sexta-feira, 22 de maio de 2020

Cinismo

Suspiro ao abrir os olhos, sinto cansaço,
Como se tivesse sido empurrado às paredes
Por ombros duros, sei que todos carregamos pesos,
Mas alguns esqueceram-se da leveza.

Da luz dos edifícios espelhados
Vejo a vida translucida das janelas,
O espetáculo silencioso do dia a dia
Refletido, inúmeras vezes, torna-se impessoal.

Vivo e vejo todas as coisas, as coisas como são,
Despidas das fantasias do progresso,
A despeito de qualquer mística moderna
Que nos faz crer especiais.

Digo não aos olhos brancos das vitrines,
Mas minha recusa é franca e sem desprezo,
Não aceito, mas sigo sem alarde,
É que desse mundo, eu nunca farei parte.

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