quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Autorretrato

Fruto de mim mesmo tenho a chance de acertar
Senhor de minha angústia, sou apenas o que sou
Contando as incertezas do que é que me restou
Me vejo no retrato e me engano por gostar

Tudo me preenche porque nada me contém
Deixo tanto em tudo e ainda resta tanto em mim
Nada disso basta, porque eu não sou assim
Eu quero muito mais do que aquilo que convém

Eu que penso em cores e formas de viver
Imerso em tanta coisa e nada diz de mim
Me perco e me desfaço, me entrego ao que vier
Cerro os olhos, frágil, aguardo pelo fim

Eu que vivo fora do comum e do usual
Aceito as madrugadas e a falta de razão
Abraço as indecências e essa minha condição
De não conviver com o que é só normal

Na caligrafia eu me escorro muito mais
Em duas dimensões completamente desleais
Aqui eu sou imenso e o infinito se desfaz
Não tenho limites, então porque ainda tento?

Num autorretrato eu me escondo na moldura
Sou só o que eu escrevo e nunca aquilo que aparento
Num autorretrato eu me escondo na moldura
Em sonhos coloridos que revelam meu momento

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