segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Merlin e a Vaidade

A Vaidade

A morte a Merlin alcançou
E de Hades ele não escapou
Eis que no plano da vaidade
De uma tarde ele se lembrou

"Diaboli Virtus In Lumbar Est"

Ah, a vaidade, é definitivamente meu pecado preferido


“Eu lhe dei homens e mulheres Merlin, e como você os usou?
Como amigos? Companheiros? Ou meros espelhos?
É... Narciso sempre achou feio o que não é espelho, não é?
E você nunca foi diferente, como todo o seu egocentrismo, toda a sua arrogância
As falsas virtudes criadas apenas por conveniência
Todas as promessas feitas apenas por convivência.
Você achou que iria escapar do julgamento?
Saiba que qualquer movimento
Antecipará o momento
Que o seu sofrimento irá começar”
Disse Hades.
“E tenho mais a falar
Você achou que estava próximo por bem?
Saiba também que nem mesmo a você conseguistes enganar
Você achou que cuidava dos outros?
E aos poucos eles, loucos, se voltaram contra você
Faça me rir
Eu sempre lhe fiz sorrir
Saiba que nem ao pobre que lhe fala você conseguiu enganar
Nem o deus do submundo conseguiu ludibriar”


Merlin abriu os olhos e a luz o cegou
Nenhuma silhueta o bardo enxergou
Nada de vozes, o silêncio reinava
E uma dor na cabeça o atormentava
Eis que a voz reapareceu
E todo o seu mundo tremeu

“Hades é como me chamarás
E pra sempre me respeitarás
Sou o seu ego dominante
E sua consciência delirante
Sou o julgamento que o condena
Sou a tristeza nada amena
A sua alegria limitada
E a sua vida condenada
Sou a sua bela vaidade
Que lhe leva a crueldade
Sou aquela velha maldade
Que lhe leva a insanidade
Sou aquela tenra idade
Que lhe leva a infidelidade”

E surgiu o espelho claro
Que só lhe refletia o raro
A podridão interna
A podridão eterna
O rosto distorcido do retrato

“Eu sou o ego bem inflado
Que lhe torna amaldiçoado
Sou todo feito de qualidades
Todas baseadas em perversidades
Escrúpulos, claro, faltam
E respeitos mútuos matam
Eu sou tudo que lhe há de bom”

Merlin se viu no inferno
Preso no castigo eterno
Acumulando no interno
Tudo que lhe era ruim
Mas a vaidade o saciava
O orgulho o alimentava
O ego o controlava
E esse ciclo era sem fim


Trecho em itálico retirado do filme "Advogado Do Diabo"

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