terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Crise

Deixar registrado o que ainda está por vir
É o hábito mais velho que preservo em minha vida
Vou guardando sentimentos pra depois me dividir
E curar com amargura as marcas de minha ferida

Eu sempre traço os mesmos passos, cometendo erros iguais
Mas agora estou cansado de ser fonte de atrito
E se eu não sei parar, pelo menos me limito
Aos ouvidos daqueles que eu sei que são leais

Guardo aqui mais uma face e um complexo discurso
E devo seguir o curso dessas ilusões nocivas
De que as coisas se somam e se constroem sem abuso
E que as esperanças permanecem sempre vivas

E será que isso ainda importa quando acaba a terça-feira?
Meus dias são espera de outros dias que virão
E se vier alguma crise, nem seria minha primeira
E se não vier a crise é porque vem a solidão