sexta-feira, 30 de junho de 2017

Má Sorte

Toma por lição o gosto da má sorte, as coisas que procuramos inconscientemente
E mente pra quem quer que seja, já não interessa mais
Cansado de ser o que veste a camisa e enfrenta tudo hoje
Eu poderia apenas aceitar o mecanismo e ser a engrenagem, usufruir das adequações sociais.
Poderia ser diferente, mas não será, pois eu prefiro me anular de outras maneiras
O mundo só nos paga desconforto, irmão, o mundo não se importa não
E assim será por incontáveis anos
Realmente tenho aprendido alguma coisa, mas a mudança tangível não veio
E o antigo compositor baiano ainda diz que tudo é divino e maravilhoso
Mas este reino não abre as portas para mim.
Eu tiro tudo da cabeça
Pois essa é a única referência a tiros e a cabeças que me permito comentar
E outros dias virão, são muitas chances
Mas eu já estou cansado demais pra tentar

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Pelas Noites


Vou guardar minha tristeza e dar espaço ao que não entendo
E se você estiver lendo saibas que és a culpada
Torno a ver o dia vindo e dou adeus a madrugada
Mas minha alma está macia e o coração segue batendo


Confesso que considerei me esvaziar em versos tristes
Sobra vontade de arrancar qualquer identificação
Entretanto a plenitude tomou conta da razão
Enquanto tudo vai morrendo, só o romance aqui persiste


Não vou teorizar nada do que tem acontecido
Somente gasto minhas palavras desejando tua presença
E com um meio sorriso aceitar a nova e intensa
Sincronia que nem sequer precisa fazer sentido


Devo arrumar a casa e esperar por outro dia
Mas a cidade está tão fria e você me aquece tanto
Meus lençóis já entenderam que sou vítima do encanto
E aguardam ansiosos mais motivos pra poesia


E eu devia sussurrar ao pé do teu ouvido
As coisas que assumi nesse último encontro
Se não vens ainda me alegro, se vier estarei pronto
Toma meu corpo por inteiro e o sentimento aqui contido


Mudando a essência melancólica desta obra que lhe é dada
Eu não espero nada além do quiser proporcionar
Nesta manhã vou assistindo o acaso se transformar
Na perfeita ansiedade pela tua chegada


Como pode ser diferente se tudo é magnetismo?
Genuinamente entregue ao teu súbito poder
É fácil me apaixonar quando só penso em você
E de repente é fácil combater qualquer abismo


Que essas noites se prolonguem no conforto dos teus braços
E que tudo que é profundo te toque com sinceridade
Que a paciência ensine a aproveitar qualquer saudade
E que eu possa decorar os detalhes de teus traços

domingo, 25 de junho de 2017

Sinestesia

Somos cura pro amargor que nós mesmos causamos
Pra fugir desse torpor que a vida força para dentro
Vamos recriar o amor e nos encontrar no centro
Aproveitar este sabor do caso que nós começamos


Bagunça a minha vida com o olhar silencioso
Destrói esta barreira erguida entre nós e a felicidade
Deixe a dor se esquecida e me acompanha na cidade
Com esperança repartida no futuro misterioso


Não se esquece deste toque
Te compus em melodia
Saudade e sinestesia para além da madrugada
Não se afasta assim tão cedo
Deixa amanhecer o dia
Descobrir o que seria nossa vida misturada


Algo deve nos bastar então que seja este conforto
Faz do meu corpo lugar de descanso pra sua pele
Tudo o que eu não lhe falar espero que o tempo revele
O interesse a despertar meu coração já quase morto


Não se esquece deste toque
Te compus em melodia
Saudade e sinestesia para além da madrugada
Não se afasta assim tão cedo
Deixa amanhecer o dia
Descobrir o que seria nossa vida misturada

sábado, 24 de junho de 2017

Bagunça

Desfaz minha postura, descruza meus braços para ti
Convenientemente somos meio complicados
Compreendo tua dor nestes segredos revelados
E novamente deixo um pouco disso tudo aqui


Naturalmente meu desejo é aproximar
Seguir acreditando que isso é compensação
E me condicionar aos momentos sem pretensão
Pois todo esse conforto não é fácil de encontrar


Não me assusta a inspiração que se repete por sua causa
Se encontras meu olhar é porque quero te entender
Toda essa bagunça não diz nada sobre o enlace
Tem algum encaixe, algo que você me causa
E novamente vem o impulso que me leva a te escrever
Apreciando a sorte que fez que a gente se encontrasse



















sexta-feira, 23 de junho de 2017

Redenção #1

São pequenas alucinações, é isso. Nada disso é pretensão, eu nunca quis evoluir, mas, como os delírios causados pela febre, a nossa pele se endurece a cada epifania. A ilusão da melhora, a busca pela redenção, eu só queria ter suas mãos nas minhas essa noite. A claridade pra encerrar a sombra confunde-se com a claridade da manhã e a clareza da sua pele, tudo isso somado e eu venho me precipitando à sua justiça.


