tag:blogger.com,1999:blog-37822767668000342032024-01-09T08:21:08.014-03:00In Aqua ScribereUma onda que se alevantouMatheushttp://www.blogger.com/profile/03066925736438399475noreply@blogger.comBlogger770125tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-78939800206399462062023-09-21T03:20:00.010-03:002023-09-21T07:02:32.927-03:00Confraria<p> <i> Prelúdio</i><br /></p><p><span> </span><br /></p><p>Esvazio-me, como de costume, </p><p>No clímax de outra madrugada desperdiçada entre excessos e promessas.</p><p>Solenes companheiros de esquina, trajetos repetidos,</p><p>E a conhecida sensação de sermos apenas nós, amigos do acaso, </p><p>Contra toda sorte de transtorno que a vida tem a oferecer...</p><p>Ao fim, resta remorso,</p><p>Não por qualquer traço de moral que os inomináveis detentores da sociedade</p><p>Garantem, vergonhosamente, ser um único caminho para o céu,</p><p>Mas por saber que nosso cinismo já nos deixa mais próximos do inferno.</p><p><br /></p><p>Viver é fácil, </p><p>Basta deixar que o vento sopre e as tempestades caiam, <br /></p><p>No meio tempo tudo é só uma trovoada,</p><p>Um relance breve de uma eternidade vaga,</p><p>Um sopro fresco ou um choque forte,</p><p>Qualquer caminho serve quando nada leva a lugar nenhum.</p><p><br /></p><p>Retas traçadas, viagens repartidas, sonhos que temos adiado pela falta de coragem.</p><p>Busca aí outra resposta, qualquer coisa que não fale de energia</p><p>E da vontade incognoscível de seres míticos.</p><p>Esta confraria reúne-se para admirar os mais belos fracassos,</p><p>E a culpa é de cada um de nós.</p><p><br /></p><p>A César o que é de César, </p><p>A Ulisses o que é de Ulisses,</p><p>Ou Douglas, Daniel, William, Leopoldo, </p><p>Aqueles que podemos citar os nomes,</p><p>Todos nós merecemos as moedas de prata que o traidor recebe,</p><p>Por buscarmos, incoerentemente, uma saída para baixo</p><p>Enquanto contemplamos a Lua,</p><p>Os astros,</p><p>O vazio que nada mais pode preencher.</p><p><br /></p><p>O que temos é lindo,</p><p>Patético, mas lindo,</p><p>Pouca coisa importa quando esvaziamos latas e frascos,</p><p>Recipientes sórdidos de angústia,</p><p>Prostrados em um presente com aspecto de passado,</p><p>Repetindo a punição, porque é tudo o que conhecemos.</p><p><br /></p><p>Mas a madrugada acaba ao som da última moeda,</p><p>E logo voltamos à realidade das coisas,</p><p>Tudo aquilo que escolhemos ignorar e logo deixa de existir,</p><p>Afogado pela escuridão da noite e o silêncio das casas vizinhas.</p><p>Prelúdio de memórias fictícias,</p><p>Afinal, o que é real esconde-se muito além desta esquina,</p><p>De qualquer praça ou padaria,<br /></p><p>E já não me interessa nada que eu possa viver de forma prática,</p><p>Hoje só quero sonhar.</p>Ulisseshttp://www.blogger.com/profile/15298875893630208135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-16755097786021780462023-05-13T20:41:00.008-03:002023-05-13T20:41:54.051-03:00Meu Coração<p>Descansa em paz, meu coração...<br />Vê se não vai perder-se em outro recomeço,<br />Culpar os outros pelo teu próprio tropeço<br />E acabar-se nesta angustia sem razão.</p><div>Tu fostes forte e se propôs ao infinito,</div><div>Mas não há amor além da tênue divisória</div><div>Onde o afeto torna-se mais um atrito,</div><div>Resta carinho e a inércia da memória.</div><div><br /></div><div>Desprende-se da mágoa, névoa torpe,</div><div>Esquiva-se da trégua e, enfim, suporte,</div><div>Este caminho há de ser pago com suor.</div><div><br /></div><div>Esconde-se do vício, vasto abismo,</div><div>Entrega-se ao início sem cinismo,</div><div><div>Que o tempo há de provar se foi melhor.</div><div><br /></div></div>Penafortehttp://www.blogger.com/profile/04321514084783355880noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-76599723013430147112022-05-04T22:35:00.010-03:002023-09-21T02:41:23.836-03:00Pira Funerária<p>Tu lembra-se, meu amigo, de quando embarcamos nesta viagem? Crianças auspiciosas, de ímpetos largos e ideias estreitas, tu e eu éramos sonhos prestes a se eternizar. Acendia outro cigarro, elemento curiosamente unificador pra duas almas que pouco a pouco distanciavam-se, dos outros, certamente deles, mas também de nós mesmos, até restar ao outro apenas mão amiga, já seca de essência.</p><p>Por vezes subimos ladeira íngreme, sem deitar ao chão nada além de suor e sorriso, tu sempre foras de disfarçar bem tuas angústias, enquanto eu trovejava firme, com certo prazer em ser ouvido ou ao menos escutado. E aí vinha a decida, que era pra adiar o sonho. Quantas vezes sentamo-nos, já esvaziados de quaisquer sentidos, às portas e portões surrados, meio-fios atravessados, becos sujos, de esquinas duvidosas, um paraíso pra nós dois.</p><p>Pretendo dizer-lhe que havia algo ali, uma lealdade tácita dos pactos sanguíneos de outrora, decisões silenciosas que se transmitiam, de alguma maneira. Tu não cria em nada, mas tentava dizer-me que tu e eu éramos ligados, eu, bruxo autodidata, sempre soube que este teu nome de rei é que me fez de conselheiro.</p><p>Cedi ao encanto, prestei-me a ler teus mapas e as cartas de tua sorte, por anos escondi que este desfecho já nos vinha, pois de cá de minha torre, só restava sombra tua. Teu castelo se fez longo, e logo a caminhada era uma viagem que tu já não permitia-se fazer, flácido de vontade e esgotado de paciência, sentado ao trono deste império, que fui eu quem construí.</p><p>Mas tu desfez o cerco, quis buscar uma outra vida abaixo de tabuletas e panos de mesa porcamente quadriculados. E quando a chuva caía mais forte, tu lembrava-se daquelas tempestades, num sentimento misto de terror e de saudade ao ver que o tempo havia passado, mas teu passado ainda não. De mago ausente, tu cravou tuas armas nas paredes e prometeu a rendição, havia cansado-se do sonho, pois eram tantas as batalhas...</p><p>Agora tu vens, cobrar de volta o anúncio que omiti, como se pudesse encontrar algo que perdeu-se há tanto tempo, algo que não poderia ser substituído, mas que era continuamente esquecido por ti. Teus olhos graves, de ódio e ternura, vão buscar em qualquer sombra a luz de minha fogueira, mas eu já me queimei há muito tempo, majestade.</p><p>E tu vais cantar, tu vais contar a mesma história, por vezes repetida, tu vais citar verdades da mentira que criamos. Já não posso elaborar esta aventura pra nós dois, e como a mim - e sempre a mim - cabe o ofício da escrita, vou guardar-lhe como conto antigo, tal qual aquele que serviu de inspiração à nossa história e descansou na bruma dos sonhos da eternidade.