Ele estava sentado na praça, acompanhado de duas amigas que o conheciam muito pouco... mas o suficiente para serem companhias muito agradáveis. A conversa dos três passeava por assuntos que não se assemelhavam, mas que acabaram por se ligar de uma forma surpreendente.
Uma delas pediu pra que ele contasse aquela história, que ele guardava dentro de si e materializada em todos os traços de sua vida, desde as incontáveis palavras escritas até a aparência cansada e os olhos tristes. "É uma história complicada" disse, "Acho que nem eu mesmo entendo muito bem". De fato, ele ainda não conseguia compreender como tudo aconteceu e terminou tão subitamente, a única coisa que sabia era que estava errado, mas ainda assim resolveu contar. Detalhe por detalhe, ele descreveu aquela tragédia mitológica, o Eros e Psique da sua época, talvez de toda a sua existência. Tentou não deixar nada passar e ainda assim, quando acabou, percebeu que não dissera várias coisas importantes, não sabia se por opção ou se fora apenas deslizes da memória conturbada daqueles dias.
O fato é que contou. Ou melhor, exteriorizou tudo o que sentia, tudo o que sentiu, tudo o que pensou. Seus sentimentos e palavras eram tão densos que pareciam ser palpáveis no ar, pareciam estagnar no ambiente drenando aos poucos a sutil alegria do momento entre amigos."É isso, eu acho", disse meio sem saber se iria querer continuar, caso houvessem mais coisas para serem ditas, "Eu fui idiota, desperdicei um dos meus mais brandos caminhos à felicidade e matei dentro de mim, aos poucos, uma das únicas pessoas que me amou de verdade"
"Não se culpe sozinho", uma delas falou pegando-o de surpresa, "posso não saber como as coisas aconteceram em sua essência e nem ter participado de nenhum desses momentos perto de vocês, mas o pouco que te conheço mostra que você mudou, seu crescimento é visível, mas tardio, tente aceitar e dê o próximo passo: crescer por você e por ninguém mais."
Crescer por mim, por outro alguém... jamais.
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