Quem somos nós nesse novo dia? Quem seremos amanhã? Nada além de estranhos em alguma noite que não se repetirá. Devo me acostumar com essa maneira de ser, ser não sendo alguma coisa de você. Poderia escrever pra sempre sobre pontes que atravessamos, sobre noites que nos entrelaçamos, sobre como nos machucamos e nunca diria nada, porque diante da nossa realidade atual, o passado já não tem veracidade.


E eu sou resultado da sua desonestidade ou da minha? Da sinceridade de um amor desperdiçado.

Por Força do Hábito

A leveza posicionada como objetivo e cura
Temo engolir os monstros se ficar de boca aberta
Mas já não dá pra manter a respiração certa
E reteso cada músculo por não encontrar postura


Não é pra ser compreendido que escrevo dessa vez
Não dá para ser mais claro sobre o que tenho vivido
Nem mesmo eu posso entender o que me tem acontecido
Tenho tentado aceitar que tudo isso é insensatez


Eu sigo encarando as teclas, não encontro inspiração
Tudo isso é só um modo de esvaziar minha mente
Repetindo esta mentira eu me torno complacente
E agora meu sono depende de minha própria criação


Já não busco mais leitores, só quero encontrar alívio
Não é justo dividir meu sofrimento nestas rimas
Se fracassando eu não aprendo, então a solidão ensina
A melancolia estraga qualquer tipo de convívio


Eu sou tão arrogante, só sei falar de mim
É encenação se me comporto como amigo interessado
A verdade é que eu nem mereço ser lembrado
E sou o único culpado por minha vida ser assim


Deixo aqui mais uma nota, pois o fim se aproxima
Devo atravessar a bruma e encontrar a minha paz
O resto é só silêncio e já nem importa mais
Meu hábito escreve, mas o desespero assina

Ensaio Sobre Os Postes de Minha Rua

É lastimável estar aceso novamente neste horário
Acompanhando o desempenho dos postes de minha rua
Desejando me tornar qualquer outra criatura
Vendo gente natural e sendo sempre o que é contrário


É lastimável ser aquele que atravessa as madrugadas
Vendo cada um de meus medos se tornar imensidão
E temendo que o sol leve embora a escuridão
Procurando soluções que nunca foram encontradas


E a cidade então desperta de repente ao meu redor
Conduções que vão levando homens tão atarefados
Condições tão sistemáticas dos modelos aplicados
E as questões que são silêncio, porque sabemos de cor


Será que o ciclo de minha vida é apenas um delírio?
Eu acredito cegamente no meu próprio calendário
Trimestres trabalhando e só uns dias com salário
E ainda assim me calo, pois é drama esse martírio


Todo mundo segue em frente, porque só eu que ainda resisto?
Assisto mecanicamente as engrenagens sociais
E não desfaço o devaneio de viver os ideais
Enxergo minha alma tão pobre e nem sei porque persisto


E até os postes se apagaram, só resta minha luz acesa
Cinco da madrugada e meu sonhar foi postergado
Vou aturar mais umas horas de questionamentos vagos
Buscar na origem da agonia alguma cura pra tristeza

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Cinco da Manhã em Belo Horizonte #1

Pouco espaço e pouco tempo, nossa luta mais moderna
Dizer alguma coisa nos segundos que nos restam
Como cativar seres que já não conversam
Saudade do passado é a única coisa eterna


Talvez fosse diferente há quase cem anos atrás
Caminharíamos mais próximos sob a luz das luminárias
Sem querer se contentar com uma história ou várias
Mas sabendo que sempre viria muito mais


E as telas hoje diminuem, tudo deve se adequar
Eu prefiro o toque aos livros do que aos computadores
A resolução aumenta mas não esconde o show de horrores
Que é trabalhar para viver e viver pra trabalhar


Talvez o que nos falte seja alguma coisa nova
Um antidoto anticientífico que acabe com esse tédio
E assim mantemos o homem sempre a base de um remédio
Pensando bem assim, nada nunca se renova


