quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A Encruzilhada

Em uma estrada qualquer havia uma encruzilhada.
Sentado em sua perfeita interseção estava um velho, sujo e vestido em trapos pretos. Ao ver o jovem se aproximar levantou as mãos, como um sinal.


Venha... Venha me escutar


Pra não falar do que não cabe
Nem esquecer do que se sabe
É melhor nem começar

Só pra quem crê em alma vasta
Pra quem meia palavra basta.
Pra esse eu vou me apresentar...

Sou a maldade em pessoa
Mas também sou uma boa
Pra quem souber observar

Coração bem analítico
Meio senso, crítico
Os limites de agir e pensar

Pele fria e sangue quente
Dono do desejo mais ardente
Que é o de dominar

Enfim, irei ao que interessa
O clímax de minha peça
Está para começar (mas vai passar)

Eu sou o nada, sou o tudo
E no espaço de um segundo
Posso até mudar o mundo...
Se você me deixar entrar

E quando já não for mais cedo
Com um simples toque de um dedo
Apago e crio todo o medo
Que seu coração suportar

Eu sou quem te compõe em notas
Em letras de um mapa, canções, rotas
E do caminho sou as voltas
Sou Morfeu, se alguém sonhar

Sou dono de sua vontade
Em seu espelho sou a vaidade
E se quiser tua liberdade
Eu me prendo ao teu olhar

Sou. Sou, fui e vou sendo
Dentro do peito vou vivendo
E na cabeça vou esquecendo
Qualquer conceito de amar

Calma, não faça alarde
Espere o fim de tarde
Pra que em sombras possa andar

Prometo, não te sigo
Embora siga contigo
Sempre a te vigiar

E quando olhares para trás
Os dois caminhos verás
Onde eu sigo a esperar

E ao próximo que tiver o azar
De se perder pra me achar
Bom, já saberei o que falar

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