terça-feira, 11 de maio de 2010

Frio

Alegre-se!


As coisas que parecem ser eternas não costumam durar dias...
E o que foi feito pra acabar em dias atravessam os anos.
As mais belas palavras, com o tempo, ficam tão vazias...
E várias e várias conversas vazias costumam mudar nossos planos.

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É engraçado como o dia fica mais frio quando se está sozinho.
Ele via tantas pessoas sofrerem do mesmo mal, tantos que se congelavam debaixo de um céu tão claro e de um dia tão quente.
Ela não.
Ela ficava no alto das montanhas, viajava com as nuvens. Ela era o calor.
Não era necessariamente o sol, mas ela brincava com o astro, se vestia em luzes.

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O dia amanheceu especialmente cinza, especialmente claro.
Não havia ela no alto das montanhas e o sol não quis sair
As pessoas daquela cidade experimentariam uma solidão nova
Um vazio raro...
Uma nova sensação da qual não poderiam mais fugir...

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Eles já não sentiam mais frio. Já não sentiam mais nada, a pele não permitia mais a sensibilidade. Mas não parecia tão ruim assim. Eles se livraram de um grande incomodo, o frio cortante de antes havia passado, o frio que não era absoluto, mas congelava e torturava um pouco mais a cada dia. Hoje não, eles agora estavam completamente congelados e suas peles já não permitiam a sensibilidade, o toque, o tato. Era bom. Eles não sentiam mais nada, mas ao menos não sentiam a dor e o frio da velha solidão.

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Mas no outro dia ela reapareceu e lhes deu, do sol, a luz
E a solidão voltou a torturar a pele ainda pouco sensível


Ele era um dos poucos que não sentia mais nada...
Sofria muito mais do que os outros, nas mãos da solidão.
Preferia não sentir nada à sentir tudo que lhe aflingia.
E nem mesmo o sol que ele tanto amava...
Ou a mulher que o carregava na mão
Esquentava a sua pele, hoje tão fria.

Mas era bem melhor assim.

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