quinta-feira, 25 de maio de 2017

Como se fosse

Como se fosse o tempo agindo em todas as coisas,

A por coisas imensas em espaços comprimidos

E terror em sonhos jovens, pesadelos repetidos,

Como se fosse o tempo agindo em todas as coisas.

 

O primeiro amor passou, assim como o décimo quarto

E os boletos se acumulam por debaixo da soleira.

Frágeis os papéis que regem a sua vida inteira,

Devorando-te por dentro, deixa um gosto tão amargo.

 

 

Como se fosse o tempo agindo, sempre mais rapidamente,

Os espaços que aumentam em sua cabeça e em sua cama.

E o dilema que não cessa ao longo de outra semana:

O que traz felicidade é ser amado ou paciente?

 

Como se fosse verdade ou como se cabível fosse a crença...

As fases se agravam, os preços sobem de repente

E já não é possível conquistar o equivalente,

Murchando no reflexo desta agonia intensa.

 

Alugo espaços brancos que possam ser rabiscados,

Pago aleatoriamente com alguma inspiração,

Apenas deixem-me afundar de vez em minha abstração

E se alguém me procurar, anote aqui quaisquer recados.

 

Vai a crise, a tempestade, a fúria e o destino é transitório

Minha pele que recorda o peso de cada velho toque.

Como precipitar-me às águas e pedir que não sufoque?

O amor carrega sempre um sofrimento compulsório.

 

 

 

Surrealmente, tenho escrito tudo isso em devaneio,

Acordo no outro dia e já não me reconheço.

Reparo que o montante de fracasso é tão espesso,

Mas volto a debruçar-me no sucesso que não veio.

 

Sou comum como meus versos, como o tempo a agir,

A por umidade nas paredes e nas faces...

É tanta despedida que não tem seu desenlace.

Comum também é tudo aquilo que volto a sentir.

 

Incontáveis são as histórias de angústia, de saudade,

Em minha mocidade me afundei em todas elas

Quis botar em prática, mas fecharam-se as janelas.

Nada vale a dor de ver o amor ruir à falsidade…

 

Como se fosse o tempo agindo em todas as coisas

E deixando só ferrugem onde ontem era desejo.

A que horas vem a paz e me leva no cortejo

Como se fosse o tempo agindo em todas as coisas?

 

 

O sono, tal qual flor, ao menor vento oscila

E só nos primeiros raios de alvorada desabrocha,

A essência sinestésica do belo se desdobra,

Guardo meu descanso neste texto que vacila.

 

Como se fosse o tempo agindo em todas as coisas

E personificasse-me na escrita desses versos.

Viajando entre sonetos, poesias e universos

Para encontrar o mesmo tempo 

Agindo sobre as mesmas coisas.


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