segunda-feira, 1 de julho de 2024

Who am I from the back?

Once again you saw me leavin’ And again you start believin’ That someday I might be back But I left you now forever And I guess it’s now or never So I’ve really got to ask Who am I from the back?

Is the lack of hair that matters

Or the fact I’m wearing black

Please, you got to tell me

Who am I from the back?

As we’re leaving Philadelphia

For that old Chicago shack

Who am I from the back?


I know I’m not the same

As I walk out through that door

But I don’t know what became

Of the man I was before

It feels like I lost track

Or inside I have a crack

'Cause I may never know

Who am I from the back


You may not understand me

Or the places I’ve been at

But only you can tell me

Who am I from the back

I know it means so little

As you hope for love instead

But the only thing I offer

Is that glance into my back


One day I bought a mirror
What I saw made me mad

I looked into my face

And that face smiled back

I don’t know what became

Of that smile I used to wear

But actually doesn’t matter

Cause it’s never coming back

So you may even ask me

What’s the point of feeling sad?


I don’t know what I run from

I don’t know when to stop

But when I saw you crying

Well, it really hurts a lot

I know I’m not the same

So I’ve really got to ask

Who am I from the back?


quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Confraria

                                                                                                Prelúdio

    

Esvazio-me, como de costume, 

No clímax de outra madrugada desperdiçada entre excessos e promessas.

Solenes companheiros de esquina, trajetos repetidos,

E a conhecida sensação de sermos apenas nós, amigos do acaso, 

Contra toda sorte de transtorno que a vida tem a oferecer...

Ao fim, resta remorso,

Não por qualquer traço de moral que os inomináveis detentores da sociedade

Garantem, vergonhosamente, ser um único caminho para o céu,

Mas por saber que nosso cinismo já nos deixa mais próximos do inferno.


Viver é fácil, 

Basta deixar que o vento sopre e as tempestades caiam, 

No meio tempo tudo é só uma trovoada,

Um relance breve de uma eternidade vaga,

Um sopro fresco ou um choque forte,

Qualquer caminho serve quando nada leva a lugar nenhum.


Retas traçadas, viagens repartidas, sonhos que temos adiado pela falta de coragem.

Busca aí outra resposta, qualquer coisa que não fale de energia

E da vontade incognoscível de seres míticos.

Esta confraria reúne-se para admirar os mais belos fracassos,

E a culpa é de cada um de nós.


A César o que é de César, 

A Ulisses o que é de Ulisses,

Ou Douglas, Daniel, William, Leopoldo, 

Aqueles que podemos citar os nomes,

Todos nós merecemos as moedas de prata que o traidor recebe,

Por buscarmos, incoerentemente, uma saída para baixo

Enquanto contemplamos a Lua,

Os astros,

O vazio que nada mais pode preencher.


O que temos é lindo,

Patético, mas lindo,

Pouca coisa importa quando esvaziamos latas e frascos,

Recipientes sórdidos de angústia,

Prostrados em um presente com aspecto de passado,

Repetindo a punição, porque é tudo o que conhecemos.


Mas a madrugada acaba ao som da última moeda,

E logo voltamos à realidade das coisas,

Tudo aquilo que escolhemos ignorar e logo deixa de existir,

Afogado pela escuridão da noite e o silêncio das casas vizinhas.

Prelúdio de memórias fictícias,

Afinal, o que é real esconde-se muito além desta esquina,

De qualquer praça ou padaria,

E já não me interessa nada que eu possa viver de forma prática,

Hoje só quero sonhar.

sábado, 13 de maio de 2023

Meu Coração

Descansa em paz, meu coração...
Vê se não vai perder-se em outro recomeço,
Culpar os outros pelo teu próprio tropeço
E acabar-se nesta angustia sem razão.

Tu fostes forte e se propôs ao infinito,
Mas não há amor além da tênue divisória
Onde o afeto torna-se mais um atrito,
Resta carinho e a inércia da memória.

Desprende-se da mágoa, névoa torpe,
Esquiva-se da trégua e, enfim, suporte,
Este caminho há de ser pago com suor.

