Quando faltam-me as palavras, calo,
Como se calasse a própria alma inquieta
E remediasse, assim, toda vaidade.
Nos outros dias me derramo.
Como tenho derramado tanto de mim pelas noites,
No devaneio sonolento do crepúsculo desfaço-me,
Irreconciliavelmente,
E o sonho, caloroso, morre
Quando calo-me pela manhã.
Há poesia no silêncio e nas coisas
Não configuráveis,
A mística dos pontos pretos na parede branca,
A metafísica da estridulação dos grilos,
O feitiço do tempo.
Há poesia no silêncio e nas coisas
Que ignoro quando fecho os olhos,
Um mundo além do ideal
Recompondo-se a cada segundo.
Vês que o universo começa aqui,
Mas jamais entenderás sua real extensão
Enquanto mensurá-la com palavras.
Quando faltam-me as palavras, oiço,
Como se ouvisse a própria alma inquieta
E evitasse toda solidão
No canto manso do vento.
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