quarta-feira, 6 de abril de 2016

Presença

Outro dia a gente a gente começou uma história incerta, senhorita. Há pouco mais que nada que descreva o que a gente representa, toda sorte de obstáculo se coloca entre a gente e pra nós resta o azar de sermos apenas o que somos, não é mesmo? Dentre todas as palavras que eu conheço e as frases que posso formular, talvez nenhuma diga exatamente o que eu quero descrever, das sensações que a gente se causa. Mas há algo além.

É engraçado saber das tuas angústias, é curioso adentrar a sua vida, porque em tudo isso eu vejo muito de mim mesmo. Eu sei que foi difícil para você, você sabe que é difícil para mim. Eu sei que você se fecha ao mesmo tempo que eu me abro e que quando as palavras me sobram as reações te faltam, mas os olhos fixos dessa fotografia em nossa conversa ainda me dizem muito, quase tanto quanto o teu silêncio. 

Pois bem, como em qualquer outra noite eu procuro o teu conforto. Sei bem que você me causa um bem inconveniente, mas por que é que a gente se distancia quando pode se aproximar? Eu te peço paciência, pois sei que vale a pena gastar algum tempo com estas palavras, porque somando e dividindo esforços, quem está gastando o tempo na verdade sou eu. 

Do que vale o charme e o sexo? Muito menos do que a empatia, eu tenho em tua companhia a impressão de que vem mais. Eu queria explicar exatamente o que me causas, o que me move a ser ouvinte das tristezas de outrora. Eu te entendo, minha querida, eu estive onde estivestes e sei bem que na verdade tu és muito mais que mostras. 

Eu só queria a tua presença, porque tudo intensifica. Se é só usar do clima e me atrever a ser mais, então me deixa aproximar e aceita que a vida é feita disso, De um bocado de tristezas e um punhado de alegrias, permeada exatamente pelas vidas e mortes que você descreve sem descrição, característica mais comum desse teu lado de poucas palavras.

Poucas e suficientes, pra eu saber que é isso mesmo, você já está aqui.

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