É muita coisa nas minhas mãos o tempo todo, aos poucos eu vou perdendo a consciência do que controlo e do que me controla. Vou atravessando as tempestades que chegam e deixo tanto de mim em tudo isso. Será que o heroísmo faz sentido se o prazer não é absoluto? Eu perdi o rumo dos meus passos a medida que os ia traçando e fui me aproximando de um vazio que hoje é tão denso, tão complexo, tão medonho. Talvez tudo isso seja apenas o que eu sou, mas ainda assim é tudo o que eu não queria ser.
A gente sofre as consequências do atos de terceiros, parece que a vida se resume a isso. A gente paga pelas mazelas que os outros criam. Eu nunca quis ser uma dessas pessoas, percebo agora que o mal que eu propago reflete-se nos outros. Eu não posso ser responsável por nenhuma infelicidade que não seja a minha, não nesse momento da minha vida. Talvez por isso eu me feche na timidez das noites turbulentas, quando os demais se aproximam de mim, apenas posso dar passos pra trás.
Diante dos caminhos, eu escolhi o mais sinuoso, porque ali estava o desafio. Causei angústias a cada um desses passos e sei que muitas outras devem passar. Eu calo minha boca, porque só o que meus olhos sentem já me corta por completo. Ao passo que o inverno quando chegar buscará mais frio em mim, que já não tenho mais calor nas veias. Mas deve haver um ensinamento em tudo isso.
Não posso ser aquele que propaga o que não quer ganhar de volta. Das magias mais antigas da humanidade, uma delas ainda vive em nosso tempo: a lei do retorno. Se venho causando problemas, de certo teremos problemas. Eu não quero mais.
E agora quando a minha mente vacilar, eu notarei com serenidade que não posso atravessar todas as tempestades e que as vezes o abrigo de outros braços é apenas passageiro, se eu não posso ser herói de mim mesmo, não há naturalidade em ser herói para outrem. Eu que sou o mago da resolução das problemáticas cotidianas, confesso aqui que não ser fazer magia, apenas traço as linhas no papel branco que é a ritualística mais banal do mundo, difundo minha vontade pra que minha vontade se afunde em mim.
Munido apenas de minha consciência frágil, decreto aqui que sou senhor de minhas mazelas e delas padeço sozinho, não trarei mais complicações a quem se senta em minha mesa.
Que as próximas horas sejam mais leves.
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quinta-feira, 9 de junho de 2016
domingo, 13 de março de 2016
A Sala de Jantar
Na mesa posta, os pratos e talheres e pessoas
E a comida repousada a mesa que aguarda o agradecimento final para traçar seu destino
Cadeiras largas de qualquer coisa que não faz diferença
Porque poucas coisas realmente fazem diferença
O primeiro escolhe o centro da mesa, o segundo se sentaria a sua esquerda e assim por diante até o último.
O último não se senta, rouba os talheres e foge
E todos fogem
Porque poucas coisas realmente fazem diferença
E a comida repousada a mesa que aguarda o agradecimento final para traçar seu destino
Cadeiras largas de qualquer coisa que não faz diferença
Porque poucas coisas realmente fazem diferença
O primeiro escolhe o centro da mesa, o segundo se sentaria a sua esquerda e assim por diante até o último.
O último não se senta, rouba os talheres e foge
E todos fogem
Porque poucas coisas realmente fazem diferença
quarta-feira, 7 de outubro de 2015
O Mundo é Muito Maior Que Eu
Porque o mundo ainda é muito maior que eu.
Eu olho bem além da janela do meu quarto nessas tardes de todos os domingos que são todos os dias que parecem ser domingo. Os anos tem passado enquanto essa casa permanece aqui no mesmo lugar. Os anos passam pra mim, não passam pra casa, nem pra praça em frente, nem pra quadra onde as mesmas crianças jogam o mesmo futebol por tantos anos. O tempo passa pra mim, enquanto isso, eu não passo de uma contagem regressiva que cedo ou tarde irá zerar. O mundo continua muito maior do que eu.
Mas existe mais em mim do que todas as coisas do mundo. Existe em mim a mudança. Existe em mim o que há por trás da casa, da praça, da quadra, das crianças, dos domingos. O que eu tenho em minhas mãos é muito maior do que eu.