Esconde-se do vício, vasto abismo,
Entrega-se ao início sem cinismo,
Que o tempo há de provar se foi melhor.

quarta-feira, 4 de maio de 2022

Pira Funerária

Tu lembra-se, meu amigo, de quando embarcamos nesta viagem? Crianças auspiciosas, de ímpetos largos e ideias estreitas, tu e eu éramos sonhos prestes a se eternizar. Acendia outro cigarro, elemento curiosamente unificador pra duas almas que pouco a pouco distanciavam-se, dos outros, certamente deles, mas também de nós mesmos, até restar ao outro apenas mão amiga, já seca de essência.

Por vezes subimos ladeira íngreme, sem deitar ao chão nada além de suor e sorriso, tu sempre foras de disfarçar bem tuas angústias, enquanto eu trovejava firme, com certo prazer em ser ouvido ou ao menos escutado. E aí vinha a decida, que era pra adiar o sonho. Quantas vezes sentamo-nos, já esvaziados de quaisquer sentidos, às portas e portões surrados, meio-fios atravessados, becos sujos, de esquinas duvidosas, um paraíso pra nós dois.

Pretendo dizer-lhe que havia algo ali, uma lealdade tácita dos pactos sanguíneos de outrora, decisões silenciosas que se transmitiam, de alguma maneira. Tu não cria em nada, mas tentava dizer-me que tu e eu éramos ligados, eu, bruxo autodidata, sempre soube que este teu nome de rei é que me fez de conselheiro.

Cedi ao encanto, prestei-me a ler teus mapas e as cartas de tua sorte, por anos escondi que este desfecho já nos vinha, pois de cá de minha torre, só restava sombra tua. Teu castelo se fez longo, e logo a caminhada era uma viagem que tu já não permitia-se fazer, flácido de vontade e esgotado de paciência, sentado ao trono deste império, que fui eu quem construí.

Mas tu desfez o cerco, quis buscar uma outra vida abaixo de tabuletas e panos de mesa porcamente quadriculados. E quando a chuva caía mais forte, tu lembrava-se daquelas tempestades, num sentimento misto de terror e de saudade ao ver que o tempo havia passado, mas teu passado ainda não. De mago ausente, tu cravou tuas armas nas paredes e prometeu a rendição, havia cansado-se do sonho, pois eram tantas as batalhas...

Agora tu vens, cobrar de volta o anúncio que omiti, como se pudesse encontrar algo que perdeu-se há tanto tempo, algo que não poderia ser substituído, mas que era continuamente esquecido por ti. Teus olhos graves, de ódio e ternura, vão buscar em qualquer sombra a luz de minha fogueira, mas eu já me queimei há muito tempo, majestade.

E tu vais cantar, tu vais contar a mesma história, por vezes repetida, tu vais citar verdades da mentira que criamos. Já não posso elaborar esta aventura pra nós dois, e como a mim - e sempre a mim - cabe o ofício da escrita, vou guardar-lhe como conto antigo, tal qual aquele que serviu de inspiração à nossa história e descansou na bruma dos sonhos da eternidade.

Somente a mim cabe este triste ofício, de ser quem tem tudo a sentir, dos feitiços às lembranças, das cartas, das marcas, da pele e do silêncio. Tuas memórias merecem respeito, sem o tom grotesco e mórbido de uma pira funerária, mas da classe de uma nota no jornal da tarde, que vai me fazer sentir mais uma vez todas estas coisas que escolhi evitar, num cumprimento solene de chapéu coco, posso até dar mais um trago pelos santos que intercedem, me levando pra outro mundo, em que tu já não estás.

A tu ainda cabe a tabuleta, as incertezas deste dia e de outros tantos que virão, sem previsões, nem maldições, sem ninguém pra te avisar. A nós cabe esta nota de viagem repartida, eu entrei pelo retorno, 

Tu buscaste outra saída.

sábado, 12 de março de 2022

Viagens Repartidas

Fria lâmina que busca minha pele, 

Sem conceder nem mesmo a torpe despedida,

Quebra o silêncio com meus versos tão fatais,

Doces promessas de alívio e solitude.


Houve um tempo de ternuras e paixões,

Vastas noites em que me desfiz em partes,

Memórias cintilantes deste triste devaneio

- A vida apenas - em sua face mais brutal.


Restas tu, como registro de minha sorte,

O fio de navalha firme, operador deste milagre,

Repartindo minha partida entre os que ficam

Enraivecidos pelo encontro com o destino.


A viagem acabou, minha companheira,

Tu permaneces deste lado, de cruel realidade,

Enquanto rendo-me ao sonho de outra vida.

Já não podes seguir-me ao derradeiro abismo.