segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Luz

Devo acender a luz?

Assinar aqui a concordata de que a vida é isso mesmo
E abdicar de vez da longa busca por sentido
Comprometer a nada, comprimir a consciência
Enforcar a própria vida pra não enlaçar minha garganta
É súbita a vontade de abrir estas janelas
Mas ainda não sei bem se é pelo ar ou pra pular
Ainda não é fácil de localizar
Onde é que está de fato toda a fonte do desejo
E se isso me motiva, a motivação é válida?
Se eu assumo o desespero e a respiração errada
Muita luz causa cegueira e eu já nem enxergo bem
Já me basta a dor no peito, resguardo minha cabeça

São dias complicados, mas qual dia não é?
Cansei de acreditar no clichê de passar fases
A propaganda não diz nada, mas as pessoas são felizes
E o mundo real grita tanta infelicidade

Devo acender a luz e cumprimentar os monstros
Deitar ao chão as peles de humano e comedido
Aceitar que meu lugar é embaixo do colchão
Sou eu quem ocupo os meus próprios pesadelos


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