segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Domador de Destinos

Encantador de demônios, tu, domador de destinos,

Filho de abismos e sonhos, distantes, mas tão parecidos,

Perdidos, teus planos e enganos, perdidos, teus poucos caminhos.

Forjado, trocado e esquecido, tu segues agora o teu próprio instinto.


Basta falar de si próprio, não bastam os séculos idos.

Não bastam revoltas e tramas dentro dos ciclos que tens repetido.

Basta amar teu monótono e óbvio utópico desfecho escolhido,

Nunca cumprido, trâmite interno, que a ti soa tão específico.


O futuro não aguarda ninguém, sobrepõe-se, insolente, ao presente,

E tu, que és tão conivente, nem sabes que vens permitindo,

O ar vai aos poucos sumindo, os medos vão te consumindo

E preso em delírios de feras, tua alma se vai diluindo.


Quem brinca com fogo se queima, quem ora por sombras se apaga,

Quem tudo quer, ganha nada, e, disso, tu já sabes bem...

Benção é a noite de sono, glória é o sol da manhã,

Graça é ser quem tu és, a despeito do amor de outrem.


Eras sobre eras se somem, pelo poder que o tempo tem,

Tudo que passa cumpre o propósito e poucos enxergam além.

Orfeu se perdeu por bem menos e tu ainda olhas pra trás,

Mais vale esta dor que te faz recordar daquilo que vives também.


Falta-lhe apreço, gratuito e sincero, por si, por sua história, por tudo,

A estrada tomada é difícil, mas o chão foi por outros batido

Alegra-te por estares vivo, as chances, de certo, virão

Crê, sobretudo, em tua força, esquece os pecados já cometidos.

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