terça-feira, 22 de novembro de 2011

Você

Pra você, que só "me" escreve pra si mesma

Eu li suas cartas, da mesma forma que leio todas as palavras que escreve por puro despejo de sentimentos, pois se nenhuma delas tem destinatário, creio que use o papel apenas como espelho, ou pior, descarga. Eu ainda acompanho sua vida. De certo por algumas preocupações que persistem de meses atrás. Prefiro só observar, afinal já aprendi que quanto mais eu me envolvo, mais responsabilidades caem sobre minhas costas e eu já não posso mais carregar nada, nem ninguém.

Enfim, eu lhe escrevo em resposta, apenas por pensar que tudo que me é "destinado" merece ser respondido, mesmo o que não tem objetivo claro.

Sim... Talvez eu te conheça muito bem, mesmo com o pouco que tive a oportunidade de procurar saber. Essa sua tendência involuntária de destruir as coisas não me é estranha, e por mais que seja algo que me agrada, com você os limites sempre são excedidos. Eu me lembro do dia em que nos conhecemos, quando pensei ter notado uma espontaneidade rara nas outras mulheres que eu conhecia. Essa impressão foi o suficiente pra decisão que eu tomaria em pouco menos de 5 dias. Tudo me encantou um pouco, até a sensação de estar lidando com um desastre ambulante, mas aconteceu que o desastre real vieram a ser os planos que eu tinha feito pra mim e te incluído, talvez porque sentisse que você não sairia da minha vida tão fácil, talvez por pura ilusão precoce. Mas esses fatos já são comuns pra todo mundo, não há porque repeti-los.

Você já se calou, como eu pedi pra que fizesse, mas não espere de mim, esse poço de incertezas, uma certeza de que estou fazendo a coisa a certa. Ainda não sei dizer se estou satisfeito com os resultados que estou tendo. Admito o meu alívio, mas não escondo a sua ausência. Sei o que eu queria, e ainda quero, e de fato consegui me ver longe dos problemas que você me causava, de tudo de ruim que você andava despertando em mim. Mas e as coisas boas? Não ache que eu espero que seu silêncio dure pra sempre, mas você sabe como eu sou, não tomo iniciativas quando as coisas ainda são imprevisíveis, logo, não espere de mim um "oi, tudo bem?", mas sinta-se livra pra querer saber como vão as coisas com meu pai, que ainda pergunta quando vamos aparecer na casa dele, ou com minha mãe, que ainda espera em segredo, apenas por medo de me pressionar, que você apareça na próxima festa de família. Só não espere que nada se repita, não espere que o calendário volte aquele Setembro já tão distante.

Espero que realmente não acredite que nada disso convém a mim, pois o seu conformismo diante de todas as situações é que me mostra conveniência. Esses seus lamentos é que não convém, nem a mim e nem a ninguém. Minhas escolhas são tão certas quanto as suas, e não deixe que uma só pessoa decida o futuro de duas. Você não pode mudar o que eu já fiz, mas pode mudar o que motivou a minha atitude.

Mas, no fim, eu sei que você vai permanecer parada... talvez seja isso que eu queira, tirar de mim qualquer traço de culpa por ter sido muito drástico dando ao 'Nós' mais uma chance de ser diferente, esquecendo das outras chances que já jogamos fora. Não espero mais nada de mim por você, nem sei se quero mais nada de você pra mim, mas quero estar errado e sei que tudo tem solução.

Eu entendo esse seu gesto solidário, mas não o aprovo. Todavia, aprovo minha fuga, mas não a entendo. Portanto, não vejo nada de promissor em nada do que está sendo feito. Mas, como já disse, não espero mais nada desse eu e você doentio, e deixo esses nós na sua mão, para que faça o que quiser com eles. Esses 'nós', que nada tem de parecido com os nós de seus fios loiros, que são como as lembranças boas de um tempo que tivemos juntos, que você, com o seu ar desastrado, cortou e jogou fora, guardando o pouco que restou só pra você.

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