Como se fosse o tempo agindo em todas as coisas,
A por coisas imensas em espaços comprimidos
E terror em sonhos jovens, pesadelos repetidos,
Como se fosse o tempo agindo em todas as coisas.
O primeiro amor passou, assim como o décimo quarto
E os boletos se acumulam por debaixo da soleira.
Frágeis os papéis que regem a sua vida inteira,
Devorando-te por dentro, deixa um gosto tão amargo.
Como se fosse o tempo agindo, sempre mais rapidamente,
Os espaços que aumentam em sua cabeça e em sua cama.
E o dilema que não cessa ao longo de outra semana:
O que traz felicidade é ser amado ou paciente?
Como se fosse verdade ou como se cabível fosse a crença...
As fases se agravam, os preços sobem de repente
E já não é possível conquistar o equivalente,
Murchando no reflexo desta agonia intensa.
Alugo espaços brancos que possam ser rabiscados,
Pago aleatoriamente com alguma inspiração,
Apenas deixem-me afundar de vez em minha abstração
E se alguém me procurar, anote aqui quaisquer recados.
Vai a crise, a tempestade, a fúria e o destino é transitório
Minha pele que recorda o peso de cada velho toque.
Como precipitar-me às águas e pedir que não sufoque?
O amor carrega sempre um sofrimento compulsório.
Surrealmente, tenho escrito tudo isso em devaneio,
Acordo no outro dia e já não me reconheço.
Reparo que o montante de fracasso é tão espesso,
Mas volto a debruçar-me no sucesso que não veio.
Sou comum como meus versos, como o tempo a agir,
A por umidade nas paredes e nas faces...
É tanta despedida que não tem seu desenlace.
Comum também é tudo aquilo que volto a sentir.
Incontáveis são as histórias de angústia, de saudade,
Em minha mocidade me afundei em todas elas
Quis botar em prática, mas fecharam-se as janelas.
Nada vale a dor de ver o amor ruir à falsidade…
Como se fosse o tempo agindo em todas as coisas
E deixando só ferrugem onde ontem era desejo.
A que horas vem a paz e me leva no cortejo
Como se fosse o tempo agindo em todas as coisas?
O sono, tal qual flor, ao menor vento oscila
E só nos primeiros raios de alvorada desabrocha,
A essência sinestésica do belo se desdobra,
Guardo meu descanso neste texto que vacila.
Como se fosse o tempo agindo em todas as coisas
E personificasse-me na escrita desses versos.
Viajando entre sonetos, poesias e universos
Para encontrar o mesmo tempo
Agindo sobre as mesmas coisas.
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