terça-feira, 25 de setembro de 2012

Soneto ao teu Calor

Eu que contava as horas pra te ver
Hoje acordo sem você, sem companhia
Esse fantasma, que aqui jaz na cama fria
Relembra agora os passos velhos pra viver

De quanto tempo o tempo é feito?
Como um detento eu sento e perco a sanidade
Grades abertas que me tomam a liberdade
Meus carcereiros são ponteiros, na verdade

Devo chamar-te por qual nome?
Talvez de dor que me consome
Não, melhor manter o mesmo amor
E se eu ficar farto de saudade?
Se antes de ti vier a idade?
Melhor morrer do que deitar sem teu calor

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Geleiras e Calmarias

Eu só quero paz, pedir a conta e ir embora
Chegar em casa e com um cigarro no cinzeiro
Sentar na escada com o whisky companheiro
E recontar as coisas que eu joguei fora

Eu só quero transformar ódio em poesia
Aliviar a dor do pensamento
E aos poucos no piano, esse lamento
Se dissipa e morre em melodia

E depois, abro minha janela pra pegar os cacos desse dia
Recorto as frases que me doem os olhos e os ouvidos
Relembro como a vida teima em permanecer vazia
Anoto toda a série de pensamentos outrora esquecidos
Será que se eu dormir hoje, amanhã passa a calmaria?
Essa geleira em minha vida, esses problemas repartidos

E eu vou me procurar em programas de tv que eu nunca vi
Quem sabe um vilão sádico e assassino
Quem em meio ao constante desatino
Para e pensa: "Será que eu gostei do que vivi?"

No final da conta, tudo é sempre igual
A cerveja e os três copos sempre cheios
E nas palavras os já tão velhos receios
De tudo isso não dar em nada no final