sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

21 de Fevereiro

Volto a sofrer com o vil açoite da memória
E parto-me, seguro de que já não sou mais nada
Devo conter o impulso de continuar a história
Aceito ser pra ti apenas página virada

E as vezes vem essa tristeza, não sei como evitar
Fostes o amor que arrebatou inteiramente minha vontade
Hoje temo padecer diante de tanta saudade
Sei, não passa de um delírio, mas sigo a te esperar

Talvez o universo nos reserve um recomeço
Mas não vou buscar conforto neste doce desatino
Já me basta a solidão, outra sorte desconheço
Tu jamais fizestes parte deste irônico destino

Resta em mim contentamento, nosso tempo aconteceu
E vivi ao lado teu amor que nunca mais senti
Mesmo hoje, entristecido, busco meu alento em ti
Saiba que meu coração será, pra todo sempre, seu



sábado, 1 de fevereiro de 2020

IV

Como a triste melodia que teima sempre em repetir
Eu vou empurrando os cacos de minha vida pela estrada
E fugindo do ideal, nutrindo a dor romantizada
Assisto novamente minha ilusão ruir

Segui em frente, crendo em sonhos tão reais
Então acordo de repente, solitário e indisposto
Vou enfeitar a história desse amor e seus sinais
Mas não posso disfarçar o amargo riso de meu rosto

Foi tão doce a tua aurora, meu romance derradeiro
Acendeu em mim as luzes que há tanto se apagaram
Me fez crer que era possível finalmente ser feliz

Se pedisse pra ficar, entregaria-me por inteiro
Mas seus olhos me confessam: seus esforços já cessaram
Resta apenas um adeus ao amor que eu tanto quis