Maldizes o tempo, maldizes, simplório,
A todos aqueles que há tanto partiram,
Maldizes gastando este seu repertório
De fases e crises que mal existiram.
Maldizes a sorte, o destino e a esperança,
E a gente que dança sabendo dançar,
O presente, o futuro e a lembrança
Dos dias que ainda querias tentar.
Maldizes o amor, conturbado e confuso,
Como quem cai na armadilha por livre vontade,
E então evade, difuso,
Por versos de sonho e saudade.
Maldizes a tudo, é o que lhe restou,
Só assim justifica essa tua inépcia de perdoar.
Maldizes a tudo, inclusive a ti mesmo,
Pra ver se alguém vem te resgatar.