"Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: “A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros, ao longe”.
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu a quis, e às vezes ela também me quis...
Em noites como esta eu a tive entre os meus braços.
A beijei tantas vezes debaixo o céu infinito.
Ela me quis, às vezes eu também a queria.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Que importa que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
Minha alma não se contenta com tê-la perdido.
Como para aproximá-la meu olhar a procura.
Meu coração a procura, e ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquear as mesmas árvores.
Nós, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a quero, é verdade, mas quanto a quis.
Minha voz procurava o vento para tocar o seu ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
Sua voz, seu corpo claro. Seus olhos infinitos.
Já não a quero, é verdade, mas talvez a quero.
É tão curto o amor, e é tão longe o esquecimento.
Porque em noites como esta eu a tive entre os meus braços,
minha alma não se contenta com tê-la perdido.
Ainda que esta seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo."
Pablo Neruda
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Distração
Todo dia às 7 saio pra comprar o pão
Já sem me questionar se isso é verdade ou ilusão
Assisto outro cigarro apagando-se no chão
E a vida segue em frente e toma outra direção
Todo dia às 7 acordo e corro pra estação
Já sem me questionar se é por vontade ou por pressão
Assisto outro cigarro desfazer-se em minha mão
E a vida ocupada esconde-se na multidão
Será que eu me perdi ou me esqueci de procurar?
Encaro o meu retrato em outro tempo, outro lugar
Será que eu te perdi ou não cheguei a te encontrar
Decorei as palavras do que iria perguntar
De volta ao palco armado com minha voz e minha razão
Ensaio cada frase disfarçando a solidão
Os dias se repetem ou fui eu quem não mudei?
Sou tão desatento que nem lembro onde andei
Será que eu me perdi ou me esqueci de procurar?
Encaro o meu retrato em outro tempo, outro lugar
Será que eu te perdi ou não cheguei a te encontrar
Decorei as palavras do que iria perguntar
Eu não sei se é por descuido ou distração
Mas já perdi tanto tempo em solidão
Eu não sei se é por descuido ou distração
Mas já perdi tanto tempo em solidão que hoje eu digo não
E agora acordo às 7 em qualquer outro lugar
Já não paro mais em casa pois você nunca está lá
Já olhei por toda parte, eu só queria te falar
Que o espaço na minha vida é feito pra você ocupar
Já sem me questionar se isso é verdade ou ilusão
Assisto outro cigarro apagando-se no chão
E a vida segue em frente e toma outra direção
Todo dia às 7 acordo e corro pra estação
Já sem me questionar se é por vontade ou por pressão
Assisto outro cigarro desfazer-se em minha mão
E a vida ocupada esconde-se na multidão
Será que eu me perdi ou me esqueci de procurar?
Encaro o meu retrato em outro tempo, outro lugar
Será que eu te perdi ou não cheguei a te encontrar
Decorei as palavras do que iria perguntar
De volta ao palco armado com minha voz e minha razão
Ensaio cada frase disfarçando a solidão
Os dias se repetem ou fui eu quem não mudei?
Sou tão desatento que nem lembro onde andei
Será que eu me perdi ou me esqueci de procurar?
Encaro o meu retrato em outro tempo, outro lugar
Será que eu te perdi ou não cheguei a te encontrar
Decorei as palavras do que iria perguntar
Eu não sei se é por descuido ou distração
Mas já perdi tanto tempo em solidão
Eu não sei se é por descuido ou distração
Mas já perdi tanto tempo em solidão que hoje eu digo não
E agora acordo às 7 em qualquer outro lugar
Já não paro mais em casa pois você nunca está lá
Já olhei por toda parte, eu só queria te falar
Que o espaço na minha vida é feito pra você ocupar
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Prêmio de Consolação
O silêncio ainda prevalece
Que um pro outro seja dúvida
E do amor mútuo fique a dívida
De todo o resto a gente esquece
E é assim que a gente segue
Sem nem saber com quem vivemos
Se é pra ter o que queremos
Não pense em nada, só se entregue
Nós nos fizemos prisioneiros
Sem nem mesmo enxergar a cela
E não sabemos o que nos espera
Quais são os castigos verdadeiros
Estranho é amar quem mau conheço
E ter que me satisfazer
Eu devo ter que agradecer
Por saber mais do que eu mereço
Que um pro outro seja dúvida
E do amor mútuo fique a dívida
De todo o resto a gente esquece
E é assim que a gente segue
Sem nem saber com quem vivemos
Se é pra ter o que queremos
Não pense em nada, só se entregue
Nós nos fizemos prisioneiros
Sem nem mesmo enxergar a cela
E não sabemos o que nos espera
Quais são os castigos verdadeiros
Estranho é amar quem mau conheço
E ter que me satisfazer
Eu devo ter que agradecer
Por saber mais do que eu mereço
domingo, 5 de fevereiro de 2012
À Minha Aquariana
Existe no mundo, algo que deve ser julgado como ideal. É isso que as pessoas esperam da gente, as atitudes certas, os sentimentos certos, mentiras surpreendentes, verdades claras. O mundo espera ouvir da gente as palavras certas, em qualquer ocasião. Isso não costuma incomodar meu coração com licença poética, mas hoje, eu parei pra pensar nas palavras certas pra dizer pra você, meu amor.