Então por que eu me preocupo? Por que eu me rejeito? Por que mesmo que eu não consigo mais dormir bem? Porque o mundo continuar maior. Só eu me preocupo com isso
Por isso o mundo ainda é muito maior do que eu.
Eu olho bem além da janela do meu quarto nessas tardes de todos os domingos que são todos os dias que parecem ser domingo. Os anos tem passado enquanto essa casa permanece aqui no mesmo lugar. Os anos passam pra mim, não passam pra casa, nem pra praça em frente, nem pra quadra onde as mesmas crianças jogam o mesmo futebol por tantos anos. O tempo passa pra mim, enquanto isso, eu não passo de uma contagem regressiva que cedo ou tarde irá zerar. O mundo continua muito maior do que eu.
Mas existe mais em mim do que todas as coisas do mundo. Existe em mim a mudança. Existe em mim o que há por trás da casa, da praça, da quadra, das crianças, dos domingos. O que eu tenho em minhas mãos é muito maior do que eu.
Então por que eu me preocupo? Por que eu me rejeito? Por que mesmo que eu não consigo mais dormir bem? Porque o mundo continuar maior. Só eu me preocupo com isso
Por isso o mundo ainda é muito maior do que eu.
terça-feira, 22 de setembro de 2015
Charme
Desenlace: Outro qualquer
Tal qual sou pra ti. Parte dessa situação interessante em que me encontro.
Veja bem, é só jogo, não? Eu te falo um tanto e escuto um tanto mais, enquanto a gente imagina as coisas que pode fazer com o outro. É como a sorte, eu dependo de você pra objetivos que você detesta objetificar.
E vamos assim, sendo bons em tantas coisas, muito melhores nas que somos péssimos. Vou rir da sua cantada, você vai rir da minha, no final das contas estamos aqui, na mesma plataforma, compartilhando coisas impessoais, frases impessoais, momentos impessoais. Pessoalmente eu acho bom, prefiro que você mantenha seu controle.
Os astros disseram que: eles não dizem nada essa noite. O sol e a lua transcreveram um caminho para a minha casa, talvez assim eu seja mais que leviano. O zodíaco vai continuar me favorecendo, porque eu domino o que sou e isso é encanto, minha cara. Sedução é pros tolos, eu gosto é de feitiçaria. Pouse os olhos em mim e nunca mais irá movê-los.
Avisei
Dito isso, continuo aqui. Será que tenho sua atenção? Veja a qualidade nas entrelinhas dessa prosa, enquanto isso tudo é sussurrado calmamento na tua alma e quando você cair em si, já estará caindo aqui, de joelhos para mim. Ou não, é melhor que mantenha o controle, não vá me dar trabalho.
Rola os dados outra vez, joga a sorte, tente me ter, só porque o divertido é o domínio.
Permaneço.
Lanço o verso certo na hora exata, esse é o charme que você procura em todos eles, mas aos poucos notará que só existe em mim. Enquanto isso armo a ilusão final para o show:
A entrega.
Tal qual sou pra ti. Parte dessa situação interessante em que me encontro.
Veja bem, é só jogo, não? Eu te falo um tanto e escuto um tanto mais, enquanto a gente imagina as coisas que pode fazer com o outro. É como a sorte, eu dependo de você pra objetivos que você detesta objetificar.
E vamos assim, sendo bons em tantas coisas, muito melhores nas que somos péssimos. Vou rir da sua cantada, você vai rir da minha, no final das contas estamos aqui, na mesma plataforma, compartilhando coisas impessoais, frases impessoais, momentos impessoais. Pessoalmente eu acho bom, prefiro que você mantenha seu controle.
Os astros disseram que: eles não dizem nada essa noite. O sol e a lua transcreveram um caminho para a minha casa, talvez assim eu seja mais que leviano. O zodíaco vai continuar me favorecendo, porque eu domino o que sou e isso é encanto, minha cara. Sedução é pros tolos, eu gosto é de feitiçaria. Pouse os olhos em mim e nunca mais irá movê-los.
Avisei
Dito isso, continuo aqui. Será que tenho sua atenção? Veja a qualidade nas entrelinhas dessa prosa, enquanto isso tudo é sussurrado calmamento na tua alma e quando você cair em si, já estará caindo aqui, de joelhos para mim. Ou não, é melhor que mantenha o controle, não vá me dar trabalho.
