Posto que sou chama, digo que queimo frio,
Já não aqueço mais aos que procuram meu abrigo,
Tremulo ao vento gélido da ventana semiaberta,
Semiaberta como eu, fui e tenho sido.
Posto que sou rocha, digo-me oco por dentro,
Já não sustento mais os alicerces desta vida,
Duro por fora e por dentro, pra guardar não sei o que,
Erodindo, solitário, às camadas de influência.
Posto ser o que me mostro, digo que não valho a pena,
Pois me mostro intermitente, como um surto de minha alma,
Com o intento de frisar que sou eu sempre capaz,
Capaz de decorar a minha fala e movimento.
Posto que sou nada disso, devo ser coisa nenhuma,
Devo ser como um cometa, passo pra deixar registro,
Então adentro a noite extensa, o universo e o vazio,
Para todos que ficaram morro no esquecimento.
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