quarta-feira, 27 de julho de 2011

O olho, o fundo, o meio

Hoje, por um segundo conheci o que não sou
Me vi em um furacão e eu era, ao mesmo tempo, ele.
Cheguei perto do meu não-eu
Com raiva dei-lhe um tapa
Mas senti como se algo saísse de mim...
E não voltou.

Me vi em um abismo
Ele estava ali pleno em um vazio agudo
Gritava em ecos o que ninguém dizia
Uma voz que ninguém ousava ter
Ele me ninava.
Como se me quisesse só para ele
Como se me conhecesse
Como se me amasse

Mas e eu?
Amava o nada?
O abismo?
Amava o que não era?

De repente, meus pés me olhavam
Me pediam para saltar
E o olhar do abismo me chamava
Para conhecer o que não via

O fim me aguardava
O fim do abismo
Ou o começo
Aquilo que apenas sentia.
Em meu peito.
Em meus olhos.

Olhei para o que pensava ser eu
Havia uma covarde coragem
Ali, bem no fundo.
No fundo de um precipício dentro de mim

O que havia no fundo daquele vazio era meu umbigo.

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