quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O Insone e o Covarde Pt. 1

Essa é uma série em 5 capítulos que contara a história dos irmãos Insone e Covarde.

Capítulo 1 - A Insônia do Insone

Passavam das 3:00 da madrugada. O insone estava sentado no sofá, pronto para o trabalho desde as 1:30, quando havia desistido de dormir, vendo cada volta dos ponteiros do seu relógio desde então. Mantinha os olhos pouco abertos. Se alguém o visse não teria certeza se ele estava acordado ou não.

Em sua cabeça nada funcionava direito. A sua única certeza é que tudo isso era a culpa daquela maldita insônia que já não o deixava dormir a quase quatro meses. Pensamentos desconexos voavam e colidiam em sua cabeça. Tudo parecia um filme muito ruim e sem previsão de término.

Por volta de 3:30 ele se levantou e foi até a cozinha, já era hora do sua primeira xícara de café, só pra garantir que o sono que não evoluía lhe atacasse mais tarde. Ligou a televisão, mas seu cérebro não conseguia acompanhar a programação.

Por volta de 4:30 surgiram os primeiros indícios de que um novo dia amanheceria. Essa era a hora em que o Insone repetia sua frase preferida: “Sempre há um novo dia, não importa o quão horrível tenha sido a noite anterior”. Essa era a ideologia que lhe dava força pra continuar, saber que mesmo que ele não conseguisse vencer de si mesmo durante a noite sempre havia o sol do dia para lhe dar força pra continuar a batalha.

Ele acendeu um cigarro e tomou mais uma xícara de café. O dia seria duro, muito trabalho a se fazer. Pensando nisso sentiu mais vontade de fumar... Tisc tisc, dê bastante corda a fumante e ele se enforca no seu próprio vício. Já havia escutado algumas vezes que a insônia era resultado dos vícios rotineiros. Café demais, cigarros demais. Os antigos vícios (que pra ele nunca foram vícios) ele havia largado, não podia conviver com a culpa da cocaína e nem com a dor dos ácidos, isso realmente lhe tirava o sono.

Os galos de algum lugar longínquo já estavam a realizar o seu trabalho, isso significava que ele podia começar o seu daqui a pouco tempo, algo em torno de três horas. Três horas? O que eram três horas pra alguém que só tem como companhia os fantasmas da solidão durante toda a noite e a madrugada? Três horas eram o fim da tortura, o momento de se libertar das correntes que Morfeu tenta prender em todos nós.

O insone vivia seu momento de alívio. Já estava quase na hora, podia até ver o sol surgindo devagar por trás da serra. Ah, como era bom o amanhecer. Tomou mais café, dessa vez por gosto, acendeu outro cigarro, entrou no carro. Agora começava o stress que ele tanto amava... O dia a dia.

O insone não era o mesmo durante o dia, ele era alguém forte.

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