sexta-feira, 27 de março de 2020

Soneto Inflamável

Versos tristes, beijos quentes e a posse de meu coração
São somente estas três coisas que, hoje, posso oferecer.
Vivo pra seguir o ofício de nutrir a sensação
De que amo tudo aquilo que acabo de conhecer.

Tenho uma cama curta, travesseiros, cobertores 
E uma porção de livros velhos, que não contam nosso drama
Algo de poesia e canto pra acender os teus ardores,
De um desejo tão intenso, que ao menor toque inflama.

Sou por tantas vezes parvo, ignorante e desatento,
Insensato, indecoroso e desprovido de etiqueta,
E olha que nem comecei a falar sobre essa loucura...
Busco, insone, na angústia um novo contentamento:
Saber que, mesmo louco, o teu coração me aceita
E ver a tempestade lavar toda esta amargura.

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