quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Desalento

Escrevo-te essas linhas afim de que meus pensamentos consigam encharcar a folha e encontrar nesta um repouso seguro para florescer. Assim o faço para que eles não se percam nesse dilúvio de sentimentos, pois são o que não quero esquecer. As palavras me saem doces mesmo que tristes ao mergulhar no mundo que criei para o que sou. Lugar onde posso renascer sempre que me vejo debruçado sobre minha vida. Onde eu posso cair no abismo que sou e até dar ouvidos aos meus gritos lunáticos que imploram por um olhar atento ou algum gesto maciamente terno. Tropeço em sorrisos plenos que desmentem tudo o que não sou, o que insisto em ser. Minto para você, para mim, para meus olhos. Sinto-me mais velho, cansado, como se a cada vez que me deslumbrasse, meu rosto envelhecesse. Talvez você nem me reconheceria. Talvez buscasse algum vestígio do que fui. Vasculharia. Temeria por quem haveria me tornado. Entretanto, lhe peço que olhes bem nos meus olhos e encontre neles a direção do meu mundo. Aquele que criei. Mundo que posso dançar com minhas palavras. Não, não são aquelas pérfidas e destoantes de um condenado. Condenado a sobreviver. Por isso o criei, para que minha imagem não seja ludibriada, nem tenha aquela aparência macilenta. Mas enfim, lhe convido a conhecer meu mundo, onde meus pensamentos já se aninharam. Apresento-lhe meu espelho.

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