quinta-feira, 26 de maio de 2011

Réquiem de um Futuro Nosso

Eu resolvi desfazer meus limites
Eu tinha decidido que não poderia mais haver nada de bom na minha vida sem você por perto, mas você também decidiu que não poderia haver nada de bom com você ao meu lado.
Eu tinha me entregado, decidi que sua vontade era a minha vontade, que você era certa e única, mas você decidiu ser a única a insistir no mais errado pra mim.
Tinha permitido tudo a ti, deixei você escolher, e pretendi pra ti um livro aberto, mas você não me permitiu nada, nem saber o que pra você era certo ou errado.
Eu tinha me estragado, escolhi a sua verdade como minha verdade, fiz de minha vida uma crônica, onde a nota tônica, você, também era a nota do fim.

Tudo começava e terminava em você
Pois sem ti nada tinha porque
Nada era verdadeiro
Minha vida parou por tantos anos
E eu refiz todos os meus planos
E você era deles o primeiro

Eu perdi cada momento de paz
Pra sempre correr atrás
De ti na contra mão
E agora eu acordo de novo
Perdido e sem voz, no meio do povo
Sem espada, escudo ou coração

Mas resolvi desfazer meus limites
E embora não mais acredites
Ainda espero um futuro nosso
Mas agora acho que ficou tarde
E prefiro ir embora sem fazer alarde
Pois eu te amo muito mais do que posso

terça-feira, 24 de maio de 2011

Jantar de Despedida

Eu não sei mais como esperar
Há meses você foi embora
Disse sobre mil coisas a se concertar
Mas como fazê-lo, você ignora

Eu sei sobre tudo que há pra mudar
E sei que posso começar agora
Você me disse que iria voltar
Mas nunca disse a hora...

Eu não sei mais do que tinha certeza
Eu não sei nada mais sobre eu e você

Eu preparei o jantar e arrumei a mesa
Esperei por você bem de frente pra porta
Eu não sei mais do que tinha certeza
Mas tenho certeza de que você não volta

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Alma Perdida

"Toda esta noite o rouxinol chorou,
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma da gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!

Tu és, talvez, um sonho que passou,
Que se fundiu na Dor, suavemente...
Talvez sejas a alma, a alma doente
Dalguém que quis amar e nunca amou!

Toda noite choraste...e eu chorei!
Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós!

Contaste tanta coisa à noite calma,
Que eu pensei que tu eras a minh'alma
Que chorasse perdida em tua voz!..."

Florbela Espanca

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Só existe você

"Pensei morrer, senti de perto o frio,
e de quanto vivi só a ti eu deixava:
tua boca era o meu dia e a minha noite terrestres
e a tua pele a república fundada por meus beijos.

Nesse instante acabaram os livros
a amizade, os tesouros sem trégua acumulados
a casa transparente que tu e eu construímos:
tudo deixou de ser menos os teus olhos

Porque o amor, enquanto a vida nos acossa
é simplesmente uma onda alta sobre as ondas
mas ai quando a morte nos vem tocar á porta

Só existe o teu olhar para tanto vazio,
só a tua claridade para não seguir sendo,
somente o teu amor para encerrar a sombra."


Pablo Neruda
soneto XC, do livro 100 sonetos de amor

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Pra Amanhã

Vai passar, eu sei que vai.
Toda essa dor que nos mantém prisioneiros,
Essa angústia de acordar sozinho todo dia
Tudo isso vai passar.

Nossas incertezas são importantes
E nossas certezas inconstantes...
Não sabíamos o que queríamos,
Mas é passado.

Olha, olha a foto que guardei
De tantos anos atrás.
Olha teu sorriso nela,
É o mesmo de hoje, embora nada mais seja igual

Nossa mudança é evolução
Nossa distância é elementar
Nossos problemas, adaptação
Ao teu lado, o meu lugar

Pra Ontem

A gente já se machucou demais
Muito mais do que devíamos
Talvez por termos vivido mais
Bons momentos do que merecíamos
A gente já deixou pra trás
Muitas datas relevantes,
Descasos importantes
E outros tantos problemas marcantes
Mas saiba, tanto faz

Estranho esse meu egoísmo
Que quase nunca me faz bem
Que me leva a querer tanto
A tanto tempo um só alguém
Estranho e ter todo esse amor
E as vezes ver que não nos basta.
E ainda assim saber tão bem
Que o tempo não o gasta.
Não

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Sangue Quente

Eu tentei ficar de pé e me mostrar valente
Pretendi ter outra fé e sangue ainda quente

Pois então, cansei da solidão acompanhada
Cansei dessa emoção desajustada
Dessa sensação de não ser nada, não ter nada
Talvez não seja nada... não valha
Talvez seja só falha, não sei. Não!
Talvez só compreensão... incompreensível
E a gente se retalha assim, só pela diversão
Só por um domingo que não chega e passa rápido
Inatingível.

Rápido demais. A gente foi longe, muito longe
Muito rápido.
Você não sabe o que é sentir e eu nem sei mais não sofrer
E agora enquanto vais dormir eu viro a noite a lhe escrever
Sobre como nunca lhe ter é pesado
Sobre como meus dias estão...
Vagos.

Há espaços por aqui. Lugares vagos (coração?)
Jamais estarão, você os dominou
Seu nome se gravou, feito tatuagem
Que nem sei mais se tens a coragem (de gravar)
Que tinhas quando falava no futuro
E eu cego e no escuro, que é o que você chama de amar...
Pois bem, querida, deixe estar.
Espero a noite acabar e vou embora
Já tem sol lá fora e gente que me inspira
Você é única pra mim, mas acredite, o mundo gira
E seu tempo vai passar.

Espero que mais coisa passe.
Espero no fundo um desenlace: se me queres, vem
Se não sabes, tudo bem... me acostumei a viver sem
Sem amor e sem resposta, sem defesa, cara exposta
Sem você e nem ninguém.
Por sorte guardei a mim mesmo. Minto
Vaguei a esmo até aqui, só pra lhe dizer que sinto
Amor, ódio, alívio
Dor. E ainda guardo o teu sabor
Doce amargo (triste fardo).

Anote aí meu telefone, me ligue quando puder
Quando quiser, mas só se der e tiver tempo
Pois é certo que um momento não há de bastar
Eu tenho fome do teu nome, amor, tenho sede da tua voz
(Pena que não posso falar por nós) Quero você a noite inteira
De segunda a sexta-feira, mesmo sem vontade (verdadeira)
Mesmo que em outra cidade.

Não me culpe se te quero e faço tudo por você.