</p><p>Somente a mim cabe este triste ofício, de ser quem tem tudo a sentir, dos feitiços às lembranças, das cartas, das marcas, da pele e do silêncio. Tuas memórias merecem respeito, sem o tom grotesco e mórbido de uma pira funerária, mas da classe de uma nota no jornal da tarde, que vai me fazer sentir mais uma vez todas estas coisas que escolhi evitar, num cumprimento solene de chapéu coco, posso até dar mais um trago pelos santos que intercedem, me levando pra outro mundo, em que tu já não estás.</p><p>A tu ainda cabe a tabuleta, as incertezas deste dia e de outros tantos que virão, sem previsões, nem maldições, sem ninguém pra te avisar. A nós cabe esta nota de viagem repartida, eu entrei pelo retorno, </p><p>Tu buscaste outra saída.</p>Ulisseshttp://www.blogger.com/profile/15298875893630208135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-19363002765657912522022-03-12T09:09:00.006-03:002022-03-12T18:47:43.836-03:00Viagens Repartidas<p>Fria lâmina que busca minha pele, </p><p>Sem conceder nem mesmo a torpe despedida,</p><p>Quebra o silêncio com meus versos tão fatais,</p><p>Doces promessas de alívio e solitude.</p><p><br /></p><p>Houve um tempo de ternuras e paixões,</p><p>Vastas noites em que me desfiz em partes,</p><p>Memórias cintilantes deste triste devaneio</p><p>- A vida apenas - em sua face mais brutal.</p><p><br /></p><p>Restas tu, como registro de minha sorte,</p><p>O fio de navalha firme, operador deste milagre,</p><p>Repartindo minha partida entre os que ficam</p><p>Enraivecidos pelo encontro com o destino.</p><p><br /></p><p>A viagem acabou, minha companheira,</p><p>Tu permaneces deste lado, de cruel realidade,</p><p>Enquanto rendo-me ao sonho de outra vida.</p><p>Já não podes seguir-me ao derradeiro abismo.</p>Ulisseshttp://www.blogger.com/profile/15298875893630208135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-27120015785549377862022-03-06T12:45:00.003-03:002022-03-06T14:59:40.119-03:00Sobre as Sombras<p>Impropérios foram ditos, verdades não foram à tona</p><p>E o silêncio fez morada pelas sombras de teu bosque.</p><p>Tu partistes a buscar um outro amor que, enfim, enrosque</p><p>E deixou apenas eco das poesias que eres dona.</p><p><br /></p><p>Vasta é a literatura que o teu nome menciona,</p><p>Sobre ela... os românticos tem escrito há tanto tempo,</p><p>Tal qual musa enfeitiçada, congelada no momento,</p><p>Quanto amor há de se achar nos versos que ela coleciona.</p><p><br /></p><p>Certa vez, disse-me um mago, que tu havia de voltar</p><p>E reocupar os sonhos dos poetas ainda a vir,</p><p>Desde então olho as janelas na esperança de surgir</p><p>Qualquer sinal que indique que estás prestes a chegar.</p><p><br /></p><p>Sobram muitas palavras, que são só pra disfarçar </p><p>A ilusão que vou nutrindo na espera de um romance.</p><p>Sei que tu ergue-se ao céu e não há sombra que te alcance,</p><p>E nós, poetas, somos sombras, sem tua luz pra iluminar.</p>Penafortehttp://www.blogger.com/profile/04321514084783355880noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-46532755262918874582022-02-24T04:32:00.006-03:002022-03-12T09:52:56.820-03:00Brevemente<p>Quisera poder apontar-lhe em um só verso<br />Inúmeras questões que lhe afligem, pobre alma,<br />Pontuar, calmo, a série larga destes medos que cultivas<br />A ponderar, mineiramente, esta ressaca em tua vida<br />Que lhe acompanha, fielmente, desde outros carnavais,<br />Mas falta tempo.</p><p>Proponho tão somente a certa máxima,<br />Que tua esquiva prepotência já não poderás fugir,<br />Ao menos sabes de si mesmo, a ponto de não ter resposta<br />E, ainda assim, sentar-se a mesa com qualquer que te retruque?<br />Tu sabes que és o culpado por tua própria decadência,<br />Então porque dói tanto em ti que seja outro que lhe diga?<br /><br />Te fizestes herói, detetive, errante, mesmo quando sabias<br />Das respostas desde o início, alimentando a ficção, recriando<br />Cenários a troco de nada - quer dizer - a troco de muito tempo,<br />Permanentemente jogado fora, enquanto tu, ó pobre vítima,<br />Chafurdava nesta lama, com o gosto pecaminoso da indiferença,<br />Farta sobremesa ao teu azedume, este desgosto que emulas.<br /><br />Digo-lhe que erga-te, de que maneira não me importa,<br />Mas dá-me certa ojeriza ver-te tão largado às traças,<br />Tu, que outros ainda teimam em defender, sem ter razão,<br />Tu que despencas, de propósito, sempre do mesmo <br />Precipício, só por saber que após a queda, a cama<br />Quente ainda te espera.<br /><br />Trata de ser forte, que nem mesmo a fantasia<br />Concebe este teatro, este retrato mal tirado<br />De tuas velhas intenções, conto antigo, adulterado,<br />Em que se retira a essência arquetípica proposta,<br />Pasteurizando toda a trama pra vender uma moral<br />Que nunca te disse nada, convenhamos.<br /><br /></p><p>Pobre herói...<br />Que preso à sina de salvar qualquer donzela<br />Se afoga em drama e desvirtua a própria sorte,<br />Até restar somente o espelho objetivo<br />Que só reflete eternamente uma questão:<br />Salvas a ti ou esta que tu mal conheces?</p><p><br /></p>Inácio Arcanjohttp://www.blogger.com/profile/09934010892601565279noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-84218850077416799002022-02-23T17:11:00.004-03:002022-03-12T09:59:22.014-03:00Protesto ao vento<p><i style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>à amiga Viviane Joslin</i></p><div class="post-body entry-content" id="post-body-6591124055690228906" itemprop="description articleBody" style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px; line-height: 1.6em; margin: 0px 0px 0.75em;"><p><br /></p><p>Tu e eu éramos outros, <br />Jovens e impetuosos, diante de uma estrada longa<br />E de temperamentos mais curtos do que, em geral, considera-se certo.<br />Do alto de um praça alta, observando a cidade baixa,<br />Com um senso de nobreza - que há tanto nos deixou -<br />Sentados frente a frente, como quem prestava-se a observar sinais de fogo,<br />Mesmo que tudo que enxergássemos fosse apenas fumaça,<br />Provavelmente dos cigarros já queimados<br />Ou das ideias exploradas em excesso<br />[Como sinto falta dos excessos],<br />Debatendo concertos e comédias, os meus desacertos<br />As tuas tragédias.<br /></p><p>Tu vinhas, brisa leve, de caprichos peculiares<br />E eu todo ventania, soprando forte as tuas certezas,<br />Deste acaso fez-se encontro e todo vento veio ver,<br />Que da sarjeta mais suja desta Rua Sergipe<br />Nasceu um belo monstro, de grandeza até então desconhecida,<br />Mas que já prometia o caos<br />E a fúria, em todos os seus empreendimentos.