terça-feira, 9 de maio de 2017

Ensaio Sobre o Sofrimento


Me entregar ao sonho cada vez mais abstrato que é essa realidade. Aguço minhas doenças com a mudança das marés, fazendo cada dia ensolarado carregar mais tempestades do que posso combater, assim como diante do derradeiro tornado de minha vida, apresento a leveza de minhas certezas. Como posso expressar o inexpressável? Parece que as noites tem sido cada vez mais longas. Os confidentes se cansaram, nem meu diário me escuta.


Não deve haver razão para tanto sofrimento, não. Arisco como minhas pálpebras, são meus dedos pela noite, escorregando incansavelmente por este teclado salvador. Já não saberia viver sem o poder do descarrego poético que prático diariamente. Sinto que tanto dilema tem me enlouquecido, e pelo mero desespero dessa somatória, me entrego de braços abertos à insanidade final: Nunca distinguir o que devo ou não fazer.


É difícil para mim, como deve ser difícil para qualquer um de vocês, mas a empatia não me alivia de nada atualmente. Eu gritaria se tivesse forças, mas as paredes tem mais ouvidos que as pessoas, e elas tendem a se fechar quando o desespero bate. Fico aqui aprisionado neste ser não sendo, neste papel inútil que é pretender ser alguém. O mundo não tolera tentativas, eu não tenho resultados.


Quisera eu formar o grupo que ouviria minha voz incondicionalmente. Queria tanto viver da arte que transborda minha essência e essencialmente ser parte do algo mais que julgo ideologia. Eu que faço tanto já não sei mais o que faço, me arrasto pela podridão e largo tanto de mim mesmo. É como abrir as mãos e ver os sonhos escaparem, enquanto tudo ao meu redor resplandece completude.


Será que toda a insistência leva a um final feliz? Ou ao menos a um final, pois o cansaço é dominante. Onde em mim eu devo encontrar minhas respostas? Se eu me voltar à minha alma, o divino acena enfim? Eu me repito quando digo que queria ter certezas, mas nesses dias frios eu só queria ter vontade, porque nem me levantar parece justo.


Mas o errado é aquele que espera que o mundo abra os braços e recompense esforços, afinal o que eu construí só vale mesmo é para mim. Seria falso o testemunho de minha fala nesse instante, pois o ego grita coisas que não posso acreditar. Eu não sou alguém que merece mais, eu só desejo ser.


Em vão escrevo ensaios que nunca serão lidos, mas assim limpo a bagunça que tenho deixado para trás, só eu posso sentir os estragos que causei, só meu corpo padece diante dos meus desacertos, só minhas mãos fraquejam quando as lágrimas se secam, só aqui eu sou grande, lá fora eu permaneço dependente e em construção, mas cada vez mais em estado de calamidade.


Você, estranho amigo, que me lê sem um propósito, você é a única pessoa que me traz algum alento. Por favor, continue consumindo a obra, pois carregar o peso das minhas dores precisa ter alguma serventia.

2 comentários:

  1. Sinto o mesmo que você meu amigo , me apego a incertezas que me corroem viram insônias e me aprisionando no meu quarto.Faço terapia a 1 ano e só agora aparece alguma luz no fim do Túnel.Enfim você nao está sozinho, qualquer coisa tamo aí! Abração e que passe logo essa tormenta!

    ResponderExcluir
  2. Sinto o mesmo que você meu amigo , me apego a incertezas que me corroem viram insônias e me aprisionando no meu quarto.Faço terapia a 1 ano e só agora aparece alguma luz no fim do Túnel.Enfim você nao está sozinho, qualquer coisa tamo aí! Abração e que passe logo essa tormenta!

    ResponderExcluir