sábado, 6 de agosto de 2016

Ensaio Sobre a Coragem

Esse é mais um dia no cotidiano de quem busca por respostas. As coisas as vezes se nublam por aqui, nem sempre é fácil viver um dia após o outro, mas optamos por continuar, porque no fundo acreditamos que isso aqui vai dar em algo, ou talvez acreditemos que no fim valerá a pena, ou na pior das hipóteses, esperamos que o mundo se baste em uma enorme brincadeira de mau gosto, aí a gente ri e se perdoa pelas crenças infundadas. Um sorriso a menos nesse dia, um sorriso a mais no fim de tudo, o que é que realmente importa?

Tomar café pela manhã e refletir durante a tarde. As demandas de hoje em dia devem nos absorver, porque assim a gente não consegue refletir sobre o que estamos criando e o que eles querem que você acredite estar criando. Sem conspirações, aqui tudo é muito mais tangível, olhe pro lado e analise os resultados de quem está ao seu lado. Você faz parte da solução ou do problema?

Tudo tem solução. Qualquer que seja o problema, só é problema enquanto a gente deixa acontecer. A gente se dá bem com as coisas que fingimos padecer, é natural pra nossa vida aceitar a dor como necessária e parte de um crescimento abstrato, mas digno. Parte disso se deve à convenção do que é maturidade, parte disso se deve às histórias de heróis, e eu sempre gostei dos heróis. Uma hora a gente enxerga que vem encarando o mundo como inimigo, por alguns instantes até acreditamos que podemos vencer, porque essa é a lógica básica dos heróis, eles vencem no final, passando por cima de todas as mazelas do mundo.

Se você já leu qualquer história que se preze, então sabes que nada disso vale a pena no final das contas, que toda força que é despendida causa reações em outras partes dessa cadeia e nem sempre a gente consegue calcular os estragos que causamos. Em um dado momento a gente busca a fuga da obviedade do herói, porque passamos a entender que morreremos no final, e os romances nunca chegam a tal ponto. O que vem depois daí? A gente nunca sabe.

O mundo não está aqui pra ser combatido e nem mudado, ele está aqui porque ele veio antes, nós somos as consequências de outras forças que já repercutiram em todos os cantos dessa existência e que morreram no silêncio quando o centro de tudo já não era mais alcançável. Talvez esse seja o nosso vindouro fim, não mais encontrar a raiz do que nos move e cedermos as agitações externas, pouco a pouco nos deixando derrotar por qualquer abalo que vier, afinal já não conseguimos mais depender de nós mesmos.

O laço disso tudo é pensar que a gente romantiza coisas pequenas, porque essa é a nossa única chance de felicidade. A peça que falta é a visão de que tudo isso é ensaiado por gerações pra parecer perfeito, a gente luta guerras invisíveis porque não existe mais um inimigo próximo, a gente se move a passos curtos porque não conseguimos mais enxergar futuro em nada disso. Vão te dar a chance de ser bom e a chance de ser útil, por qual delas você vai optar?

Se a luta que se trava hoje é internalizada, quantos de nós vão se perder apenas por não conseguirem mais olhar pra dentro? Se o mal que nos causamos hoje é a única coisa que podemos sentir, quando é que o mal que causamos a nós mesmos será perceptível e combatido?

Quando os heróis se aposentarem por cansaço.

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