quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Fim da Utopia

Vamos aos fatos consumados:
Já não sei nada de mim...

Eu grito tudo de mim aos ventos
É tanto início e tanto fim
Que eu já esqueci todos os meios
E os receios que te levam de mim

Eu já tenho tantos documentos
Que não me dizem quem sou eu
De que essência eu sou feito
Ou se tudo isso se perdeu

Minhas semanas duram meses
E tenho o ano como o dia
Busco em todos os fatores
Alguma antiga alegria

Talvez esse seja o indício
De que a vida já não vale
O esforço pra se manter vivo
Quero que o mundo se cale
Quero que o teu tempo pare
E que o meu te acompanhe
Que o teu olhar repare
Tua mão no ar me apanhe

Quero que o céu caia aos poucos
E que o vento se desfaça

Quero meu coração de volta
E outra vontade falsa

Quero não querer mais nada
E dançar uma outra valsa

Quero respirar
Algum ar mais puro
E me apagar
Me tirar do meu futuro

Se é que existe algum destino
Se é que existe outra poesia
Se é que existe uma tristeza
Que não seja só melancolia

Se é que existe uma resposta
Um paradigma da existência

Se é que existe algum retrato
Que não mais me angustia

Se é que existe no teu rosto
Algum traço de vontade

Se é que existe no meu peito
Algum rastro de vivacidade

Se é que existe uma palavra
Pra descrever a experiência

Se é que dentro de você
Algum desejo persistia

Vivo apenas por viver
Não mais por necessidade

Acabou-se a utopia
Foi junto com a realidade

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