quarta-feira, 14 de julho de 2010

Como Matar um Homem em Seis Meses

Primeiro tira-lhe a confiança,
O apoio dos pais;
Tira-lhe a oportunidade,
A liberdade de errar;
Depois lhe tira a esperança,
E o que sobra de paz;
Tira-lhe o desejo e a saudade
E toda a vontade de estar.

Sem parar desfaça-lhe a rotina,
O direito de estar perto;
Ocupe todas as saídas,
Prenda-o nele mesmo;
Faça o acostumar com essa sina,
Faça o dormir de olho aberto;
Reabra aos poucos as feridas,
Deixe-o sangrando a esmo.

Por tortura lhe tire os amigos,
Todo e qualquer bom ouvinte;
Encha-o com solidão,
Até que ele fale com espelhos;
Tire também todos os abrigos,
Qualquer sombra de sol quente;
Despedace-lhe o coração,
Cegue seus olhos vermelhos.

Por fim tire-lhe a sanidade,
Qualquer chance de mudança;
Queime sua paciência,
Faça-o arder em pura ira;
Aprisione-o em tanta liberdade,
Que é o vazio de esperança;
Apague por fim a consciência,
E todo o caminho que ele prefira.

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