<br />De fato nosso encontro incomodava muita gente,<br />O que tornava tudo deveras divertido,<br />Aos teus sacros olhos cor de mar<br />E às minhas tempestades e ondas nos cabelos.<br /><br />Depois deste tornado, havia ainda tempo para repousos,<br />Intervalos usados para aprofundar o <i>lobby</i> gratuito que fazíamos<br />Em defesa de uma vida sem valores,<br />Cruzando bares, praças e avenidas, convencendo a todos que nada<br /> - e ninguém -<br />Poderia convence-los de qualquer coisa, pois nosso objetivo nunca fora este,<br />Apenas oficializar uma forma menos nociva de levar as coisas,<br />Em que a pressão do meio não nos atingisse,<br />Ou ao menos não nos importasse.<br /><br />Em outras noites reuníamos neste velho centro,<br />Deixando-nos tomar por uma buliçosa angústia,<br />Sentimento intrinsecamente mineiro, mas que preenchia teu ser paulista<br />E meu coração capixaba,<br />Um tédio daqueles bares e das tantas faces repetidas,<br />A ti - e a ti somente - ainda despontava um interesse diariamente renovado,<br />Pela vida, pelas narrativas, por estes pobres condenados,<br />E quando vinhas, com estes teus olhos brilhantes, me contar das tuas aventuras,<br />De safanão resgatava-te antes que fosse tarde<br />E tu caísses de paixões ou desajeitos, coisa muito sua.<br />A mim não interessavam os outros,<br />A não ser que os outros fossem tu ou <br />Penaforte, algumas vezes o Inácio e a Cruz de Sá,<br />E quiçá aquele outro amigo, o tempestuoso,<br />A que chamo Oliveira.<br /><br />E por longos anos nutrimos estas poesias dolorosas,<br />Entre sonhos e pesadelos - talvez até alguma realidade -<br />Nos encontramos diversas vezes, quando os astros convergiam<br />Ao encontro de Gêmeos e Libra. <br />Pouco sei - e nada me importa - destes fenômenos astrológicos,<br />Mas reconheço a importância das estrelas em minhas noites,<br />Principalmente nas noites que passamos juntos,<br />Eu e tu.<br />O que fizeram de nós, amiga?<br /><br />Tanto vento nos levou a outras vidas, novos endereços,<br />Cada vez mais distantes, tornaste-te senhora de si,<br />De pensamentos alinhados e teorias que não entendo bem,<br />Eu retomei o tédio de minha Vila Velha, e tenho escrito <br />Estas memórias sem forma, deixando-me levar, principalmente,<br />Pelo sopro da afetividade.<br />Já nem mesmo me importa o que, de fato, vivemos juntos,<br />Há quem diga que tudo isso não passa de ficção,<br />Mas nós estávamos lá, guardo com carinho o teu sorriso sombreado,<br />As cifras tatuadas em tua mão esquerda,<br />E a torpe sensação de ter deixado o tempo passar,<br />Sem ter ao menos escrito um protesto ao vento,<br />Que nos uniu, mas também nos separou.</p><p><br />Já fazem tantos anos, tu e eu éramos outros.</p></div>Ulisseshttp://www.blogger.com/profile/15298875893630208135noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-78933114322703483292022-02-21T15:32:00.002-03:002022-02-21T15:46:10.585-03:00Os Sensatos<p>Dizem por aí que pensas em fugir<br />Pensas em criar estrada aonde o sonho já não chega,<br />Que se assustou com a correnteza, com as certezas a ruir,<br />E agora busca um outro palco pra tua tragédia grega.</p><p>Dizem por aí que tu já fostes outro homem,<br />E que entrou nestes buracos, pois sabia achar saída, <br />Hoje a luz não chega ao fundo, hoje medos lhe consomem,<br />E os amigos bem duvidam da figura tão sofrida.<br /><br />Dizem por aí que tu perdestes as chances,<br />E que não vai ter outro jeito, que o tempo vai cobrar,<br />Vai tirar o teu conforto, vai matar outros romances,<br />E acabar com toda forma que tens pra recomeçar.<br /><br />Mas que chance tens se tu aceitas?<br />Se te rende às maldições e às consequências de teus atos?<br />É melhor tentar a glória que viver só de suspeitas,<br />É melhor ser doido e só que viver entre os sensatos.</p>Inácio Arcanjohttp://www.blogger.com/profile/09934010892601565279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-81358482430917059962022-02-07T13:28:00.004-03:002022-02-08T19:46:11.567-03:00Domador de Destinos<p>Encantador de demônios, tu, domador de destinos,</p><p>Filho de abismos e sonhos, distantes, mas tão parecidos,</p><p>Perdidos, teus planos e enganos, perdidos, teus poucos caminhos.</p><p>Forjado, trocado e esquecido, tu segues agora o teu próprio instinto.</p><p><br /></p><p>Basta falar de si próprio, não bastam os séculos idos.</p><p>Não bastam revoltas e tramas dentro dos ciclos que tens repetido.</p><p>Basta amar teu monótono e óbvio utópico desfecho escolhido,</p><p>Nunca cumprido, trâmite interno, que a ti soa tão específico.</p><p><br /></p><p>O futuro não aguarda ninguém, sobrepõe-se, insolente, ao presente,</p><p>E tu, que és tão conivente, nem sabes que vens permitindo,</p><p>O ar vai aos poucos sumindo, os medos vão te consumindo</p><p>E preso em delírios de feras, tua alma se vai diluindo.</p><p><br /></p><p>Quem brinca com fogo se queima, quem ora por sombras se apaga,</p><p>Quem tudo quer, ganha nada, e, disso, tu já sabes bem...</p><p>Benção é a noite de sono, glória é o sol da manhã,</p><p>Graça é ser quem tu és, a despeito do amor de outrem.</p><p><br /></p><p>Eras sobre eras se somem, pelo poder que o tempo tem,</p><p>Tudo que passa cumpre o propósito e poucos enxergam além.</p><p>Orfeu se perdeu por bem menos e tu ainda olhas pra trás,</p><p>Mais vale esta dor que te faz recordar daquilo que vives também.</p><p><br /></p><p>Falta-lhe apreço, gratuito e sincero, por si, por sua história, por tudo,</p><p>A estrada tomada é difícil, mas o chão foi por outros batido</p><p>Alegra-te por estares vivo, as chances, de certo, virão</p><p>Crê, sobretudo, em tua força, esquece os pecados já cometidos.</p>Matheushttp://www.blogger.com/profile/03066925736438399475noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-34754346968598779722021-12-15T22:28:00.013-03:002022-04-06T22:54:37.530-03:00Filhas da Terra<p><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Tu conceberias senhores do tempo?</span></p><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Conceberias criadores de universos?</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Crês, dentro do peito vacilante, que alguém controla o clima destes dias?</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Vês as tempestades e os mares que se abatem sobre os homens</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">E ignoras o poder da terra.