domingo, 28 de agosto de 2011

Vida Vazia

Amanhã eu vou acordar, simplesmente por não conseguir mais dormir. Amanhã eu vou me levantar por nada, vou me arrumar por nada, vou me mover por nada. As manhãs perderam seu gosto de recomeço, as noites perderam seu ar de renovação. As pessoas perderam suas vozes e suas cabeças. A música perdeu o sentimento. Eu perdi a direção.

Não tem nada que me doa tanto quanto não saber o motivo de cada uma de minhas ações. Eu faço coisas pensadas e repensadas que no final significam sempre a mesma coisa: nada. Não me resta uma gota de vontade... respirar é uma tarefa cada vez mais saturada. Pra que insistir em algo que não está me dando nada em troca? Antigamente eu responderia paixão. Hoje eu não respondo mais.

E eu continuo frequentando os mesmos lugares, continuo conversando com as mesmas pessoas, continuo cultivando as mesmas dores e colhendo apenas angústia. Eu continuo sendo aquele que se senta sozinho em frente ao volante e pensa se realmente há algum lugar pra onde se deve ir. Eu continuo sendo aquele que se senta sozinho de frente pro computador e de repente acorda sozinho entre tantas pessoas numa sala distante, escutando coisas que nem sabe se são verdades, e mesmo que sejam, são verdades que já não me dizem nada.

Mas devo continuar, porque esperam alguma coisa de mim. O sangue que eu já derramei nunca bastará. O suor que escorre no meu rosto é muito pouco. A luta de cada dia não significa nada pra quem se conformou em continuar lutando. A dor de cada suspiro que se dá não é nada pra quem só sabe sentir o que já sentiu antes. Quem abriu os olhos pra verdade da vida fez questão de esquecer o sentido de viver.

E a gente nutre a falta de sentimentos. A gente cria as nossas próprias armadilhas, pra tornar a vida mais "emocionante", e quando a gente cai nelas, lembramos que esquecemos de pensar em como escapar depois. Talvez seja melhor sentir dor do que não sentir nada, mas eu me pergunto, e quando a nossa dor é justamente não sentir nada?

Eu só sei de mim... só sabia de mim... um dia acordei e não sabia mais nada. Eu só sei do que não sinto. Só sei do que não quero. Só sei que não espero mais nada de ninguém, muito menos de mim mesmo. Me satisfaço com a estagnação. Me conformo com o estrago que já foi causado e não sei se vejo perspectivas de reparação.

Um dia eu acordei e só vi ar pela janela. Um dia eu olhei fundo nos olhos de alguém e só vi as minhas lágrimas secas. Um dia eu acordei a vida já não era nada. Essa é a resposta: não há resposta pra essa vida.
Vida vazia...

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

À Desconhecida

Acho que estou trocando as coisas de lugar
Não sei o que vejo e o que sinto
Não sei o que conto e o que minto
Não sei mais o que deves escutar...

Sigo a sina de estar me confundindo
Ou espero, te iludindo
Ou te espero vir sorrindo
Dizendo o que eu mais quero escutar...

Talvez por puro fascínio e ilusão
Talvez algum princípio de razão
Talvez seja essa curiosidade

Só sei se quero mais que devo
Mas mudar isso... não me atrevo
Pois de ti, não quero só saudade

Escreve-me

"Escreve-me! Ainda que seja só
Uma palavra, uma palavra apenas,
Suave como o teu nome e casta
Como um perfume casto d'açucenas!

Escreve-me!Há tanto,há tanto tempo
Que te não vejo, amor!Meu coração
Morreu já,e no mundo aos pobres mortos
Ninguém nega uma frase d'oração!

"Amo-te!"Cinco letras pequeninas,
Folhas leves e tenras de boninas,
Um poema d'amor e felicidade!

Não queres mandar-me esta palavra apenas?
Olha, manda então...brandas...serenas...
Cinco pétalas roxas de saudade..."

Florbela Espanca

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Meu Futuro A Quem Pertence?

Eu sempre soube que esse momento chegaria. Eu sempre soube que chegaria um tempo em que todos os maiores erros que eu cometi durante a minha (curta) vida voltariam para me assombrar e que eu não teria esconderijo nenhum. Eu sempre soube que quando eu mais precisasse de você, não poderia contar contigo pra nada, nem mesmo para um cerveja e algumas palavras pra me confortar.

Esse tempo sem você tem sido muito difícil. Não foram raras as vezes em que eu me vi admirando as nossas fotos antigas... me perdi no meio dessas fotos, até o dia que as apaguei por pura covardia, já não aguentava mais amaldiçoar o presente, simplesmente por ele não ser mais o passado. Agora eu sofro, esperando um futuro que nem Deus sabe se existe

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Embora Pareça Tarde

Vou embora, que já se faz tarde
Você parou o seu relógio, mas meu tempo continua correndo
E assim sendo, não há mais nada para mim aqui
Não há mais nada para mim que venha de ti
Não há mais nada... nada

Vou embora, que já se faz tarde
E depois de tanto alarde, é hora de começar a correr
Contra o tempo, desfazer os contratempos
Refazer o que eu perdi, repensar o que vivi
E pensar em como a vida ia se acabando

Vou embora, que já se faz tarde
E vou tarde, muito tarde
Perdi tanta coisa te guardando
Que agora nem sei o que guardar
Não creio mais no verbo amar
E nem em quem diz estar amando

Embora esse seja o fim
Acredito em outro começo em outro lugar
Em outro caminho que tenha destino
E que eu saiba que valha a pena traçar
Vou embora sozinho, mas dessa vez, com vontade de chegar