terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O Vazio Me Preenche

E se tornou espaço...
Costumava ser um homem feito de desejos e ambições
De paixões...
Mas a história se resumia a isso.

Acordou um dia sentindo-se estranhamente leve. Associou a boa noite de sono, ah há quanto tempo não dormia assim. Levantou e foi à cozinha. A casa estranhamente clara, mas ele sempre fechava as janelas e as cortinas, não gostava do mundo lá fora. A luz do sol batia em seu rosto de uma forma estranha, mas ainda assim sentou-se a mesa do café para ler o seu jornal. Bebeu um chá, comeu dois pães, levantou, tomou um banho, escovou os dentes, se vestiu, saiu de casa, acendeu o cigarro, pegou o ônibus e... e... e...? Onde estava aquele ânimo de chegar ao trabalho de almejar por aquela vaga na diretoria? E aquele desejo antigo do sucesso? Não, isso não existia mais nele...
Levantou-se, deu sinal, desceu do ônibus, acendeu o cigarro, ah o cigarro, parou em um bar, pediu o de sempre, duplo sem gelo e ponha na conta que depois a gente se acerta, tudo bem Ernesto? Pensou, pensou, pensou, pensou, pensou e não pensou mais, e... e... e...
E aquela ideologia jovem? Eu ainda sou quem eu era ontem, pensou, meu cabelo está igual, meus olhos continuam vivos, se enganava.
Levantou, pegou o ônibus, desceu em casa, pegou o lápis, o papel, a borracha e escreveu... Escreveu vários começos de frases, palavras sem propósito, sentiu o que temia... e temeu mais, pois agora sentia o que não queria e sabia como era ruim. O vazio assustador, a incerteza do futuro e o remorso do passado. Mas não, ele era um homem e devia ficar firme, pois nem só de desejos vivia! Se deitou e não acordou... Seu corpo era só um corpo, havia apenas se tornado espaço livre no mundo.

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