sábado, 21 de julho de 2012

A Lista

"Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?
Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?"

Oswaldo Montenegro

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Doce Rotina

E do silêncio fez-se o som
O murmúrio abençoado
Nesse quarto esfumaçado
Fracos traços de homem bom
Eu deixo o violão de lado
Da janela cai o sol
E escondido no lençol
Recrio um sonho inacabado

A madrugada é minha casa
É onde eu perco a essa postura
Deixo solta a criatura
Que desses duros dedos vaza
E assim reconto a amargura
Nos mesmos versos de outros dias
Lembrando tantas noites frias
Que nem a lua me atura

E é assim que escrevo o canto
É assim que canto a vida
Em meio a crença dividida
De que vivo pelo encanto
E assim pago minha dívida
Por respirar pela manhã
E assistir a vida vã
Que surge pela rua tímida

terça-feira, 3 de julho de 2012

Restos de Outro Ano

As horas passam
Enquanto eu fico aqui parado
Me mato mais de trago em trago
Conto cigarros pra acabar

Pessoas passam
O mesmo passo acelerado
E aquele olhar de preocupado
Sempre com pressa de chegar

Eu sento novamente à mesa
Fecho novamente a porta
Nutro sempre essa certeza
De que a saudade corta

Estou aqui pra contar o que restou
De mais esse ano que passou...

domingo, 1 de julho de 2012

Nada Além de Nós

Junho foi embora e me deixou pra trás. Me deixou aqui, sentado na varanda, esperando a hora que esse aperto no peito vai passar. Junho foi embora e me deixou sozinho, completamente sozinho. Eu estou sentado na varanda, fumando meus cigarros intermináveis, enquanto você não se importa, isso é o que mais dói.



Julho já chegou. Bateu na porta, mas eu ainda não sei se estou pronto pra deixá-lo entrar, não sei se é tempo de me abrir. Quantas mudanças virão com esse novo mês? Você vai estar aqui? Ou vai continuar tão longe? 



"A minha saudade é uma ponte
Eu a atravesso para que assim veja você e só assim
Me encontro, e não me acostumo e nem me conformo
Não espero de nós nada além de um sim"



Sim, é verdade. Eu continuo atravessando... Pontes cada vez mais largas, pra atingir alguém cada vez mais inatingível. Talvez seja por isso que esses versos lhe agradam, por saber que sempre serei eu quem não espero nada além de um sim, enquanto você pode usar todos os nãos.


Mas não espere que o mesmo homem bata sempre na sua porta. Já não provo meu amor pelo sofrimento e sim por continuar ao seu lado independente de cada uma das suas crueldades comigo. E quando seus olhos se fecharem para mim, meus braços se cruzarão pra você.


Eu vou deixar Julho entrar e se sentir em casa... Aprendi que quanto mais frio o inverno se torna, mais próximo ele está do seu fim... ou do nosso.