</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Não posso amar os símbolos criados por homens</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Que nunca entenderam a natureza.</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Corpos reunidos em templos de pedras,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">A ver, através de vitrais, um mundo que julgam dominar,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Encomendando preces e benções,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Pequenos fragmentos dessa luz que os cega.</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Almas pequenas de ingratidão,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">A vós que o jardim foi criado, a vós que ele serve,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Cada emaranhado de folhas secas que descansa no solo deste bosque</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Conta uma história,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Em nenhuma delas há deuses.</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Tua pequenez não permite sonhos grandiosos,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Das façanhas mais humanas, das possibilidades inerentes</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Apenas aquilo que nós vivemos.</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Tua simples mente domada reproduz devaneios</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">De ninfas e sereias, de anjos que nos regem,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Do senhor furioso que escreve as leis da tua vida.</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Mas as nuvens não têm senhores,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Servem apenas ao ciclo comum de todas as coisas.</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">As ondas se levantam muito além do que tu pensas,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Muito além do que teus olhos podem perceber,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">E tudo conecta-se, o céu e o mar,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Estamos todos ligados,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Tu temes a tempestade e a fúria,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Apenas me reconheço.</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Ainda não conheci a fé que move montanhas,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Mas tenho visto montanhas por todas as partes,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Como poderia crer na fé dos homens?</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Reverencio meus verdadeiros antepassados,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Pequenas criaturas de um vasto oceano.</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Renegarei tuas profecias até o fim,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Eu quero a fé orgânica, a crença natural,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Quero a prece dos rios, o rito dos solos, todo o misticismo dos mares,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Vou aprender aquilo que as raízes ensinam,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Olhar a lua enquanto a noite se estende e despertar o sol,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Quero meditar na brisa serena,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Todo este planeta é meu lar.</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Não travo batalhas com o tempo, amo aquilo que não permanece,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Tudo que existe é o aqui e o agora,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Do meu passado levo apenas a memória,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">E meus olhos aceitam com doçura até mesmo o que não compreendo.</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Teus deuses tem nomes e séquitos,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Estátuas de mármore e versos em línguas,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Os meus estão por toda parte,</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Nem mesmo precisam de mim.</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;">Deixo os homens e suas divindades,</span><div style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 13px;"><br />Nós somos filhas da Terra.</div>Cruz de Sáhttp://www.blogger.com/profile/12681045802885597228noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-23069793817013184332021-12-12T17:13:00.007-03:002021-12-13T17:09:43.101-03:00Promessa<p>Em certas noites, tudo em mim queima por dentro</p><p>E eu vou buscar o alento destes velhos conhecidos,</p><p>Amores esquecidos, coisas de outros momentos,</p><p>Frágeis monumentos destes tempos já perdidos.</p><p><br /></p><p>Sei que sou amargo, tantas vezes me arrependo,</p><p>Mas não vou viver sofrendo a minha segunda vida,</p><p>Vou buscar outra saída, vou continuar crescendo</p><p>E florescendo estas poesias tristes e sem cabimento.</p><p><br /></p><p>Este, aquele ou qualquer outro, nada disso diz de mim,</p><p>Só quem fica até o fim tem direito de falar...</p><p>Previsões pra descartar, só eu sei a que vim,</p><p>E não há arcanjo ou serafim que hoje possa me parar.</p><p><br /></p><p>Não volto a ser quem era, vou continuar mudando,</p><p>Pouco a pouco acrescentando outras faces nesta peça,</p><p>Só quero o que me interessa: endoidar de vez em quando,</p><p>Sem deixar um memorando, sem fazer qualquer promessa.</p><p><br /></p>Matheushttp://www.blogger.com/profile/03066925736438399475noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-56334824576716904062021-12-10T19:14:00.007-03:002021-12-13T17:09:46.106-03:00Se a vida fosse justa<p> <i>Ao Amigo Ernesto Penaforte</i><br /></p><p><br /></p><p>Se a vida fosse justa, nós, meros mortais neste templo,</p><p>Nem mesmo conceberíamos.</p><p>Afinal, que é que podemos saber, amado irmão?</p><p>Ao fim da curva, a estrada se estende ao infinito,</p><p>E nem mesmo sei quanto deste caminho percorreremos lado a lado.</p><p><br /></p><p>Paredes erguidas de concreto e sonho, </p><p>Uma cidade inteira em que nós dois, a despeito do tempo</p><p> e de qualquer responsabilidade]</p><p>Inúmeras vezes desbravamos,</p><p>Tu contava-me de afeto e ternura,</p><p>Eu empilhava os corpos das vítimas de teu charme,</p><p>Mas tudo estava bem, os mortos não tem sentimentos</p><p>E você tem demais.