sexta-feira, 22 de maio de 2020

Fratura

A certa hora, descanso os olhos 
Mesmo de luzes acesas, descanso-os
E a noite aprofunda-se, incerta, 
Mas tudo se passa lá fora.

Chia, por baixo da porta, uma verdade 
Sobrenaturalmente imposta, 
Toda escuridão é imensa
E as sombras crescem dentro de nós.

Há medos que são como pragas,
Destroem os nossos jardins,
Cobrem as nossas janelas e logo não vemos
Nada, nada além deles.

Estou certa de que minhas sombras
São parte do escuro do mundo,
Pois quando descanso os olhos
Vejo outras luzes acesas.

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