Eu acordei e não podia abrir os olhos
Tentei gritar, mas nenhuma voz saía
Levantei mas não tinha pernas
Olhei no espelho e não tinha face
Só via uma existência vazia
Chorei como se não soubesse o que eram lágrimas
Sufoquei o caos que havia dentro de mim
Mas ele era o único que podia gritar
Descobri que pesadelos existem
Aquele era o meu que me abraçava
Estirada no assoalho me decompunha
Morria lentamente
Naquele leito que só esperava o meu fim
O vento gruía palavras sem sentido
Que meus ouvidos não conseguiam escutar
No meu último suspiro
Olhei-me mais uma vez no espelho
Chorei confissões que nem sabia
Descobri defeitos que desconhecia
O espelho era um filme das coisas que não fiz
Vi a insanidade estampada em cada ruga que não pertencia
Estava morrendo e morri
Mas como toda bela alma renasce
Eu renasci por cima nas cinzas que deixei
Não quis abrir os olhos e sonhei
O primeiro sonho de uma mulher e esqueci
Minha doce solidão viva em todos os dedos.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Indigno Reflexo
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