segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O Amor Morreu

O amor morreu. Morreu de velho, depois de tantos anos sofrendo as mesmas pancadas. Morreu de tempo... tempo demais pra resistir, quase nenhum tempo pra de fato existir. O amor simplesmente passou do prazo de validade e, como qualquer outra coisa, a gente jogou fora. Não se sabe ao certo quando tempo, quantos anos, quantos meses.... só o que se sabe é que o velho coração já não bate mais.

Devo dizer, o amor morreu de susto. Seu corpo já tão frágil não aguentou o choque que foi perder seu lar pra um sentimento qualquer com qualquer falsa sensação de pertencimento. O amor morreu de cansaço. Permanecer forte e seguro durante todos aqueles anos esgotou seu peito, já cansado de tanto suportar por fora e apanhar por dentro.

O amor morreu de overdose, como qualquer lenda distante que a gente busque pra nossa vida. Depois de perceber que entre os dois só existiria AQUELE amor, ele amou dobrado, pra compensar qualquer falta de sentimento, mas não aguentou a responsabilidade de controlar dois corpos, duas mentes, dois corações. O amor perdeu a alma... vendeu ela por qualquer olhar, qualquer toque e, principalmente, pelo seu olhar e o seu toque. Mas você não controla sua força.

Você matou o amor.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Compensação

Aceite, meu caro
A tua imagem já não mostra nada
As tuas palavras já não dizem nada
Mas isso não dói
Aceite que não sentir também é uma condição

O eterno é raro
O efêmero já se fez tão vago
E não há como desfazer o estrago
Troque os lençóis
E novamente desocupe o coração

Agora senta e espera
Que as pessoas aprendam com os anos
Sobre a dor de refazer os planos
Abaixa a voz
E guarda pra ti tudo que é vontade

Esqueces de novo o que era
Apaga os novos velhos desenganos
E volta a te cercar de estranhos
Desata o 'nós'
E deixa se ocupar todo de saudade

Que é bom lembrar que a gente é muito pouco pra qualquer um
Mas que a gente é muito mais do que o valor que nos é dado
Se faz de forte só por hora e sobrevive por agora
Que todo esforço é compensado

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Uma Certeza Que Tenho, Um Sonho Que Tinha

Eu tenho um gosto na minha boca
Tenho uma sede que nunca sacia
Eu tinha uma voz que soava só
Eu tinha um grito que nunca se ouvia

Eu tenho mãos frouxas ao redor
De um corpo que não se movia
Eu tinha braços fracos e quietos
Que esperaram pelos teus algum dia

Eu te vi esses dias, como a tempos não via
E ainda tenho memórias de outra estação
Eu tinha uma dúvida que ainda vivia
E algumas certezas sem nenhuma razão
Eu tinha uma esperança de viver algum dia
Todos esses dias que certamente virão

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Saudades

"Saudades! Sim.. talvez.. e por que não?…
Se o sonho foi tão alto e forte
Que pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!

Esquecer! Para quê?… Ah, como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão.

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar
Mais decididamente me lembrar de ti!

E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais saudade andasse presa a mim!"

Florbela Espanca

domingo, 9 de outubro de 2011

Descarte

Vamos resolver de uma vez
Eu não posso e você não quer
E não me importa mais o que disser
Nada muda o que você já fez

Eu tentei tudo o que podia
Você nem mesmo quis tentar
Nem mesmo experimentou mudar
Que diferença isso lhe fazia?

Eu lhe dei tudo o que eu não tinha
Você só me me virou as costas
Eu já sabia das respostas
E agora você segue sozinha

Eu sei que isso tudo é nada
Que pra você isso nem importa
E como sempre, fechas a porta
E me mantém como página virada

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Sentido Pra Um Fim

Derrotado como sempre. Acho que a minha sina é me perder pra nunca achar nada. Talvez eu viva pra perder tudo o que sempre me manteve vivo.

Eu já tenho tanto pra lhe dizer... sei que mal fui embora, mas nem consigo calcular a vontade que já tenho de voltar. Já sinto sua falta como se ela estivesse sempre aqui. Dói demais essa saudade das coisas que nós poderíamos ter vivido, dói demais esse espaço vazio... que eu nunca deixei que você ocupasse. Espero não ter que esperar muito.

Eu sempre tive o consolo de ter dado tudo de mim. Sempre tive o conforto da compreensão alheia. Eu sempre tive o direito de me culpar apenas por ter aceitado demais. E agora? Quando cair a noite e eu só tiver o silêncio do meu quarto, quem vai me proteger dos meus fantasmas, sendo que tudo o que eu fiz foi criar mais um pra me atormentar? Eu queria poder me esconder atrás de toda essa sua vontade, mas eu já sou covarde demais sem o seu colo.

É triste ir embora assim tão cedo. Queria criar raízes e viver tudo o que eu pedi pra mim, mas o chão a minha volta já se abriu demais e eu não tenho mais onde segurar, não tenho mais nada pra me sustentar.

Eu consegui a liberdade, mas, de novo, vou sentir toda a solidão.

Olha, meu amor, por mais que não creia você ainda é o meu amor. Sentimento não é só dito ou sentido, sentimento também é sintonia, e a sintonia que eu tenho com você eu nunca tive com ninguém. Por mais que eu me apegue a outras vozes e outros olhares, por mais que eu já seja apegado a tantas outras pessoas, se eu tivesse forças pra viver mais do que só a minha vida, eu te juro que viveria a nossa vida, mas o tempo já se desfez e só me resta lamentar o que eu nem construí.

Se você realmente queria nada, então você fez tudo errado e conseguiu despertar tudo isso em mim.