Rola os dados outra vez, joga a sorte, tente me ter, só porque o divertido é o domínio.
Permaneço.
Lanço o verso certo na hora exata, esse é o charme que você procura em todos eles, mas aos poucos notará que só existe em mim. Enquanto isso armo a ilusão final para o show:
A entrega.
quarta-feira, 29 de julho de 2015
Valores e Capacidades
_sou, dadas as devidas proporções, um cara muito inútil
só crio dívidas e me arrependo
Risos
_tambem me sinto inutil
_é muito vago existir, isso me incomoda
no final das contas é isso que me torna irremediavelmente idiota
saber que se tudo estiver ruim não tenho tanto medo de morrer
nada justifica minha permanência
_desculpa ser uma resposta tao simples
_amar é ruim, trabalhar é pior ainda. Nunca conquistei nada tão louvável. Escrevo coisas bonitinhas que não servem de porra nenhuma. Sou muito preso às ideologias que mais de uma vez já se provaram estúpidas. Ainda acredito que um dia a sorte vai me escolher e me sinto estúpido, porque se isso não vier a única certeza é que eu vou ser sempre um peso
então que que eu to fazendo aqui?
ser feliz é uma questão química, não psicológica. Já sei que a minha não tá funcionando bem, então é isso mesmo: Ou me drogo ou me dopo?
por que que eu to falando isso?
_é
foi tao idiota quanto eu vivendo isso
_amanhã nada disso vai significar alguma coisa
só crio dívidas e me arrependo
Risos
_tambem me sinto inutil
_é muito vago existir, isso me incomoda
no final das contas é isso que me torna irremediavelmente idiota
saber que se tudo estiver ruim não tenho tanto medo de morrer
nada justifica minha permanência
_desculpa ser uma resposta tao simples
_amar é ruim, trabalhar é pior ainda. Nunca conquistei nada tão louvável. Escrevo coisas bonitinhas que não servem de porra nenhuma. Sou muito preso às ideologias que mais de uma vez já se provaram estúpidas. Ainda acredito que um dia a sorte vai me escolher e me sinto estúpido, porque se isso não vier a única certeza é que eu vou ser sempre um peso
então que que eu to fazendo aqui?
ser feliz é uma questão química, não psicológica. Já sei que a minha não tá funcionando bem, então é isso mesmo: Ou me drogo ou me dopo?
por que que eu to falando isso?
_é
foi tao idiota quanto eu vivendo isso
_amanhã nada disso vai significar alguma coisa
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
O Dia Dos Olhos
Enquanto todos os olhos passavam por aquele botequim, ele ia contra a maré, fazendo questão de observar cada um dos observadores. Ainda havia um pouco de uísque em seu copo e meio cigarro queimando no cinzeiro. A fumaça que subia dava um ar sombrio ao seu rosto, aquele ar misterioso que ele sempre buscou.
Nada roubava-lhe a atenção, nada tirava-lhe os olhos de outros olhos. Nenhum olhar era incomum. Nem mesmo as cores tinham brilho através daquela nuvem que saia devagar da sua boca. Nada. Nada. Nada... Até aquele olhar passar. Ele acordou, de um longo sono que era a sua introspecção. Precisava encontrar aqueles olhos. Uma rápida passada de olhos no ambiente. Ali estava, aquele par de olhos penetrantes, que o liam como se ele fosse um grande livro aberto, que o devoravam, sim, essa era a palavra, devoravam, como se esfinges. Era preciso desvendá-los, era preciso conhecê-los, descobrir o que guardavam por trás de tanto brilho, tanta cor.
Um leve toque em seu ombro e a fumaça se desfez, como um passe de mágica, era o garçom que lhe perguntava "mais uma dose?", "Por que não?" ele respondeu. O cigarro se apagara e agora não passava de uma pilha de cinzas, mortas. Seu sonho se desfez como uma dose de uísque chegando ao fim - deixando aquele gosto na boca, aquela vontade de mais - e os olhos sumiram como um cigarro no vento, em meio a toda a fumaça, se destruindo devagar.