</p><p><br /></p><p>Por isso é que digo, a tu somente, meu amigo,</p><p>Que se a vida fosse justa, nenhum de nós saberia.</p><p>Desenganados novamente pelas expectativas</p><p> de sucesso, de holofotes, </p><p> de quartos de hotéis destruídos]</p><p>E as filas de pessoas a ir e vir</p><p>Das quais jamais nos lembraríamos dos nomes,</p><p>Apontando ao Penaforte ensandecido</p><p>A tirar frascos dos bolsos do paletó,</p><p>Transbordando interesses mesquinhos,</p><p>Mesquinhos como nós.</p><p><br /></p><p>Como eu te amo, meu querido amigo, amo a ilusão que criastes</p><p>De que eres qualquer coisa além de um patife,</p><p>Me faz acreditar, mesmo que por pouco tempo, que há de fato</p><p><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span> algo de bom no mundo]</p><p>Afinal, onde é que encontraria, em um mundo repleto de patifes</p><p>Canalhas amontoados em mesas de bares no centro da cidade,</p><p>Um outro patife como vós?</p><p><br /></p><p>Quisera, porém, compartilhar da fé inabalável,</p><p>Vós, o verdadeiro publicitário da cristandade,</p><p>Cavaleiro desmontado de uma cruzada inútil,</p><p>Pois os Deuses nunca lhe pediram nada...</p><p><br /></p><p>Ainda assim, tu levantas o estandarte do passado</p><p>E vai reler os clássicos em seu tempo livre.</p><p>Um nobre vagabundo - se me perguntas - é o que tu és,</p><p>Da mais alta estirpe dos calhordas dessa terra,</p><p>Enganando a quem quer que saiba ler,</p><p>Com essa classe de lorde inglês no verão de dez mil sóis </p><p><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> <span> </span> </span>desta antiga Vila Velha.]</p><p><br /></p><p>A natureza realmente é admirável.</p><p><br /></p><p><br /></p>Ulisseshttp://www.blogger.com/profile/15298875893630208135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-50996026866727909692021-12-10T16:01:00.004-03:002021-12-10T16:10:21.100-03:00Salamandras & Serafins<p> <i> Ao Amigo Inácio Arcanjo.</i></p><p><br /></p><p>Querido amigo, tenho orado em teu nome,</p><p>Que a graça do Senhor desperte teu olhar,</p><p>Que tu há muito já não sabe o que é amar</p><p>E é só escravo de um vago renome.</p><p><br /></p><p>Tu, que confundes, forjas e falsificas</p><p>Qualquer traço de afeto verdadeiro</p><p>Em teus disparos de reles cancioneiro,<br /></p><p>Nunca entendeu que amor é pra quem fica.</p><p><br /></p><p>E sei que vais partir, é do teu tipo,</p><p>Apaixonar-se por bem pouco, quase nada,</p><p>E dar as costas ao sinal de tempestade.</p><p>Mas a ti, meu caro amigo, eu antecipo</p><p>Que a solidão é pouco a pouco conquistada,</p><p>E tu há muito demonstrou tua vontade.</p>Penafortehttp://www.blogger.com/profile/04321514084783355880noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-2877903001468589262021-12-06T11:29:00.006-03:002021-12-10T17:08:05.348-03:00De Outrora<p> <i>Ao Amigo Matheus Oliveira</i></p><p><br /></p><p>Amigo, confesso que sinto saudades,</p><p>Não deste que tu se tornastes, jamais,</p><p>Daquele que há muito deixastes pra trás,</p><p>Convencido de não possuir qualidades</p><p><br /></p><p>Tu, o de outrora, de tantos assuntos pendentes,</p><p>Grosseiro a seus modos, omisso, de certa forma pedante,</p><p>Que mesmo afundado em mau humor ainda era interessante,</p><p>Que destes lugar a esta figura, de tédio completo e evidente</p><p><br /></p><p>Tu, o de outrora, de tantos amigos e amores</p><p>Que nunca negava abrigo, cerveja e poesia</p><p>Que ainda conversava, com tudo que conseguia...</p><p>Hoje escondido em receios, enclausurado em rancores.</p><p><br /></p><p>Vê se volta a ser quem era, ou ao menos tenta,</p><p>Pois nossos amigos lamentam teu presente conturbado,</p><p>No fundo, tu bem sabes, que és melhor ao nosso lado</p><p>Vem e escreve logo, sobre a saída da tormenta.</p><p><br /></p>Inácio Arcanjohttp://www.blogger.com/profile/09934010892601565279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-10920561741061587482021-12-03T14:24:00.012-03:002021-12-03T14:53:04.388-03:00Corpo e Alma<p> <i>À amiga Beatriz Cruz de Sá</i><i><br /></i></p><p><br /></p><p>Dias em silêncio, noites de ternura,</p><p>Nestas armaduras, que chamo de corpo,</p><p>Tu estendes um lenço, sabes que a vida é dura</p><p>E que não há bravura que me cure por dentro</p><p><br /></p><p>Muito foi falado, pouco me foi dito,</p><p>E eu corri perigo, só porque sentia tédio.</p><p>Muito foi falado, nada foi ouvido,</p><p>Meu ópio favorito é a ausência de remédio.</p><p><br /></p><p>Mas você permanece, em silêncio, ao lado meu</p><p>E já não tenta amar outra pessoa, que não sou.</p><p>Renovo minha prece, vou negociar com Deus,</p><p>Aceitar que aconteceu e esquecer o que passou.</p><p><br /></p><p>Se ao menos eu pudesse te abraçar de corpo e alma,</p><p>Concordar, com calma, que estes males vem pra bem.</p><p>Se ao menos eu pudesse te abraçar de corpo e alma,</p><p>Coração, vê se te acalma, outro amor não me convém.</p><p><br /></p><p><br /></p>Matheushttp://www.blogger.com/profile/03066925736438399475noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-74987486303292570892021-10-09T00:46:00.008-03:002021-12-10T18:43:29.643-03:00Nada Diz De Quem Tu És<p>Agradeço pelas palavras doces, mas não as quero,</p><p>Nem quero ter de ti qualquer lembrança, nem destas vagas horas que passamos juntos</p><p>Entre semáforos e sinais (nas primeiras gotas da tempestade, que ainda cairia) </p><p>Displicentemente costurando carros na Avenida do Contorno,</p><p>Entre uma parada e outra dessa vida que julgávamos levar</p><p>E, pouco a pouco, nos levou ao destino que temíamos</p><p>(Mas tu sabias, querida, tu já sabias...)</p><p>Nem mesmo quero recordar da voz erguida e do silêncio que abateu-se sobre nós</p><p>Nem de quando já não podia mais conduzir este acidente, anunciado e postergado, </p><p>Miragem embutida artificialmente em todas as esquinas e pontos de ônibus</p><p>Retratando em tons mais cômicos as tragédias que viveríamos,<br /></p><p>E - ainda assim - foi tudo em vão.</p><p>Agradeço os gestos todos, até mesmo os de barbárie e hostilidade,</p><p>Afinal, todos serão anulados pelo mais refinado aço</p><p>Desta vontade resoluta que defendes </p><p>(e que, a fundo, nada diz de quem tu és).</p><p><br /></p>Ulisseshttp://www.blogger.com/profile/15298875893630208135noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-80509877864181129212021-08-19T02:45:00.000-03:002021-08-19T02:45:00.430-03:00Versos Quase Íntimos<div>Vês, ninguém mais veio assistir ao formidável</div><div>E surpreendente enterro de mais outra quimera.