sábado, 25 de junho de 2016

Poema de Batalha

Que curioso é esse peso da idade
A tenra mocidade que se esvai tão de repente
Vão se os fios e os anéis, aos poucos leva gente
Nos dobrando sobre a força estranha da sociedade

Vagueio entre extremos absurdos de minha alma
Entre o medo de ser nada e a vontade de crescer
Afinal o que é ganhar? O que tenho a perder?
Para aquele que se humilha a história bate palma

Eu não sei bem se dou conta de seguir por mais um dia
Talvez no fim dessa semana eu encontre algum alento
Ou quem sabe eu me desdobre no confronto ao tormento
Pra mostrar que sou alguém que por valor triunfaria

Só eu sei como é difícil sustentar minha labuta
Eu escolhi caminhos tortos por caprichos do destino
Quando eu vi já era tarde, hoje não passo de um menino
Que persiste na batalha porque talvez goste da luta

Eu queria ter descanso, eu queria ter certeza
Eu queria alguma pista de que o desfecho é positivo
Eu queria imaginar o que me mantém tão vivo
E viver com a mesma força que apresenta a minha tristeza

Mas é assim que as coisas são, a gente cuida de si próprio
E força o escudo para o alto pra guardar quem vale a pena
Trilhando o caminho do alto enquanto a queda nos acena
Persistindo dia a dia por algum momento sóbrio

Maturidade e lucidez são coisas complementares
Que não se apresentam juntas por maldade do acaso
Eu que julgo tanta coisa, porque no fundo sou um raso
Só queria que o tempo aliviasse meus pesares

E no brilho disso tudo eu lavo minha memória
Resguardo sentimentos que preenchem meu vazio
Arriscando alguns limites que perduram por um fio
Pra ver se mudo em breve o decorrer dessa história

Existe a luz no fim de tudo, existe a satisfação
O derradeiro suspiro no leito da tranquilidade
Quando passa a vida toda e permanece a saudade
Pra narrar com polidez o que movia o coração

É tão cedo pra arriscar algum presságio de outros anos
Quem sabe a intervenção divina chega em meados de setembro
Eu tinha separado algumas coisas, não me lembro
De certo eu queria aprender a não fazer planos

Até lá eu sigo em pé, fraquejando na alvorada
Porque o amanhecer me traz tanta recordação
E algum aperto estranho nesse coração
Que já está muito cansado de aguentar tanta porrada

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