sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Outros

Duas doses, um cigarro, três cadeiras, solidão
Resume essa passagem conturbada pela vida
Sei que é cedo pra encerrar, muitas doses chegarão
Cadeiras irão faltar, cigarros se apagarão

Troco olhares, troco as pernas, troco tudo por trocar
É só um jogo meu amigo, não interessa o vencedor
Lanço os dados e abro as cartas, o que vale é apostar
Ganhei todos os dias, invariável perdedor

Venham doses, venham pernas, que venha outro lugar
Venham tintas diferentes pra pintar outro cenário
É só um jogo meu amigo, se distrair, não se lembrar
Das derrotas de outro ano que estão fazendo aniversário

Duas doses, um cigarro, três cadeiras, solidão
Passagem conturbada nessa vida resumida
Sei que é cedo pra dosar as tristezas que virão
Outras irão passar, outros se apagarão

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Contas

No final das contas quem é que paga as contas?

Eu vivo nessa espera do que vem logo a seguir
O eterno desespero, sem saber o quanto vale
O quanto custa a minha ausência, o quanto ganho estando aqui
Será mesmo indiferença esperar que o mundo pare?

Será que é mesmo necessária a minha palavra no final?
Se é muito igual ou diferente, o que muda nisso tudo?
Eu mudo as coisas de lugar mas é tudo tão banal
As coisas mudam de lugar e o que muda nesse mundo?

Eu rasgo o véu e mostro a face para um mundo que é doente
E a gente peca novamente esperando não pecar
A gente corre atrás de tudo, agarra o mundo pelo dente
Eu faço as coisas certas sabendo que irei errar

No final das contas quanto eu devo de consumo?
Vale mais o que eu não tenho do que o empenho em conquistar
Sigo a sina, assino o cheque, será que isso mostra rumo?
Sigo a ordem misteriosa: sempre ser, nunca estar