</div><div>E enquanto eu me metia com a pantera,</div><div>Só restou tu de companheira inseparável.</div><div><br /></div><div>Eu já sei bem de toda a lama que me espera</div><div>E já me acostumei com a ideia inevitável</div><div>Mas a batalha só me é desfavorável,</div><div>Se não houver tua ajuda pra enfrentar a fera.</div><div><br /></div><div>E assim vamos, em traços e tragos e cigarros,</div><div>Em casos e abraços e encontros e esbarros</div><div>Nos modos mais bizarros que podemos ter</div><div><br /></div><div>As piores dores são as que mais divertem</div><div>Que as pedras jogadas nunca nos acertem,</div><div>E lembre-se, sempre, que estou com você.</div><div><br /></div>Matheushttp://www.blogger.com/profile/03066925736438399475noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-11762286309472671622021-04-14T11:34:00.006-03:002022-02-26T07:23:22.158-03:00O Coração Continua<p> <i>Ao amigo Ulisses de Carvalho</i></p><p><i><br /></i></p><p><i>"Entra no mar, meu doce amigo, entra no mar<br />Que aqui nós todos temos corações quebrados<br />E os nossos sonhos também foram naufragados<br /></i></p><p><i>Entra no mar, meu doce amigo, entra no mar</i><br /><i>Que muitos deles vão te relembrar das sombras</i><br /><i>Mas nenhum deles sabe que amanhecerá!"</i><br /><br />Vistes, meu caro, que o coração continua, não é?<br />Te deparastes com a inevitável queda neste abismo de si mesmo,<br />E entrecortado pela angústia que nutrias, silencioso,<br />Gritou sozinho na esquina de tua vida, <br />Ignorante da guinada que lhe vinha logo em frente.<br /><br />Vistes, meu caro, que o coração continua,<br />Músculo, sobretudo, ativo e operante,<br />Até que se mostre incapaz de exercer esta função,<br />Músculo, sobretudo, o músculo que sustenta o corpo, <br />O corpo além corpo, aquele que ignoras,<br />E despenca débil no abismo.<br /><br />Vistes, meu caro, que o coração continua,<br />Teu núcleo metafórico de carne,<br />Pungente de dores e horrores e amores,<br />Tua bomba de angústias e sangue que lhe toma as veias<br />Ele continua, a despeito de ti.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-66847335530921172462020-12-24T13:43:00.010-03:002020-12-24T15:42:18.419-03:00Pego-me, ao pé desta janela, em este tempo e constante, <p><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; text-align: justify; white-space: pre-wrap;">Pego-me, ao pé desta janela, em este tempo e constante,
</span><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; text-align: justify; white-space: pre-wrap;">A imaginar se uma de vós, crianças do futuro, será, como eu fui e tenho sido, a cisão da ordem natural das coisas, fratura exposta no tempo e no espaço,
</span><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; text-align: justify; white-space: pre-wrap;">Na busca constante por sentido e razão.</span></p><span id="docs-internal-guid-bcac42a2-7fff-1733-4f6c-1e368e7c2880"><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Caso seja, minha alma extemporânea, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Que isto te acalme, se possível for, pois ao pé desta janela de hoje, penso nas noites de insônia de Campos e nos homens modernos, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">De dores modernas, e vejo tanto de mim.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Se foram cem anos daqueles de Orpheu, e logo cem anos dos tais de Presença,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E o que sinto e escrevo diz do tempo de agora,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Do vazio que sentem os meus companheiros, que atravessam calados, os que escolhem calar, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Uns poucos que sentam, distantes, em bares e sentem calor no reconhecimento mútuo, no compartilhamento, mesmo que superficial, de propostas para assuntos que a fundo não entendem </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">(E quando entendem, o que é que podem fazer?)</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Nas noites vazias, sentem prazer em coisas igualmente vazias, dispostos frente a frente em outra discussão qualquer.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Como quem diz, pega-me outra, estende as mãos ao ar,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Meu companheiro mais leal em tantas velhas madrugadas,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ao soar do abrir das latas, eu me perco em outro sonho</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Do passado mais marcante que tivemos e se foi</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Quanto mais se foi também? Quanto mais irá passar?</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Quanto disso tudo podemos guardar ao longo dos anos? </span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Quantas memórias tão doces e tenras, serão esquecidas, e, por isso, talvez ainda mais doces e tenras, sabendo, no agora, que possas perdê-las em breve, de vez.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">As lágrimas que seco na manga de meu paletó, desafogam consigo sentimentos que não são </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Originalmente meus, mas são, diante da medida das coisas que sinto, reais.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Reais, como todas as coisas em mim também são.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Reais, muito mais reais do que do que o mundo que me cerca e se pinta de progresso, por sob a face pobre e cinza.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Mas tu, criança do futuro, tu ainda nem nascestes,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Tu ainda nem vivestes o que o mundo lhe reserva,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E guardo a ti um voto de que seja bem melhor</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Do que, aqui em minha época, o universo me relega. </span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">As coisas que nutro, sem nem mesmo considerar que tenho nutrido e colherei, seja lá como for </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><<Afinal, o que destino não cobra em suas curvas e a gravidade não pesa em suas quedas, a consciência toma-lhe em prazer>></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Os momentos de solidão que se alongam durante os dias, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">As conversas que se tornam mais rasas em detrimento desse abismo em mim, que sempre se aprofunda, e me faz perder o jeito… </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Constantemente perder a compostura e lançar tudo pros ares,
