Me fascina, me toma, enfim
A beleza de um mistério se
É um recomeço ou o fim...

Escribe solamente escribe.

Alguns como são de mérito
Poucas palavras bastam
Porém ao todo de certo
Falhos olhares não calam.

Embriagai-vos ao menos!
Filosofos recitam ao vento:
Embriagai-vos no tempo,
Para que o tempo não calai-vos.

Seguir regras importuno é.
Pois até no inferno
Uma pobre alma requer.
Se no todo um preço se cobra
Por toda história algo se deve,
No limiar oferecer uma prosa.

Aos poucos se pensa
Apesar da enorme diferença:
A culpa é do tempo que se afasta.
Eu digo: seus porcos !
Não sabes a diferença entre a morte
E sua felizarda sentença !

Pois a um pobre Fausto:
Eu sei de mais porem
Não tudo que quisera saber.

Vitor Hugo Morales

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Quando Aperta-te o Peito

"Aspire os meus erros e os joguem fora
Limpe os vestígios, lustre os absurdos
Com esforço talvez se tornem glórias"


Pois se passam os tempos e os meus erros só mudam de quantidade e tamanho
Os vestígios continuam sempre presentes em forma de pequenas pontadas casuais
Os absurdas são mais raros, mas quando chegam são devastadores
As glórias? Se resumem a pequenas resoluções de problemas velhos até demais

Minha vida está cada vez mais próxima de um campo de batalha
Meus amores parecem cada vez mais distantes e ausentes
Meus amigos são tentam fazer com que o esforço de uma vida valha
Mas por estarem, necessariamente, ocupados não podem também estar presentes

Minhas escolhas são cortadas, limitadas, destruídas
Futuro é uma palavra que hoje só me da medo
Minhas palavras saem como se fossem partidas
Sentimento e razão, como se partidas ao meio

Pelo que lutar? O que melhorar? No que se engajar? Por qual mão morrer?
Eu tenho o direito de interferir em algo que não está em minhas mãos?
Trilho caminhos estranhos. Faço escolhas banais. Vivo só por viver.
Penso no que já pensaram, me guio por alguns puros pensamentos vãos

Tento me esconder de mim, de ti, de alguém e de todos
Acabo escondendo todos de mim e conhecendo minha vaidosa ira
Penso em sete, que são oito juntos e uns separados aos poucos
Continuo acreditando na minha própria mentira




(Trecho em itálico retirado da música "Poema de Batalha" da banda Transmissor)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Merlin e o Demiurgo

E no chão estava o corpo...
Merlin , o mago, humano, vivo
Jogado no chão meio que morto
Punha-se a pensar no que tinha vivido

“Se o mundo chega a mim através de meus olhos, logo posso concluir que é uma questão muito pessoal.
Se minha mente cria as imagens tendo como base uma idéia que também é minha sobre como as coisas são, logo quem cria meu mundo sou eu mesmo e nele existem todas as coisas que eu quiser enxergar.
Sendo assim, quantos mundos podem então existir em um só? Se eu sou um mundo e você é outro?
Como pode então existir um Deus? Afinal sua imagem básica é o de um criador, mas na verdade quem tudo cria sou eu.
E como podemos ser tão diferentes e tão iguais ao mesmo tempo? Afinal meu mundo é o ‘Eu’ e o seu mundo pra mim é o ‘Você’, mas para você seu mundo é o ‘Eu’ e o meu mundo é o ‘Você’.”

Diante da dúvida Merlin se torturava
Procurava as respostas, mas nunca encontrava
Olhava pro céu buscando sinais
Procurando o divino e não meros mortais

Eis que surgiu uma sombra no céu
Uma sombra coberta de claro véu
Olhou para o homem que a invocara
E se apresentou com a resposta que sempre buscara

“Meu nome é Consciência, sua Consciência sempre ao seu dispor.
Eu sou a prova de tudo o que disse, afinal eu sou sua mente exteriorizada conversando com você, e só me mostrarei a você.
Vim lhe mostrar o que você ainda não enxergou e que caberá a você mostrar aos outros homens que buscarem alívio de dores existenciais.
O mundo é um só Merlin, você o adapta da forma como lhe for melhor. As pessoas se diferem assim, pois se todas vissem o mundo da mesma forma seriam então a ‘mesma forma’.
Os Deuses criaram um plano e criaram os homens para modificarem esse plano, essa é a real idéia de Deus.
O verdadeiro Demiurgo é aquele que cria universos, e não se limita a pequenos mundos. Se juntarmos você e mais um humano que tenha seu próprio ‘mundo’ criaremos assim um universo, ‘Eu’ sou ‘você’ e ‘você’ é ‘eu’, mas lembre se que podemos ser ‘nós’”

Merlin sentiu sua cabeça latejar
Deitado na grama, acabara de acordar
Lembrou se da sombra vestida de véu
Que havia descido do seu próprio céu.

Lembrou se do “eu”, do “você” e do “nós”
Abrindo a garganta, falhava sua voz
“O Demiurgo não deve se limitar”
E foi embora para o Universo criar.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

In Aqua Scribere

É necessário a descrença para que haja fé
E o descumprimento para que o juramento valha.
Mesmo que as palavras sumam ou nem sempre saiam
Saiba que o pensamento não falha.


"Só o que digo enfim pra vós
É que nem sempre deves confiar em nós
Somos apenas uma mentira bem contada
Ou quem sabe até a verdade inalterada

Uma face atrás de quatro
Um rosto a menos no retrato
Um sorriso de relance
Uma palavra que te alcance

Só o que deves saber
E jamais então esquecer
É que a verdade é só uma
E não há verdade alguma"

(trechos do poema Sou, de autoria da Díade)

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Octeto

São oito vãos mandamentos
Oito amigos sedentos
Oito velhos juramentos
Oito pra cada momento

São justo oito caminhos
Oito dedos no gatilho
Oito ferozes moinhos
Oito com quais compartilho

São oito e um pecado
De nunca terem amado
Os oito como deviam ter

São oito e um só adeus
Deixaram na mão de um Deus
E foram os oito viver