E assim Belo Horizonte vive pelas madrugadas
A boemia e a gritaria pelos bares da cidade
Sem poesia o romance vive com simplicidade
Nós já nos esquecemos coisas que eram adoradas


A nostalgia não é só minha e não sugere derrotismo
A força do progresso que aloca tanta gente
Que perturba os meus iguais e ainda assim segue em frente
Que venha outra revolução enxaguar nosso cinismo





quarta-feira, 21 de junho de 2017

Irresponsabilidade

Eleito o novo passatempo para os dias complicados
Me aprofundar nas entrelinhas e o vazio que nos cala
E arriscar cinco ou seis versos que justifiquem minha fala
Deslizar nas armadilhas de dar tempo a este acaso


É curioso escrever sem pretender causar suspiros
Acontece que as vezes precisamos de bem pouco
E das poucas intenções a gente nem espera o troco
E se for pra escolher, é bem assim que eu prefiro




Veja bem, minha querida, a poesia intensifica
E amplia cada coisa, as vezes sou irresponsável
Mas é que eu não tenho nada de melhor pra oferecer
Se você gostar assim, então o texto fica
Quem sabe um jantar chinês pode ser bem memorável
Só me dê mais motivos, pra que eu possa lhe escrever

terça-feira, 20 de junho de 2017

Soneto Aos Amigos Errados

O tempo que nos cabe é curto, mas a ausência torna tão latente
Como a amizade vinda das coisas que não podemos compreender
Como os amigos exercem o papel de aliviar o nosso sofrer
Como os poetas atribuem valor a tudo aquilo sem um valor aparente


Sinto sua falta, amigo, aguardo pelo seu retorno
Devo lhe dizer que torço para que seus dias tenham tempestades
Pra que o céu se cubra em nuvens negras e não mais só sua realidade
Pra que a gente redescubra os bares da avenida do contorno


Apenas quero que esse tempo passe e que teu carro buzine em minha porta
E que todas as sirenes da cidade apontem nosso destino
E que todos os próximos dias sejam melhores que os passados
E se te falta dinheiro ou tempo, nada disso nos importa
E se o ensejo nos proíbe o riso ainda nos cabe cada desatino
E que no final das contas, saibas que tu és o melhor dentre os errados

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Atente-se

Eu escrevo todo dia, sem falhar nem um
Escrevo sobre qualquer assunto que me baste
E qualquer maré que me arraste
E qualquer amada e qualquer bebum

Sobre muito pouco eu realmente digo
E em muito pouco eu realmente me atento
E ainda assim posso dizer de tanto sentimento
Talvez seja isso o que cês chamam de perigo

Desinteressado em tudo e de repente algo me chama
E acende o que for pra queimar em qualquer recipiente
Seja pra me iluminar ou pra manter meu corpo quente
Seja pra você voltar a me prender em minha cama

De todo este cardápio eu escolho repetir a gente
E quem sabe o que virá de tanto assunto meio amargo
E quem sabe o que sairá de tanto verso acumulado
Quem mais pode nos dizer o que é que vem pela frente?

quinta-feira, 15 de junho de 2017

15 de Junho

O mundo sempre vence a gente
Eu me cansei dessa batalha
Aceito o destino que me valha
Eu já não sei ser persistente


Meu corpo não aguenta mais
Ficou apenas a loucura
E tudo mais só me satura
Parece que eu fiquei pra traz


Não quero mais dessa maneira
Se é pra viver que valha a pena
Se é pra sofrer aceito a pena
Mas manda então a dor inteira


Eu não suporto minha memória
Não sirvo pra ser adequado
Não vou viver enclausurado
Nessa peleja pela gloria

sábado, 10 de junho de 2017

Sobre Nós #25

Esse é o último se você quiser
É o último recado que lhe guardo na casa vizinha
Existem vários usos para a palavra bem
Mas sempre preferi guardá-la como "meu bem"
Não dá pra prometer sucessos, mas é possível ter cuidado
E podemos encontrar um termo que agrade nosso meio
Eu, como você, também receio
Mas eu também desejo estar ao teu lado
É difícil mesmo, talvez seja mais fácil dar as costas
E aceitar as coisas postas entre nós a cada dia
Se despedir mais uma vez ao início da segunda chance
Dói muito menos do que ao fim do segundo beijo
Mas que fique sobre nós alguma coisa boa
Uma lembrança doce ou teu calor na cama
Ou então se der me chama e a gente vai pra frente
E tenta só mais uma vez fazer tudo diferente