sábado, 18 de junho de 2011

Desmoronado

Hoje eu morri duas vezes... ainda assim, não foi o suficiente. Eu gosto é de sentir na carne as tuas garras, de sentir na pele toda a dor que isso pode me causar. Eu gosto é de gravar as tuas palavras pra motivar as minhas tragédias. Eu gosto é de saborear a dor, sabendo que é só isso que você pode me dar. Eu gosto de viver cada uma das tuas torturas, pra no final saber que sem você eu me torturo sozinho.

Hoje eu morri duas vezes. A primeira foi acordar, sem nem ao menos ter dormido, sozinho na cama que também era sua e lembrar que você foi embora por escolha, levando cada pedaço de mim, até mesmo os que eu nem mesmo sabia que tinha. Me cortei inteiro ouvindo as palavras que eram pra mim sendo ditas pra qualquer pessoa. Eu me joguei de um precipício e só o que enxerguei foi o seu rosto no chão. Não há escapatória de você, pois não há fuga de mim mesmo.

Hoje eu morri duas vezes. A segunda foi ir embora sem um toque, um beijo, um desejo de boa noite. Sentir o soco que foi a tua despedida tão singela, tão incerta que eu nem mesmo sei se foi pra mim. Me sentir sozinho numa estrada sem retorno e sem sentido e não poder nem ao menos te ligar pra sentir qualquer traço de segurança que existe na sua voz. Sentir o conforto que só as suas palavras causam. Sentir qualquer coisa que não seja essa culpa pelo que eu nem fiz. Sentir o peso de voltar a simplesmente existir no mundo, qualquer mundo que você não está.

Te amar dói, muito. Muito mais do que qualquer coisa que eu já tenha sentido. Jurei pra mim mesmo que nada poderia ser maior do que meu amor, mas me enganei da pior maneira possível ao sentir tudo isso, como um tiro que vem, me rasga e ao sair, ainda me deixa sangrando até a morte, porque foi a isso que você me condenou, sentir toda a dor que você poderia me causar e ainda me deixar sem ti, nem mesmo dentro do meu corpo.

Você infestou minha mente com tantas lembranças boas, só pra ir embora e não me deixar te esquecer nunca? Você me fez alimentar esse monstro que era esse maldito sentimento, só pra que no final a minha própria criação me devorasse? E agora, me pede pra ficar, só pra lhe desejar bons sonhos, como um escravo sem coração, cabeça ou destino.

Hoje eu te amo com tudo o que não posso, com tudo o que não tenho. Eu te amo com tudo o que não sou (e talvez nunca tenha sido). Hoje eu te odeio por não conseguir nutrir nada por ti além de amor, nem mesmo esse falso ódio. Hoje eu me odeio por te desejar tanto e de tantas formas, mas nunca poder te ter de um jeito que me faça feliz ou ao menos bem. Eu me culpo por ser quem sou. Detesto esse coração que teima em continuar. Detesto esses olhos que secaram. Detesto essas mãos que não sentem nada além da sua pele. Detesto esse homem que deixou de existir longe de você. Detesto esse homem que começa a surgir dentro de mim, apenas pra ocupar espaços... o espaço que eu deixei em mim e o vazio que você criou.

Não há destino mais incerto do que esse.
Não há futuro que pareça mais triste.
Não há passado que marque mais do que esse.
Não há presente. Agora nada mais existe...
Além de dor e você, longe, mas infelizmente presente

2 comentários:

  1. "Pushing my face in the memory of you again
    But I never know if it's real
    Never know how I wanted to feel
    Never quite said what Iwanted to say to you
    Never quite managed the words to explain to you
    Never quite knew how to make them believable
    And now the time has gone
    Another time undone"
    (Sinto muito.)

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  2. Seja lá quem postou isso, foi crueldade citar Cure. hahaha

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