Atear fogo nessa ideia do que sou, mas que só me dura sempre um tempo,
Sempre um mesmo, e intenso, tempo. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Só dura sempre um mesmo tempo, porque ateio fogo quando me canso de mim. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E eu sei que escolho isso, sim, e em certa medida escolho porque isso me estimula e me conecta com esse sentimento, que tu, criança do futuro, sentirás quando me ler. </span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sim, quero mais é que esse turbilhão se adense e que a tempestade caia desmedida, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Se tiver que ser, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Quero desviar-me um pouco mais a cada noite do objetivo central, pra perceber sua forma completa, pra sentir tudo e de todas as formas. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Quero a estrada mais longa, de chão batido, que levanta poeira quando corro,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E ainda assim, vou correr. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Eu vou sim, sei que vou correr, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sei que vou ter pressa as vezes e esquecer que tenho um plano, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Perder-me na neblina do tempo, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Na bruma do sonho, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Na poeira da estrada, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">No simbolismo de tudo isso </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E em coisas que só se passam em mim, e por isso indescritíveis. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Mas que tu entenderás.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O que tu ainda não entendes, e nem pode (e eu também não entendia antes), é que essas coisas tem que se passar imersas em nós mesmos. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Nenhuma dor pode tomar conta do que tu és, criança, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Nenhuma angústia tem o poder de fazer-lhe menor, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Portanto não diminua-se em tua autocomiseração, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Que prometo deixar-lhe apenas palavras boas. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Deste meu tempo ficará apenas a ideia da janela sob a vida, mas a janela e a vida haverão de se perder nesta curva do tempo, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Que teima em tirar de vista aquilo que ousamos construir com nossas mãos.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Quando o tempo agir, tu também perguntarás se tudo aquilo que fizestes e sonhastes valeu a pena </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><<E, afinal, tudo vale a pena, se a alma não é pequena>>, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Enquanto eu, de meu descanso eterno, renderei-lhe um sorriso e um chacoalhar de ombros, como quem diz: </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">“Que é que sei, doce criança? </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Se como tu, também vivi, amei, estudei, e até cri, e ainda assim perdi-me em tanta inveja e desatino. fica em paz consigo, que não há resposta alguma na criação que possa lhe trazer a paz que tu desejas” </span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Tu também se pegarás ao pé de coisas como janelas, a pensar em versos como estes e em homens, que por sua vez serão como os meus poetas modernos, que tencionam moldar-lhe a mente e os modos. Mas sê apenas como tu és,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Assim como eu,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Fui e tenho sido</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ao pé desta janela de agora,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Pensando na paz que ainda não posso ter.</span></p><br /><br /><br /></span>Ulisseshttp://www.blogger.com/profile/15298875893630208135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-23309094090140483152020-12-07T18:05:00.006-03:002020-12-08T17:17:25.684-03:00Solta o peso de teus ombros, meu amigo<p style="text-align: right;"> <span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-style: italic; text-align: right; white-space: pre-wrap;">Ao Amigo Matheus Oliveira</span></p><span id="docs-internal-guid-306434f9-7fff-7a0d-6906-1d40871a058b"><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Solta o peso de teus ombros, meu amigo, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Dói, eu sei que dói, sei que ainda vai doer,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E que por incontáveis noites tu se perderás</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Um pouco.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sei que teu silêncio só diz sobre saudade,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Que quando te emudeces é porque calas o choro,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E os francos companheiros que te cercam</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Compadecem-se da mágoa que guardas </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Aí dentro.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E vai doer em todos nós quando doer demais em ti,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Serás bem mais difícil se te fechas novamente,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O muro que edificas não te protege de nada,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Só te fechas em si mesmo, em tua própria insegurança,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A espiar os inimigos de tua imaginação.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Resguarda-te em teu ritmo e teu passo em tua estrada,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Que a vida nunca vai te permitir tomar atalhos,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E sente a dor, como tens proposto-te sentir tudo,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sente a dor, porque tu mereces senti-la, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E ela é só sua, de mais ninguém.