quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Dorme, Criança

Me entrego aos mais diversos braços nas mais incríveis noites
Sonho com o sono que não vem
Enquanto respiro o ar que falta ao meu redor
Enquanto cravo os olhos na luz que corta o escuro
Enquanto teço as confissões do amanhã
Enquanto perco a sanidade devagar

Os braços só estão aqui porque eu preciso de conforto
As vezes a mão que atormenta é a única mão que existe
Toma meu corpo outra vez, querido estranho
Desfaz minha consciência fraca com seu sopro
A gente só acha que significa alguma coisa
Mas nada disso nos importa nessa noite

A festa segue barulhenta no salão
Aqui as luzes não me alcançam nunca mais
Eu me enterrei nesse quarto atrás da porta
E fiz da porta a divisão de céu e inferno
Me entregarei a outros braços dessa vez
Tudo isso se desfaz, estou dormindo

Acordo e rimo:
Venho me entregando aos mais diversos braços no escuro
Sonhando sonhos onde o ar é rarefeito
Cravei meus olhos nessa luz, que não aturo
Tecendo as confissões, disso eu sou feito
Enquanto perco a sanidade devagar
Procurando outros braços para me entregar

Dorme, Criança

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