domingo, 2 de maio de 2010

O Humano Merlin

Já não era mais o mesmo
Merlin, o antigo mago
Não havia mais passos a esmo
Não havia mais gole ou trago

Seus olhos cansados no espelho
Refletiam o que ele já não queria ver
Não havia mais razão ou conselho
Não havia mais razão de ser

Barba e cabelo emolduravam o rosto
E todas as marcas de noites em claro
Um sorriso amarelo de puro desgosto
E que distribuia um sorriso raro

Não havia mais gente na sala a entoar
Os velhos cânticos dos dias melhores
O silêncio calou as histórias do lar
E do lado de fora não havia mais vozes

Já não havia em sua mão um cajado
Já não havia em sua casa um quintal
Não havia mil druidas a seu lado
Nem mesmo algum ser espiritual

Já não havia mais folhas pra se conversar
E nem mesmo Deuses, nem Lua nem Sol
Não havia mais motivos para se orar
Não havia mais pesca, nem vara ou anzol

Um druida a sós não passa de um louco
Não há razão pra viver sabedoria parada
E se de sua imensa vida aproveitara tão pouco
Agora então, não lhe restara mais nada

Não havia mais vida em seu bosque sagrado
Não havia mais nada de sagrado em sua vida
Não havia mais bosque, nem Merlin, nem mago
Não havia mais vida pra ser mal vivida

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