sábado, 28 de fevereiro de 2015

Reality Show

Começa outro episódio da novela do homo sapiens
Está à prova a sabedoria da espécie: estar sozinho no universo causa-lhes desconforto?
Olha ao lado e reconhece teu vizinho, lembra que ele não é de outro planeta
A verdade é que essa raça está sozinha em qualquer circunstância, buscamos apenas a solidão do outro planeta. Devemos mostrar o quão inconvenientes somos para todos os seres do universo.

Cadê teu criador? A prova final de sua solidão é nunca poder dividir o fardo de sua própria existência.
Ajoelha e confia naquele que está no patamar acima, mesmo que a distância seja apenas um degrau, é necessário ser inferior pra almejar o superior.
Não interessa quanta vida há espalhada pelo espaço, você mal tem espaço pra viver aqui na terra.
Sente e chora, meu amigo, é só o que te resta.

Não tem nenhuma mão amiga, desapega da sua infância
Só nela haviam contos de amizade e de amor
Não há final feliz pra quem evolui pra pior
A gente era muito mais quando não era nada

Não há filosofia e nem ciência que te explique porquê você é um peso morto pra si próprio
A tua espécie é destinada a só ser capa da revista das tragédias da semana, compra o folhetim que conta a sua passagem do céu ao purgatório.
É só o que você tem nesse mundo pra te distrair
Enquanto eles difundem a vida repetidamente no noticiário
Poderia ser você, mas é qualquer outra pessoa, ninguém mais nota a diferença

Quando notar já vai ser tarde.
Estará acorrentado ao sofá com instrumentos pré-históricos: o controle da tv e o guia da programação
Mas é normal se perguntar se há vida lá fora.
Afinal essa tua vida é um completo tédio.

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