Nada roubava-lhe a atenção, nada tirava-lhe os olhos de outros olhos. Nenhum olhar era incomum. Nem mesmo as cores tinham brilho através daquela nuvem que saia devagar da sua boca. Nada. Nada. Nada... Até aquele olhar passar. Ele acordou, de um longo sono que era a sua introspecção. Precisava encontrar aqueles olhos. Uma rápida passada de olhos no ambiente. Ali estava, aquele par de olhos penetrantes, que o liam como se ele fosse um grande livro aberto, que o devoravam, sim, essa era a palavra, devoravam, como se esfinges. Era preciso desvendá-los, era preciso conhecê-los, descobrir o que guardavam por trás de tanto brilho, tanta cor.
Um leve toque em seu ombro e a fumaça se desfez, como um passe de mágica, era o garçom que lhe perguntava "mais uma dose?", "Por que não?" ele respondeu. O cigarro se apagara e agora não passava de uma pilha de cinzas, mortas. Seu sonho se desfez como uma dose de uísque chegando ao fim - deixando aquele gosto na boca, aquela vontade de mais - e os olhos sumiram como um cigarro no vento, em meio a toda a fumaça, se destruindo devagar.
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Conversas de Bar
Mudanças Repentinas
Estávamos sentados, naquela mesa de sempre.
Fato no mínimo estranho pra mim - voltar a conviver com um grande amigo do passado que se revelou um grande amigo de hoje - e a conversa fluía como nos tempos passados. Costumávamos conversar sobre tantas coisas... Política, música, livros, teatro, sociedade... vida, principalmente a vida.
Devo admitir que nunca fui muito interessado nos rituais habituais de cada pessoa a minha volta, mas sempre me agradou a perspectiva de saber um pouco da vida de cada um. E ali estava ele, falando sobre tantas questões musicais que permeiam nossas vidas, quando um comentário escapou de minha boca:
_ Ando tão desiludido com música...
Desilusão é uma palavra usada frequentemente nas nossas conversas.
_ Cara... desilusão com música não existe, é tudo temporário, não se detenha por isso. Eu, porém, ando tão desiludido com as pessoas. Costumava ter tantos amigos e parece que só assisti o processo de afastamento de cada um, tudo mudou tão repentinamente...
_ Olha só, o mesmo aconteceu comigo, talvez em escalas maiores e de uma forma mais dolorosa. As vezes penso que ainda nem acabou. Acho que ainda não existe um remédio pra mudanças súbitas, mas se existisse as pessoas se matariam motivadas pelo tédio de tamanha monotonia.
_ Mas eu passei todo o meu ano passado com essas pessoas e elas se afastaram apenas por considerar que eu estava mais próximo de colegas da faculdade
_ O que posso lhe dizer é que devemos nos acostumar com essa grande estação de trem que é nossa vida. Tantos vão e tantos vem e um dia você irá também.
Brinde.
Estávamos sentados, naquela mesa de sempre.
Fato no mínimo estranho pra mim - voltar a conviver com um grande amigo do passado que se revelou um grande amigo de hoje - e a conversa fluía como nos tempos passados. Costumávamos conversar sobre tantas coisas... Política, música, livros, teatro, sociedade... vida, principalmente a vida.
Devo admitir que nunca fui muito interessado nos rituais habituais de cada pessoa a minha volta, mas sempre me agradou a perspectiva de saber um pouco da vida de cada um. E ali estava ele, falando sobre tantas questões musicais que permeiam nossas vidas, quando um comentário escapou de minha boca:
_ Ando tão desiludido com música...
Desilusão é uma palavra usada frequentemente nas nossas conversas.
_ Cara... desilusão com música não existe, é tudo temporário, não se detenha por isso. Eu, porém, ando tão desiludido com as pessoas. Costumava ter tantos amigos e parece que só assisti o processo de afastamento de cada um, tudo mudou tão repentinamente...
_ Olha só, o mesmo aconteceu comigo, talvez em escalas maiores e de uma forma mais dolorosa. As vezes penso que ainda nem acabou. Acho que ainda não existe um remédio pra mudanças súbitas, mas se existisse as pessoas se matariam motivadas pelo tédio de tamanha monotonia.
_ Mas eu passei todo o meu ano passado com essas pessoas e elas se afastaram apenas por considerar que eu estava mais próximo de colegas da faculdade
_ O que posso lhe dizer é que devemos nos acostumar com essa grande estação de trem que é nossa vida. Tantos vão e tantos vem e um dia você irá também.
Brinde.
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