Eu passei dias procurando as palavras certas pra lhe falar sobre o tempo, pra falar como ele passa rapidamente, cruelmente. Pois é, meu amor, os anos passam e pra gente só sobra viver eles de uma forma ideal, tal qual tudo mais deve ser. Mas não, não quero que você pense que me preocupo com a forma que lhe julgam por viver assim, da forma que vives, da forma que és.
Talvez seja isso que encante todos à sua volta, essa sua forma de viver sem se preocupar com o que os outros vão pensar.
Então, me vi forçado a pensar nas palavras certas para falar o que sinto por você, sem me preocupar com a rigidez do julgamento das pessoas ao meu redor. E sabe o que eu consegui? Nada. Acho que nada no mundo é certo o suficiente pra lhe falar sobre o que sinto por você. Amor é um sentimento fabricado demais para definir essa devoção que tenho a você. Carinho é um diminutivo justo quando se trata do cuidado que tenho para contigo. Saudade é limitado demais para exprimir a falta que você me faz, até mesmo quando fica longe de mim por algumas horas. Talvez eu seja exagerado demais, justamente por saber que tudo o que sinto por você é exagerado demais.
Não, exagerado não, tudo o que sinto por você é justo, afinal você me cativou assim. Você, com a sua realidade de aquariana. Você, com as suas respostas vagas, sua indiferença ocasional, sua frieza, seus sentimentos que são apenas citações de músicas que gostamos tanto. Você, com a sua beleza estonteante, com o seu silêncio observador, com o seu charme hipnótico. Você com a sua inconseqüência calculada, com o seu desprezo com o que não lhe importa. Você com as suas definições alternativas para cada coisa que a gente conhece. Você inteira, cada defeito que eu amo, cada qualidade que me é essencial. Você, completamente você. É só isso que eu quero, mas querer ainda é muito pouco perto dessa necessidade que tenho de você perto de mim.
Mas é só você e é só isso que eu preciso. Talvez a única coisa ideal que eu tenha encontrado até hoje é você e eu só espero poder ser assim para você também um dia.
Eu passei dias procurando as palavras certas pra lhe falar sobre o tempo, pra falar como ele passa rapidamente, cruelmente. Pois é, meu amor, os anos passam e pra gente só sobra viver eles de uma forma ideal, tal qual tudo mais deve ser. Mas não, não quero que você pense que me preocupo com a forma que lhe julgam por viver assim, da forma que vives, da forma que és.
Talvez seja isso que encante todos à sua volta, essa sua forma de viver sem se preocupar com o que os outros vão pensar.
Então, me vi forçado a pensar nas palavras certas para falar o que sinto por você, sem me preocupar com a rigidez do julgamento das pessoas ao meu redor. E sabe o que eu consegui? Nada. Acho que nada no mundo é certo o suficiente pra lhe falar sobre o que sinto por você. Amor é um sentimento fabricado demais para definir essa devoção que tenho a você. Carinho é um diminutivo justo quando se trata do cuidado que tenho para contigo. Saudade é limitado demais para exprimir a falta que você me faz, até mesmo quando fica longe de mim por algumas horas. Talvez eu seja exagerado demais, justamente por saber que tudo o que sinto por você é exagerado demais.
Não, exagerado não, tudo o que sinto por você é justo, afinal você me cativou assim. Você, com a sua realidade de aquariana. Você, com as suas respostas vagas, sua indiferença ocasional, sua frieza, seus sentimentos que são apenas citações de músicas que gostamos tanto. Você, com a sua beleza estonteante, com o seu silêncio observador, com o seu charme hipnótico. Você com a sua inconseqüência calculada, com o seu desprezo com o que não lhe importa. Você com as suas definições alternativas para cada coisa que a gente conhece. Você inteira, cada defeito que eu amo, cada qualidade que me é essencial. Você, completamente você. É só isso que eu quero, mas querer ainda é muito pouco perto dessa necessidade que tenho de você perto de mim.
Mas é só você e é só isso que eu preciso. Talvez a única coisa ideal que eu tenha encontrado até hoje é você e eu só espero poder ser assim para você também um dia.
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