sexta-feira, 23 de junho de 2017

Ensaio Sobre Os Postes de Minha Rua

É lastimável estar aceso novamente neste horário
Acompanhando o desempenho dos postes de minha rua
Desejando me tornar qualquer outra criatura
Vendo gente natural e sendo sempre o que é contrário


É lastimável ser aquele que atravessa as madrugadas
Vendo cada um de meus medos se tornar imensidão
E temendo que o sol leve embora a escuridão
Procurando soluções que nunca foram encontradas


E a cidade então desperta de repente ao meu redor
Conduções que vão levando homens tão atarefados
Condições tão sistemáticas dos modelos aplicados
E as questões que são silêncio, porque sabemos de cor


Será que o ciclo de minha vida é apenas um delírio?
Eu acredito cegamente no meu próprio calendário
Trimestres trabalhando e só uns dias com salário
E ainda assim me calo, pois é drama esse martírio


Todo mundo segue em frente, porque só eu que ainda resisto?
Assisto mecanicamente as engrenagens sociais
E não desfaço o devaneio de viver os ideais
Enxergo minha alma tão pobre e nem sei porque persisto


E até os postes se apagaram, só resta minha luz acesa
Cinco da madrugada e meu sonhar foi postergado
Vou aturar mais umas horas de questionamentos vagos
Buscar na origem da agonia alguma cura pra tristeza

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