segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Às Duas Horas

Tudo aquilo que me cerca veio a tona às duas horas
Todo tipo de fantasma que me faz alucinar
E as contas que eu já nem sei mais como pagar
O tédio e a solidão que nunca mais irão embora

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Nota #4

Dá-me a insanidade toda ou a toma por completo
Pois pra aceitar o drástico só me falta um modo fácil
Me poupa a dor da despedida com qualquer carrasco hábil
Ou então atende a prece e encerra meu destino


Não existe outra saída da minha própria consciência
E no fundo eu sei que nem com a intervenção vem a melhora
Se eu preciso sofrer mais, pago esta conta e vou embora
Já me tiraram tudo que eu amo e necessito


Então, só desta vez, volta os olhos ao lamento
Eu sei que sou culpado pelos erros e agonias
Embora meu desejo fosse apenas alegrias
Nem sempre a conclusão é resultado do intento


Eu aceito a penitência que se aplica aos desistentes
Não pode ser pior do que continuar aqui
Me satisfaz a experiência disso tudo que vivi
Que venha qualquer coisa pelo menos diferente

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Corte

O destino desses versos é padecer na tempestade
Ser recorte da tristeza que teima em se repetir
Ou o corte em minha pele pra deixar a dor sair
Algum dia a despedida se tornará verdade


quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Vitrines

Portas e janelas pro vazio de minha alma
São essas madrugadas que passam tão rapidamente
É a falta de rotina que me fez inconsequente
Que agora vai levando o que restava de minha calma

São lençóis que não se lavam e carregam meu suor
Conquistado ou derramado sem calcular as penas
Eu que carrego o peso de ser quem tu condenas
Se eu não estivesse aqui tudo seria bem pior

Mas já estou muito cansado dessa velha redondeza
Retiro do jardim o sinal de minha existência
E resguardo para o fim o que sobrou da paciência
Para o derradeiro ato venho somando minha frieza

E logo não sobrou mais nada, só o que guardei aqui
Uma pilha de derrotas pra rimar com solidão
Sobra desespero e falta alguma solução
A vitrine escurecida das tristezas que vivi

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Sobre a Tempestade #1

Malfeito realmente feito e a gente permanece
E se olha no olho pra saber que isto é real
Veja bem, minha cara, a gente é tão racional
Com uma dose de conversa todo erro se esclarece 

Somando as nossas dúvidas encontraremos soluções
E no mais não leve as coisas como cálculos numéricos
A vida é tão repleta de problemas e mistérios
Não dá pra calcular a sorte nestas equações

E tudo mais deve passar, quando é que é diferente?
As coisas se constroem com as possibilidades
Então se esquece do resto e me acompanha na cidade
Como se tudo no mundo fosse feito só pra gente

E o que é que mudaria, se pensarmos de verdade?
Se fosse outra pessoa isto seria diferente?
Afinal de contas, aqui dentro ainda está quente
Mesmo que la fora caia qualquer tempestade

O que eu quero lhe dizer é que a gente só se soma
E que o jogo perigoso é só um jogo que se ganha
E que por mais que solução pareça um tanto quanto estranha
O caminho faz sentido quando a gente o toma

E isso tudo não diz nada, pelo menos para mim
Eu jamais teria medo das minhas próprias escolhas
O que me pesa a cabeça eu desanuvio em folhas
E se não funciona é fácil decretar o simples fim

Não me assusta e não te assusta, vamos admitir