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E que do dia mais difícil se faça o verso mais belo,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Que a noite mais solitária se aqueça com teu canto,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A dor é tua amiga, se planejas crescer, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E se te ressentires dela, te verás preso </span><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Em luto eterno.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Não há porque fugir daquilo que é sincero,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E se te sentes triste</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">É porque tens que sentir.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Mas não negue ao amanhã a chance da mudança,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Nem perca a esperança, se te sentes a vontade,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Só não faz da tua tristeza uma outra história trágica,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Porque isso não combina com o que almejas ser.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sei que é do teu feitio a tristeza desmedida,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Mas se tu sente-se grato, apega-se a isso,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Apega-se a luz que se iluminou,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Mesmo que distante,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E nunca à escuridão que já ficou pra trás.</span></p><br /></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-52657283663632277642020-12-05T12:09:00.003-03:002020-12-05T12:09:40.595-03:00Composição<div>Brilham, em silêncio, os astros mais distantes</div><div>Nesta noite clara, como as que passei contigo,</div><div>Ardem dez mil sóis, que não aquecem como antes,</div><div>Toda a luz que havia, você levou consigo.</div><div><br /></div><div>Poderia escrever-lhe, em esta noite, tristes versos,</div><div>Sobre como o peito inquieto vem sofrendo de saudade,</div><div>E, em lírica imprecisa, condensar meus controversos</div><div>Pensamentos, que desabam em mim, feito tempestade.</div><div><br /></div><div>Mas não vou render suspiros ao que não aconteceu,</div><div>Nem carregar, por próprio impulso, a culpa solitária,</div><div>Se me perguntarem, afirmo que meu coração é teu,</div><div>E que tudo que se passa é só mudança temporária.</div><div><br /></div><div>Pois minha alma não contenta-se em havê-la perdido,</div><div>Em noites como esta, que amávamo-nos com vontade,</div><div>Todas as coisas belas são muito mais belas contigo</div><div>Quando estou ao teu lado, componho-me em felicidade.</div>Matheushttp://www.blogger.com/profile/03066925736438399475noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-35988357363753040052020-11-27T17:37:00.011-03:002022-02-18T17:59:35.528-03:00Efêmero Encanto<p>Dizem que tudo que sinto <br />Escapa-me com facilidade <br />E sei que, no fundo, é verdade, <br />De certa maneira consinto. <br /><br />Por saber que assim sou <br />Me agarro aos amores intensos, <br />Tecendo mil planos extensos... <br />Quando percebo passou. <br /><br />De cada amor resta a lembrança <br />Do corpo que dormia ao lado, <br />Como um retrato inacabado <br />Que dura ao tempo e a intemperança. <br /><br />Por esse motivo que canto <br />Pra dar justiça ao coração <br />E eternizar a sensação <br />Do mais efêmero encanto.</p>Penafortehttp://www.blogger.com/profile/04321514084783355880noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-24783296305919308632020-11-22T23:14:00.004-03:002020-11-23T09:31:55.899-03:00Coisas que faço, pois vivo, que faço pra poder viver. <p>Estas coisas que faço, nas quais gasto meu tempo,</p><p>Sem qualquer traço de paixão ou de intento,</p><p>As coisas que faço, já nem tocam meu coração,</p><p>Mas faço, como se não me restasse nenhuma opção.</p><p><br /></p><p>As coisas que faço, nem queria fazer,</p><p>Faço-as, enquanto o sol segue seu curso,</p><p>Faço-as, sem crer em retorno ou recurso,</p><p>Sigo fazendo-as enquanto viver.</p><p><br /></p><p>E, afinal, faço-as sem propósito ou questionamento,</p><p>Como se a condição imposta fosse imposta, de fato, </p><p>E detenho o protesto que minha alma ainda pensa em fazer.</p><p>São coisas que faço, criadas na inércia do tempo, </p><p>Que nunca me dizem nada, nada de imediato, </p><p>Coisas que faço, pois vivo, que faço pra poder viver. </p>Ulisseshttp://www.blogger.com/profile/15298875893630208135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-449383658167205902020-11-13T01:47:00.006-03:002022-02-18T17:59:38.246-03:00Resiliência<p>Até poderia ser pela falta de sorte, </p><p>A falta de uma chance, pela falta de aviso,</p><p>Por faltarem contigo, e que pouco isso importe,</p><p>Mas no fundo tu sabes: não é nada disso.</p><p><br /></p><p>Poderia até culpar o mundo, que sequer se pensa,</p><p>Mas tu que se pensa e se sente, não se culpa e se ressente...</p><p>Se não dormes o sono dos justos, então de nada compensa,</p><p>Mordido em silêncio profundo, de quem cala e consente. </p><p><br /></p><p>Poderia até ser pela indústria que massacra o autor,</p><p>Pela sociedade que oprime teus companheiros,</p><p>Ou pelo carma do que fizestes, também. </p><p>Por aquilo que escolhestes, seja lá o que for, </p><p>Ou o que não escolhestes, de modos grosseiros,</p><p>Mas é a tal da resiliência, que você não tem.</p>Inácio Arcanjohttp://www.blogger.com/profile/09934010892601565279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3782276766800034203.post-54787528614123239292020-11-10T08:39:00.011-03:002020-11-10T08:39:41.939-03:00Guarda-me<p>Guarde-me dentro de teu peito, amada minha, </p><p>Guarda-me inteiro em seu sonho mais bonito, </p><p>Se não restam esperanças, eu ainda acredito, </p><p>Guarda-me contigo e nunca estarás sozinha. </p><p><br /></p><p>Guarda-me, assim, nas lembranças mais ternas, </p><p>Guarda-me, enfim, como o que restou </p><p>Do amor mais sincero, que o tempo tomou, </p><p>Bem antes do tempo das juras eternas. </p><p><br /></p><p>Guarda meus olhos, meus beijos, minha voz </p><p>A memória mais quente da vida que negas, </p><p>E o caminho de volta, pra quando quiseres. </p><p><br /></p><p>Guarda-me, agora, que o tempo é feroz, </p><p>Preserva este tolo, que ao teus pés se entrega, </p><p>E, mesmo que louco, ainda te queres.</p>Penafortehttp://www.blogger.com/profile/04321514084783355880noreply@blogger.com0