terça-feira, 19 de agosto de 2025

Resgate

O resgate não veio
E tu, ao relento desfez-se,
Sem contentamento vê-se
E choras ao vento que passa
Por horas e horas a fio.

Grossas camadas sobre a pele,
As frustrações te endurecem,
As tentações te apetecem, 
E as obsessões todas somadas 
Velam por tua desesperança.

Não resta-lhe muito,
Tens teus meios e limites,
Tens receios e palpites,
E os devaneios pobres
Que nutres em hipóteses vãs.

Quisera erguer-se belo
Em um pedestal edificado,
Ser tu cristal bem lapidado,
E transitar livre entre os planos
Que ainda não projetara. 

O silêncio coroa a distância
Entre tua pessoa e a realidade
E a vida ressoa em maldade
Quando tudo que ouves
Diz nada de ti.

Mas o resgate nunca veio
E tu percebe-se só no boulevard,
Entre seu dó e a força pra mudar,
Em um paletó que não lhe cabe,
Afinal, tua dor expande-se além de ti.

E, já bem tarde, vês que o tempo passa
E tudo tem passado em tua frente,
Tudo tem passado e tem presente,
Mas és tu quem mostrará ao mundo
A novidade que ainda serás.

O futuro reserva a glória e o esquecimento,
Venenos letais que dispõe-se em doses idênticas,
Aguardando apenas teu movimento
De excesso ou ausência,
No mais arriscado dos jogos:

A vida





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